19jul14 - Tubarão: Quem faz o rádio-jornalismo da Cidade: Conheça hoje, Milton Alves e Nilton Veronesi

18/07/2014 14:35
Os tubaronenses e toda a região podem ouvir diariamente o Programa Notícias da Cidade, que é apresentado pelo irreverente e competente Milton Alves ao lado do acadêmico de jornalismo Nilton Veronesi. Os dois formam uma dupla que ganha destaque a cada dia e o programa já caiu na preferência dos ouvintes e está entre os melhores do rádio sul catarinense. Sempre com ajuda as redes sociais e do público, o Notícias da Cidade realça a informação de uma forma diferente do que se é acostumado a ouvir. Deve ser isso o grande segredo desta dupla. Esta semana a reportagem do Jornal A Crítica, ouviu o experiente Milton Alves que contabiliza mais de 40 anos na comunicação. Ele fala um pouco da sua trajetória. Conta algumas histórias e até cita seus ídolos no rádio de Tubarão e região. Irreverência, polêmica, debates, muita informação e até risadas? Tudo isso e mais um pouco faz parte deste programa que é sucesso na CIDADE literalmente.
 
 
A Crítica - Há quanto você trabalha no rádio?
Milton Alves - Eu trabalho há 43 anos na área da comunicação, não só como radialista, pois também fui editor de jornais e assessor de comunicação de algumas personalidades políticas. Todavia, a maior parte deste tempo foi em emissoras de rádio, iniciando como operador de som, depois rádio escuta, repórter e por último apresentador de programas jornalísticos.
 
 
A Crítica - Em quais rádios passou?
Milton Alves - Comecei na antiga Rádio Tabajara, nos tempos da Marechal Deodoro, quando ela ainda pertencia ao blumenauense Evilásio Vieira, o Lazinho, e era dirigida pelo saudoso professor Walmor Silva. Depois foi vendida ao também saudoso Haroldo Fernandes, com o qual trabalhei certo período. Ai fui para a Rádio Tubá, entre 1978 a 1986, sob a gerência do professor Névio Capeler, período em que verdadeiramente me firmei na condição de repórter. Posso dizer que foi ai a minha maior escola. Na sequência passei pela Eldorado de Criciúma, onde costumo dizer que fiz o pós-doutorado; depois Verde Vale de Braço do Norte; Araguaia de Brusque; Guarujá de Orleans; Santa Catarina; Bandeirantes de Tubarão e de Imbituba e mais recentemente, Litoral de Imaruí.
 
 
A Crítica - Qual o motivo do sucesso do programa?
Milton Alves - O sucesso do “NOTÍCIAS DA CIDADE” que vai ao ar de segunda à sexta-feira das 06h30min às 08h20min aproximadamente, até porque a gente sempre invade a grade, é uma surpresa até para nós mesmos. Penso que deva ser o formato de jornalismo sério, mas com ironia e humor. A liberdade de expressão também é fundamental. As pessoas querem se expressar, se manifestar, dizer as “coisas” por mais que elas sejam politicamente incorretas. O povo está meio de “saco cheio” dessa coisa do pode e não pode, até porque a internet mostra isso. Nas redes sociais proliferam “manifestações” e o programa é um pouco assim, midiático, meio facebookiano. Talvez seja também a inteiração entre o “maduro”, representado por mim, e o “jovem”, representado pelo Niltinho. É como se fosse um pai e filho discutindo as coisas nas manhãs da cidade.
 
 
A Crítica - De quem foi a ideia?
Milton Alves - A ideia sempre partiu do empresário Gil Losso, dono da Rede Catarinense de Rádios, que conta hoje com 11 emissoras FMs espalhadas pelo Litoral de Santa Catarina. Era um projeto que ele alimentava há mais de três anos para a cidade de Tubarão e região. O formato, todavia, foi se adequando ao tempo do próprio programa. No início, nem eu, nem o Niltinho, e nem o próprio Gil, sabíamos o que seria o “NOTICIAS DA CIDADE”. Tínhamos uma linha, mas sem os parâmetros de hoje.
 
