14fev15 - Comunidade (por Munir Soares)

13/02/2015 16:35
OS TRÊS REINOS
O Rei Momo não foi, ainda, deposto, oficialmente, mas é um monarca sem reinado e sem coroa. Até a rainha original vai ser substituída por uma genérica, escolhida entre as candidatas a Boneca do baile da Pracinha. O famoso ato de entrega das chaves da cidade deverá acontecer defronte ao Bar Necrotério, local onde está sendo velado o desfile das Escolas de samba. A história do nosso carnaval é repleta de atos de abnegação e sacrifícios, desde os tempos em que os recursos, para colocar o bloco na rua, eram oriundos de rifas e arrecadação com o Livro de Ouro, passado de loja em loja.
Naquele ano havia muita empolgação no morro da “Mangueira”. Bentinho comandava a bateria com entusiasmo renovado, e havia uma razão especial: a fantasia de toureiro. Iriam dar um “olé” na avenida. O entusiasmo era grande e o dinheiro curto. Faltou grana para as meias, porém, a criatividade dos nossos carnavalescos dava um jeitinho em tudo. Na avenida tudo corria a mil maravilhas, até o momento em que São Pedro “atravessou” na passarela, e acabou com toda a harmonia do conjunto. A chuva forte desmanchou as meias, que haviam sido pintadas nas pernas dos toureiros. Naquela noite foi a mangueira quem entrou pelo cano.
Era voz corrente na pracinha do Magalha, aquele ano, os “Acadêmicos” do Micoco iriam disputar o título. Até o cacique do “Xavante” andou consultando o pajé da tribo, numa tentativa de descobrir os segredos do adversário. Na concentração dos blocos alguém notou, que a escola do Micoco estava com um problema na ala das baianas, havia somente oito figurantes, e o regulamento do carnaval exigia, no mínimo dez baianas. Iria perder pontos. Os jurados foram informados da irregularidade. Começa o desfile. Diante do palanque do júri, os “Acadêmicos” passam com dez baianas. O mistério foi desvendado, somente, após a passagem do bloco. Micoco havia utilizado dois homens vestidos de baiana. Não havia nada no regulamento contra a utilização de baianas “masculinas”...
O caso a seguir é um exemplo de amor e paixão no carnaval da Laguna. Durante muitos anos o Cordão Carnavalesco Xavante, fiel às suas origens, desfilava, sempre, de índio. A cada ano, o mestre Remi Firmino se superava. Num ano levava a cultura Maia para a avenida, no seguinte, toda a tradição dos indígenas do Xingu. E, por aí afora... À época, os blocos de rua não se descuidavam da bateria. Os ensaios eram diários. Disciplina rígida. Faltou, estava fora! “Corcoroca” era da nossa turma. Estava sempre conosco no bate papo nos bancos do jardim, ou nas rodinhas de cafezinhos, no Café Tupi. “Corcoroca” era xavantino roxo, mas, naquele ano estava impossível, na hora do ensaio ele largava tudo, e rumava para o galpão de ensaio do Xavante, no bairro Magalhães.
___ O “Corcoroca” teria sido promovido a primeiro tamborim da bateria?
___ Pela animação e assiduidade, este ano, ele deve ser algum destaque na tribo.
O silêncio do “Corcoroca” excitava nossa curiosidade. Domingo de carnaval. Lá estávamos nós, defronte ao palanque, num local privilegiado, com uma única finalidade, aplaudir o nosso amigo, destaque da escola.
___ Seria ele o sumo sacerdote?
___ Mestre de bateria?
O Xavante inicia sua apresentação. Aplaudidíssimo. Fantasias confeccionadas com esmero e bom gosto, marca registrada do “seo” Remi.
Quase metade do bloco já havia passado, e nada do “Corcoroca”.
___ Deve estar mesmo compondo a bateria do mestre Barbosa.
O hino do Xavante fica mais forte com a aproximação do carro de som.
Procurando não fugir à fidelidade do enredo, o carnavalesco colocou o aparelho de som dentro de um carrinho em forma de totem, e puxado por um bode. E, quem estava lá, de cocar de penas, tanga e lança na mão?
___ O “Corcoroca” todo compenetrado. Após dois meses de ensaio, ele surgia na avenida, garboso, no papel de “motorista” de carrinho de bode.
Mais importante que tudo, era estar na avenida, participando do desfile, cantando o hino do Xavante, e ser parte integrante desta espetacular manifestação da cultura da Laguna. Quem não é do ramo jamais vai entender esse espírito, esse prazer, essa alegria.
 
