01out11 - Comunidade (por Munir Soares)

30/09/2011 15:02

 

SÍNDROME DO LOTE 25
A jovem Aninha do Bentão, futura Anita Garibaldi cavalgava lépida e faceira, pelas trilhas que a levavam da Passagem da Barra até os campos da Carniça. Séculos depois, pelo mesmo caminho, construí-se uma estrada, a mesma que, atualmente, com a denominação de SC 100, prepara-se para receber uma cobertura asfáltica. Mesmo com a estrada de chão batido, sempre em péssimo estado de conservação, a colocação do asfalto sempre gera polêmica e enérgica reação dos grupos ambientalistas. Uns acreditam que sem uma boa estrada é indispensável para o pleno desenvolvimento turístico daquela belíssima região. Muitos, no entanto, temem que a expansão imobiliária, sem controle, prejudique o encanto do lugar e prejudique a vida dos antigos moradores da localidade de Farol de Santa Marta. A ONG Apa da Baleia Franca fez uma série de exigências. Seus dirigentes quase entraram em confronto físico com moradores da região da ilha. Foi arpoada pra todo lado. A turma do asfalto ganhou a parada; No final de 2010 foi assinada a ordem de serviço. Raimundo Colombo, ao assumir, em 2011, pediu tempo. Todas as obras estavam suspensas, por 120 dias. Tempo suficiente para o Colombo “botar o ovo em pé”. Santa Marta, em apoio aos ambientalistas, providenciou mais dois meses de chuva, retardando o inicio das obras.
Finalmente, embora de forma tímida, começaram os trabalhos. Na última semana de setembro, o agourento pio da coruja buraqueira, dá o alerta. Estava faltando a Licença arqueológica, afinal de contas aquela é uma região rica em sambaquis, protegidos por Lei Federal.
___ Pára a obra! Estações líticas. Esqueletos à vista.
Imediatamente a obra foi suspensa. Lideranças da “Ilha” sitiaram o escritório do IPHAN, onde se constatou que dali, não havia partido nenhuma ordem de paralisação da obra.
A empreiteira teria sido intimada, judicialmente, para suspender a obra?
___ Não?  
___ Então, por que parou?
___ Seria o primeiro sintoma da Síndrome do Lote 25?
A empresa responsável pelas obras do Lote 25, da BR 101, que tanto transtorno tem causado aos que transitam por aquele trecho da rodovia, ganha reforço da catarinense SETEP, mesma empresa encarregada da nossa SC 100 – Barra/Camacho. Esperamos que a SETP não caia no ritmo da Blokos/Araguaia, isto é, ritmo de bolero, dois pra lá/ dois pra cá.
 
Parte – 2
A PEDRA
A notícia que correu pela cidade foi que o motivo da paralisação da SC 100, tinha sido a descoberta de uma pedra com inscrições rupestres. Pensei com os meus botões: 
___ De novo?
Nossos historiadores falam de uma pedra com estranhas inscrições encontrada na ponta do morro da Paixão, próximo ao atual Colégio Stela Maris. O cientista Carlos Von Den Steinen que chefiava uma missão alemã, a caminho do Xingu, soube da descoberta e ficou interessado. 
Ao saber que o cientista pretendia levá-la para a Alemanha, atendendo aos protestos de lagunenses, o presidente da Câmara, entrou na jogada. 
___ A Pedra é nossa!
Constatou-se, então, que a pedra estava em terreno da Marinha, e que a dita cuja havia doado ao alemão, pelo Capitão do Porto. Nem é preciso dizer que não se falava noutra coisa na cidade. O agente dos Correios entrou em contato com o Presidente da Província. A ele caberia dizer com quem ficaria a Pedra, no Museu Nacional, ou com o cientista. Após muita troca de telegramas e intermináveis discussões, o Presidente decidiu: a Pedra fica com a missão alemã.
E, lá foi a misteriosa Pedra. Anos depois, chegou a resposta. A tal pedra não era uma Itacoatiara, isto é, pedra coberta com inscrições rupestres, mas sim, uma pedra com amoladores em forma de pratos e de frisos, onde os indígenas outrora amolavam e poliam seus artefatos de pedra.
A obra da Ponta da Barra/Farol/Camacho, vai continuar, pelo menos, até que se encontre uma dessas pedras pelo caminho.
 
