18abr15 - Comunidade (por Munir Soares)

17/04/2015 09:17
TESOURO ARQUEOLÓGICO
Homens e máquinas vão rasgando as artérias da velha cidade, deixando suas entranhas a céu aberto. Arqueólogos acompanham, atentamente, os trabalhos de escavação.
Carlinhos Rollin e seu assistente Babá, vestidos de Indiana Jones, já armaram suas tendas na rua Raulino Horn, no local onde eles acreditam estar enterrado um tesouro de valor inestimável, as relíquias do Sultão de Makaku, conhecido na terrinha como Batista Abrahão (in memóriam). Eles acham, que é dever da sociedade e obrigação dos amigos, zelar e proteger sua memória. Eles reivindicam, também, que o centro gastronômico a ser construído na Raulino Horn, leve o nome do Batista, uma vida dedicada ao comércio da Laguna e muito bom de garfo.
Mostrou seu tino de comerciante logo na chegada a Laguna. Saltou do trem, procurou um chauffer de praça, e foi logo, pechinchando.
___ Quanto é a corrida até a casa do primo Miguel, no Magalhães?
___ 200 réis.
___ E, a bagagem?
___ Bagagem é de graça.
___ Então, o senhor leva as malas, que eu vou a pé...
Batista empregou-se na loja do Paulo Calil, um próspero comerciante de tecidos estabelecido na Rua da Praia. Mais tarde, em sociedade com o Mirandinha, inauguraram a loja “Popular”, a Casa de Linda Baiana. A baiana, um talismã, que teria sido ofertado ao Batista por um baiano, foguista do navio Guaraú, ficou sendo a eterna mascote do estabelecimento. Havia outros ícones dos quais falaremos mais tarde.
Por ocasião do fechamento da loja, numa mala de papelão, instrumento de trabalho de todo mascate que chegava ao Brasil, Batista foi depositando seus tesouros. Ritual teria sido registrado pelo fotógrafo Almiro Bacha. A Baiana, já quase um fóssil, e sem nenhum balangandã, ficou deitada no fundo da mala. O Gordo e o Magro, dupla de humoristas do cinema americano, esculpida em madeira de dar em doido, relíquia da sétima arte foi, também, acondicionada na maleta. Ao som do toque de clarim, o quepe de Comandante, que ele usava durante o carnaval, ganhou lugar de destaque ao lado do brevê da aeronáutica, homenagem simbólica pelos anos a fio em que ele comandou o aviãozinho das quermesses da festa do padroeiro Santo Antônio. Rollin e Babá, caçadores da arca perdida, acreditam, que o tesouro desaparecido esteja enterrado no leito da rua, defronte à farmácia do Valmir. Não vão arredar pé dali, até o resgate do legado histórico.
 
 
 
ROSETA
Frente Parlamentar evangélica comanda o boicote à novela “Babilônia”. Outros segmentos querem impedir que mulheres façam propaganda de lingerie. Com certeza Gisele vai abandonar à passarela antes que tenha que desfilar, de burca. Tudo em nome da moral, e em defesa dos bons costumes, dizem. Após ler a crônica “Roseta” escrita pelo professor e historiador Ruben Ulysséa, onde ele fala sobre o caso de semântica que ocorreu com a palavra “rosetar”, que, de cravar as esporas (roseta) passou a significar paquera, agarramentos, amassos e outras cositas mais, relatei um caso similar acontecido no interior da Paraíba, numa cidade pacata e muito religiosa. A população andava revoltada com a atitude de um dos seus munícipes que, num acinte aos bons costumes, mandara escrever no pára-choque do seu caminhão a seguinte frase:
___ EU QUERO É ROSETAR.
Certo dia, com ele ausente, viajando, as forças vivas, delegado, pároco, prefeito, presidente da Câmara, a pedido dos moradores, decidiram mandar prender o dono do caminhão, se ele aparecesse na cidade com a desavergonhada frase. Mensageiros, patrulheiros da moralidade, foram enviados ao encontro do condutor do veículo. Nosso herói (ou vilão) recebeu o ultimato. Dia do regresso do caminhoneiro. A Praça da Matriz estava repleta. Muita expectativa.
___ Ele teria retirado a frase?
___ Caso não o fizesse haveria prisão?
___ Vejam, o caminhão está chegando, gritaram os garotos do alto da torre da igreja.
Com o veículo rodando, vagarosamente, o motorista, sorrindo permitia que todos pudessem ler a nova frase:
___ CONTINUO QUERENDO...
 