 
 
NO REINO DOS ABADÁS
Tudo às mil maravilhas. A baianização do carnaval de praia deu certo. Milhares de figurantes, novos blocos a cada ano. Abadás são adquiridos com meses de antecedência. O Bloco da Pracinha continua mantendo a essência dos blocos de sujo. Que continue assim!
 
 
 
NO REINO DA BABILÔNIA
A coisa parece meio confusa. Dragagem do Rio Carniça não aconteceu. Av. Marronzinho obras atrasadas. Calçamento da estrada Bananal Madre. Promessa não cumprida. Ponte flutuante não prosperou. Projetos do PAC (reforma do Clube Congresso e sede da Banda Carlos Gomes) estão a perigo. Órgãos da prefeitura estariam dificultando fornecimento de informações exigidas pelo órgão financiador. Dinheiro pode ser devolvido. O Rei da Babilônia precisa retomar as rédeas e dar um novo rumo à sua administração se quiser recuperar o prestígio e o respeito que tinha de seus munícipes. Caso contrário...
 
 
 
A MUSA DA PRAIA DO MAR-GROSSO
Os anos passam, os filhos crescem, a onda vem e vai, e ela continua lá, de pé, na praia do Mar-Grosso, fitando o horizonte para além da Ilha dos Lobos, deixando que um mar de recordações lhe invada a alma e aqueça seu coração. Com as crianças espalhadas na areia da praia, entre brinquedos e castelos de sonhos, ela tirava um tempinho para entrar na água, furando ondas para nadar bem além da arrebentação, só na marola. E, até hoje, ao completar 80 anos ela ainda “pega jacaré” na crista da onda. Ama e curte sua praia. Como ciclista é meio distraída, certa ocasião quase “atropelou” uma procissão católica. No Carnaval de Salão, o casal fez sucesso no bloco “Quebra gelo”. Estou falando de Amélia Baungarten Baião, a dona Amelinha, esposa do mestre Jairo Ulysséa Baião. Professora e orientadora pedagógica. Ex-secretária Municipal de Educação. Pessoa culta, inteligente, educada, elegante, amiga.
Para comemorar os 80 anos da dona Amelinha, os filhos lhe proporcionaram uma festa no Laguna Tourist Hotel. Evento maravilhoso, ocasião em que filhos e esposo manifestaram todo o amor, carinho e devoção e, principalmente gratidão pelo exemplo que a mãe lhes deixou como herança. Dona Amelinha, receba nosso abraço amigo.
 
 
 
GLOBAL
Na festa do Tourist, Edésio Joaquim, todo de preto, mesmo sem a barbicha, teria sido confundido com o comendador da novela Império.
 
 
 
NOVIDADE NO CARNAVAL DE PRAIA
O bloco “VA TAPÁ” deverá desfilar todos os dias. O pessoal da Confer, membros da confraria “Toupeira” teria aderido ao nosso carnaval com o tema enredo: “ESBURACOU? VÁ TAPÁ!”
 
 
 
FRENTE E FUNDOS
Quem vai empolgar mais, o Robertão da novela Império, no Bloko Rosa ou a Valeska Popozuda no camarote do bloco Babalaô?
___ Você prefere frente ou fundos?
Comunicado: A coluna já estava fechada quando recebemos a informação de última hora, que devido à agenda de gravações da novela "Império", o ator RÔMULO ARANTES NETO - ROBERTÃO não se fará presente na festa do Bloko Rosa 2015
 
 
 
MALAGUETA
Nosso agradecimento ao pessoal do jornal “Malagueta” pelos votos de confraternização pelos 40 anos da coluna “Comunidade”.
 
 
 
REVISTA SABER 
Saiu o número 06. Edição especial sobre a história do carnaval lagunense. Parabéns ao professor Rodrigo Bento.
 

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