 
A Crítica - Como faz para captar as informações?
Milton Alves - Reportagens e entrevistas ao vivo, produzidas por nós mesmos ou através das fontes, pautadas pela produção; o acompanhamento dos fatos através da famosa Internet; os boletins produzidos pelas Agências as quais somos associados; participação dos ouvintes através das mensagens de texto ou pelas Redes Sociais, e as editorias de jornais. A diferença é que nos dificilmente lemos os jornais no ar. Apenas os usamos para pautar as conversas. Damos a fonte e trabalhamos sobre as notícias publicadas. É como se fosse um debate sobre o que está sendo publicado mundo afora.
 
 
A Crítica - Quem faz parte da equipe?
Milton Alves - Eu, o Niltinho, que é acadêmico de jornalismo e está começando agora no rádio, ambos na condição de produtores executivos e apresentadores, o DJ Jeff, que cuida das mixagens, o Helmer Gonzales que supervisiona a parte técnica e uma grande equipe de retaguarda integrada por todos da emissora. Pode parecer estranho, mas até o nosso diretor Gil Losso integra essa equipe. Reuniões de pauta, pesquisas na Internet, consultas junto a patrocinadores e demais clientes, captação e seleção dos releases enviados por e-mail. Enfim, é um grande grupo trabalhando em prol de um só objetivo. Quem aparece mais somos nós, eu e o Niltinho, mas por trás da gente tem uma equipe fantástica.
 
 
A Crítica - Qual sua análise atual do rádio tubaronense?
Milton Alves - Fica difícil analisar, mesmo porque é preciso distinguir as rádios AM das FMs. De forma geral acho que elas cumprem o seu papel, mas não podem ficar paradas no tempo. O sucesso do “NOTÍCIAS DA CIDADE”, se é que ele verdadeiramente existe, talvez explique um pouco o que quero dizer. Antes as rádios eram as precursoras das notícias, hoje, não mais. A notícia voa pela Internet e é preciso estar atentos a isso. Ou acompanhamos o ritmo e criamos fatos novos, ou vamos ficar para trás. Não obstante volto a dizer, as pessoas querem falar, se manifestar, colocar o que pensam para fora, e as redes sociais estão ai mostrando isso. Sendo assim, rádio sem opinião vai ficar no vácuo, e para isso é preciso ter liberdade. Na Cidade FM 103,7 temos isso. Não somos condicionados a nada que não seja a verdade dos fatos e o respeito à Lei de imprensa. Isso é regra, tanto nossa como profissionais, como da direção da emissora. Não será um patrocínio de uma empresa estatal ou de um órgão público que fará com a gente deixe de criticar seus gestores, caso eles mereçam.
 
 
A Crítica - Durante muito tempo você foi repórter de campo. Não pensa mais em exercer tal função?
Milton Alves - Exerci essa função durante mais de 20 anos. Às vezes de forma direta, outras intercalando com outras funções. Já não tenho mais pique para isso (risos). Deixa isso para essa galera que está por ai nas rádios da região.
 
 
A Crítica - Quem são os maiores profissionais com quem já trabalhou?
Milton Alves - Têm tantos. Mas vamos lá: Grande professor Walmor Silva; Luiz Lopes; Arilton Barreiros; Paulo Sergio Silva, que está hoje em Laguna; Alza Márcia; Elizeu Martins; Gilberto Silva; os irmãos Wilson e Gilson Silva; Zé Carlos Aguiar; Guido Carlos; Lício Silva; Clésio Búrigo; Milioli Neto; João Nassif; Sebastião Farias; Antônio Carlos Korman, nos tempos de Brusque; Salles Junior; Toni Nicholas; Luiz Brescianini; Salmon Flores, inegavelmente um dos maiores narradores que surgiu até hoje no rádio tubaronense, e trazido – lembrem-se disso, pelo saudoso João Albino, e mais recentemente Manoel Martins, em Imbituba e Danilo Gomes, na Rádio Litoral, que eu considero um mestre no radiojornalismo. E tem, é claro aqueles com os quais eu cresci na profissão, ou que eles cresceram comigo (né?), e que estão até hoje por ai: Antônio Bento, Paulo Garcia, Vera Mendonça, Luiz Augusto Alano e outros.
 