SEM CALÇA
Na impossibilidade de tirar a máscara dos corruptos, querem tirar a calcinha da Gisele Bündchen, o governo (Secretaria de Políticas para mulher) não quer que a moça apareça no comercial, de calcinha. Dizem que o Edésio é favorável à proibição. Acha que a moça deve ficar só, na “moita”.
 
CURIOSO
Todos querem bandido na cadeia, no entanto, ninguém deseja a construção de presídio, em seu município. Não há nada que aGRADE a todo mundo.
 
NOTICIÁRIO DA TERRINHA
 
ANOTEM:
Em entrevista para o radialista Batista Cruz, prefeito Célio Antônio relacionou as obras para os próximos meses:
1 – Restaurante-Escola – licitação para compra de utensílios e equipamentos.
2 - Viagem a Ravena/Itália – Assinatura de convênio gastronômico; 
3 - Instalação de Câmeras de Segurança. Licitação em andamento. Além do Centro Histórico, alguns bairros, também, serão contemplados;
4 - Abrigos de ônibus (vários) – Licitação em andamento;
5 - Internet, durante algumas horas. Futuramente, nas residências, mediante compra de uma antena;
6 - Calçamento do trecho Centro Administrativo Tordesilhas/ Mercado Municipal será, totalmente, recuperado. Trânsito será modificado;
7 - Calistrato Müller Salles- trecho Rodoviária ate o Posto da Polícia Militar receberá nova camada de asfalto (parceria com governo do estado).
ANOTARAM TUDO?
 
POLÍTICA
 
Candidatos em gestação
NO PT do prefeito Célio Antônio tudo indica que será parto normal. Exame de ultrassonografia já revela o sexo. O PT local vai dar à luz a uma menina, que na pia batismal, receberá o nome de Tanara. Se, por acaso, o “Ultra” embirrar, o nome será Nauro.
 
É PAU É PEDRA...
A coisa ferveu. A formação da Comissão Executiva do PP de Laguna, deu um racha no partido. Briga feia. Vou procurar mais detalhes.
PMDB de Pescaria Brava escolhe sua Comissão Executiva. Deyvinson de Souza é o presidente e candidato à prefeitura com apoio dos caciques do partido. Everaldo dos Santos, presidente da Câmara, ainda estava indeciso, mas bem otimista com sua colocação em pesquisa eleitoral. Encontro com Eduardo Moreira, neste final de semana, poderá mudar o rumo das coisas. 
___ Felipe Remor, continua sendo, uma carta na manga. 
O PSD foi registrado em cartório. Na terrinha, uma incógnita, com relação às candidaturas. Após o dia 7 de outubro, quem sabe.
 
ELE VOLTOU
Paulinho Rebelo está de volta. Ex-presidente da Câmara está disposto a reconquistar uma cadeira no legislativo lagunense.
 
LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO
Perderão mandato: Vereador que afixar residência fora do município.
(artigo 35 – item VIII)
 
HISTÓRIAS DA LAGUNA E SUA GENTE
 
PRISÃO DE VENTO
Nos bons tempos do “Café do Comércio” de propriedade do vascaíno Pedro Bascheroto, qualquer assunto ali ventilado, rendia papo para conferências e análises. Cada qual defendendo sua tese, com muita convicção. O dito Café, sucessor social e político do famoso Café Tupy, era uma tribuna livre. Um parlamento popular. Ali, no papel, muitas foram as decisões tomadas, literalmente. A clientela era eclética e bem representativa.
A grande vedete do local eram os pastéis de carne, pequenos, quase minúsculos mas, aromáticos, gostosos, preparados com asseio e carinho, pela esposa, Dona Rita. Diziam, até, que o segredo culinário do dito cujo, estava no ar comprimido que agasalhava a carne moída, numa câmara de ar. Na verdade, o pastel do seu Pedro tapava a boca dos paladares mais requintados. Mesmo quando o Vasco perdia e o mau humor invadia a alma do proprietário, o pastel preservava sua integridade, em tamanho e sabor.
 