 
 
DO TEMPO QUE LAGUNA TINHA LIVRARIA
Juca colocava nas prateleiras os livros recém chegados. Deca, seu irmão atendia no balcão, quando dona Ivone Baungarten chegou. Dona Ivone, mãe da professora Amélia Baungarten Baião, na ocasião, já prestava serviços filantrópicos ao Asilo de Mendicidade Santa Isabel, há mais de 30 anos. 
___ Deca, disse ela ao sair, não se esqueça de mandar algumas revistas velhas para os nossos velhinhos, mas, só coisa decente.
Foi aí, que fiquei sabendo da história. Certa ocasião, no meio de velhos exemplares de O Cruzeiro, Cigarra, Fon-Fon, Tico-tico, por engano, algumas revistas hoje chamadas de pornô, foram parar no Asilo. As atendentes, atentas, notaram a mudança de comportamento, principalmente dos internos masculinos. Todos ficavam nervosos e mais agitados à medida que se aproximava o anoitecer. Era necessário ficar de olho. Hora do silêncio. As portas dos quartos se abriam e uma procissão de idosos seguia na mesma direção. Um quarto nos fundos, transformado em “cinema”. Um dos residentes, mais safado do que safenado, encontrara as tais revistas que ele colocara num painel e ainda alugava uma lupa. Com os olhos por trás da lente os velhinhos devoravam as figuras. Adivinhe qual era o “filme” daquela noite: “ALI BABÁvam 40 ANCIÃOS”.
Nunca ficou esclarecido se foi mesmo equívoco, ou o Deca estava testando uma nova terapia ocupacional.
 
 
 
AGITO NA BABILÔNIA
 
NÃO ERA BOATO – Luiz Fernando S. Lopes (PP) deixa a Secretaria Municipal de Educação. Teria sido exonerado por pressão do vereador Roberto Alves (PP), presidente da Câmara dos Lordes, e com aval de importantes segmentos do próprio PP (Partido Progressista), inclusive do presidente da sigla. O episódio parece indicar rumos para uma futura aliança, uma dobradinha Everaldo e Roberto Alves, PP e PMDB para a eleição do próximo ano. A não ser, é claro, que o Waldomiro (Macho) decida entornar o caldo.
 
SUBVENÇÕES SOCIAIS – Cerca de vinte pessoas da terrinha teriam sido intimadas a prestar esclarecimentos na polícia. Suspeitas de irregularidades na prestação de contas. Bens de alguns teriam sidos bloqueados. Sem qualquer critério Associações, ditas beneficentes, recém constituídas podem ser consideradas pela colenda Câmara de Vereadores, entidades de “Utilidade Pública”, condição “sine qua non”, para o recebimento das subvenções sociais. Enquanto isto, as Entidades sérias, tradicionais, vivem à míngua, comendo o pão que o diabo amassou, para sobreviver.
Dizem, que certa ocasião, um gaiato quase emplacou como ONG de Utilidade Pública a “Associação de Apoio A Mãe do Soldado Desconhecido”. Não seria a hora de mudar a lei?
 
 
 
DECRETOS BABILÔNICOS
Leis autorizam abertura de crédito para Implantação do Parque Temático da Pedra do Frade. Valor: R$ 1.218.750,00. (Secr. Turismo). Espero que a pavimentação da estrada de acesso esteja incluída no projeto. 2) Abertura de crédito no valor de R$ 150.000,00 para implantação do Memorial Tordesilhas (Fundação de Cultura).   
LEI COMPLEMENTAR 308 de 9.4.2015. Isenção de até 80% no IPTU de imóveis localizados no Centro Histórico. Lei entrou em vigor na data da publicação (9 abril 2015).
 
 
 
FERIADÃO DE TIRADENTES.
Ponto Facultativo no território babilônico. A ordem é enforcar a segunda-feira.
 

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