 
A Crítica - Por que a cidade de Tubarão mesmo contando com um universidade e curso de jornalismo, poucos formando atuam na área?
Milton Alves - A cadeira de rádio na escola de Comunicação Social é curricular, mas é preciso ter aptidão para exercer essa profissão de forma específica. Não à toa a maior parte dos radialistas que existem no Brasil tem como principal escola a prática, o dia a dia, que fortalece o que já vem no sangue. É o dom mesmo! Fazer jornalismo para um radialista é positivo, vai ajudá-lo, mas nem todo o jornalista, por melhor que seja, vai conseguir fazer bem as coisas no rádio. Não bastasse essa dificuldade natural tem também a questão do mercado fechado pela longevidade dos profissionais. Radialista é como motorista de táxi que tem o “ponto” e vai ficar nele até se aposentar ou morrer. Como não existe vaga para todos, muitos nem entram na profissão.
 
 
A Crítica - Quais as principais dificuldades para apresentar um programa diário de notícias?
Milton Alves - Honestamente? Não vejo dificuldades não. Agora é preciso estar antenado e trabalhar, não esperar o jornal chegar à porta da rádio para ver o que vai dizer aos ouvintes.
 
 
A Crítica - Existem várias emissoras de rádios na cidade. Tem campo para todos?
Milton Alves - Tem, mas é preciso que os donos dessas emissoras também se reciclem. É preciso que abram espaços para o jornalismo crítico, aceitem as coisas novas que estão surgindo por ai, e que deixem de se submeter ao jugo do patrocínio público estatal. O que Gil Losso fez na Rádio Cidade FM é um exemplo disso. E o incrível nessa história toda, é que o jornalismo crítico no rádio tubaronense não é coisa nova. O Salmon Flores é um grande exemplo disso. Infelizmente teve que se dedicar apenas ao jornal para poder se fazer ouvir.
 
 
A Crítica - Como jornalista de que forma você analisa a atual administração de Tubarão?
Milton Alves - O Olávio é meu amigo, gosto dele, sei que tem boa vontade e as melhores intenções, mas prometeu muito e encontra dificuldades de cumprir tudo o que foi dito em palanque. Hoje ele até age na retaguarda, não prometendo mais, todavia o povo cobra o que foi dito em campanha.
 
 
A Crítica - Onde o prefeito mais peca já que se ouvem muitas reclamações em rádios e jornais?
Milton Alves - Na forma de conduzir a administração. Falta gestão. O segredo está ai.
 
 
A Crítica - Na sua avaliação e vasto conhecimento, Tubarão pode ficar sem nenhum representante na Assembleia Legislativa a partir do ano que vem?
Milton Alves - Nem é preciso conhecer muito para ver que pode sim. Mas temos boas opções. Vamos torcer para que o eleitor não pulverize muito os votos e coloque alguém lá.
 
 
A Crítica - O quê você diria para quem pensa em ingressar em algum meio de comunicação?
Milton Alves - Faça tudo o que o seu coração mandar e faça com coragem. Respeitando a Lei e as hierarquias, mas com coragem. O Niltinho é um exemplo disso. Nunca havia falado em microfones. A cada dia que passa melhora sua postura e não tem medo de bater de frente comigo. Pode até parecer ironia, mas isso é o que mais me fascina nele.
 
 
A Crítica - Qual a mensagem que você deixa para agradecer a grande audiência atualmente do seu programa?
Milton Alves - Repito que não sei se realmente temos toda essa audiência, mas com certeza, se ela existe, é fruto, principalmente da participação do ouvinte. Portanto, obrigado por nos permitir ouvir suas ideias!
 
 
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