PARTE DOIS
O DESAFIO
O ônibus da Empresa Santo Antônio, que fazia a linha circular em Laguna, estacionou defronte a casa comercial do Carlinhos Cabral. O motorista, freguês antigo do Café do Comércio, naquele dia, após sentar-se em seu lugar preferido, lançou o até, então, inusitado desafio:
___ Aposto meu ordenado que como, em poucos minutos, 100 desses mini-pastéis.
___ É bravata! Disse alguém.
Pedro, que conhecia muito bem os ingredientes e demais propriedades do produto, e zelava pelo bom nome da casa, topou a parada.
___ Se cumprires a promessa, a casa banca a despesa.
Uma nuvem de silêncio abateu-se sobre o seleto grupo de fregueses, normalmente irrequieto e barulhento. Todos tomaram partido do desafiante, desejosos de tirar uma casquinha do seu Pedro. Os assuntos importantes com Siderúrgica na Carniça, Porto Carvoeiro, nova estação ferroviária, jogo do Barriga Verde x Flamengo e até o comício do Silvio Moreira, tudo ficou em segundo plano, momentaneamente, arquivado.
Os pastéis, vorazmente deglutidos, sumiam rapidamente, na goela do motorista. O silêncio só era quebrado pelo som das mandíbulas, triturando, triturando... Haroldo Candemil, gerente do Banco Inco, encarregou-se da contabilidade 25,26, 27. Numa mesa ao centro, deputado Walmor de Oliveira e Cazuza deixaram de lado a agenda política do PTB; Mussi Dib Mussi (do cinema e da firma Tecidos João Mussi) com a tranquilidade que lhe era peculiar, acompanhava a comilança, fumando seu “chestefield”. Aldo Sousa e Milton Gomes brindavam com “faixa-azul”. Na conversa discreta entre Luiz Remor e Erlindo Amboni, nem se falou em Plínio Salgado. Nildo Ulysséa só observava...47, 48, 49... Pedro Nervoso. O quinquagésimo pastel provoca um engasgo seguido de um arroto. Um vulcão de vento encanado, tão quente que acendeu o cachimbo do Chico Muzura que assomara à porta do estabelecimento. O motorista desafiante não ultrapassara os cinqüenta pastéis. Seu ventre, grávido carne moída e ar para um enorme balão inflado... Lá estava o homem, agoniado, abafado, sem poder falar.
___ Ele está mal, chamem um médico.
Deixem comigo, disse Haroldo vou levá-lo ao Dr.Paulo (sempre sobrava pro Paulo Carneiro).
___ Haroldo, este homem parece que engoliu um pé de vento, é o meu primeiro caso no gênero, um paciente com “Prisão de Vento”.
Precisamos esvaziá-lo! 
___ Doutor, que tal... 
Haroldo sussurrou alguma coisa ao ouvido do médico.
Horas depois o motorista foi “convidado” para uma festa de aniversário e encheu 200 balões em poucos minutos, sem usar o “cano de descarga”. Aliviado, teve que fugir, às pressas, quando a dona da casa, muita educada, lhe ofereceu um prato de salgadinhos...
 
BATERAM ASAS
Depois da proibição de caça aos pássaros, canários aos bandos passaram a ocupar praças, quintais, até na praia do Mar-Grosso davam rasantes sobre os banhistas. Um casal de canários, defronte a minha janela fez seu ninho no interior de um poste da celeste. Iluminação grátis. E não era “gato”.
Há mais de seis meses que os canários sumiram. Estou sendo acordado por bem-te-vis. O que teria acontecido com os canarinhos amarelos e suas fêmeas pardas? O frio intenso e as chuvas os teriam afugentados? Alguma desavença com os pardais, donos do pedaço? Ou esse sumiço é normal?
 
SONO LEGISLATIVO
Sessão da Câmara. Já fui freguês de auditório. Algumas sessões são realmente soníferas. Justifica-se portando o “ronco” que o radialista Batista Cruz tirou durante o grande expediente. Dizem as más línguas (de concorrentes, naturalmente) que o radialista da Difa, até dormindo, sonha e fala que está entrevistando o prefeito Célio. Foi gravado.

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