20dez14 - HNSC enfrenta grave crise e espera renovar contrato para não fechar alguns atendimentos

O Hospital Nossa Senhora da Conceição, um dos maiores de Santa Catarina e até mesmo do sul do Brasil atravessa uma crise bastante conturbada nesta reta final de 2014. Mas a intenção da direção e autoridades é que no ano que vem tudo seja diferente e a instituição não precise ameaçar romper alguns convênios por falta de verbas. O contrato com a Prefeitura Municipal de Tubarão já foi reajustado, mas ainda falta o convênio com o SUS (Sistema Único de Saúde), também aumentar a sua parcela de pagamento. Para se ter uma ideia, um médico especialista recebe apenas R$ 10,00 por atendimento. A diretora do HNSC, irmã Jacira Maria dos Santos, gentilmente abriu as portas do hospital e da sua sala para receber a reportagem do Jornal A Crítica, para falar do atual momento, parcerias e perspectivas para o ano que se aproxima. A assessora de imprensa Chirle Ponciano e a gerente administrativa e financeira Soraia Bittencourt da Rosa Martins, também acompanharam a entrevista.

 

 

Jornal A Crítica: Há quanto tempo a senhora está no Hospital?

Irmã Jacira: Assumi o cargo no dia 16 de fevereiro de 2009, ocupando a vaga da querida irmã Enedita Sachetti.

 

 

Jornal A Crítica: O que a senhora fazia antes de assumir o HNSC?

Irmã Jacira: Eu ocupava o cargo de diretora da Área da Saúde da Sociedade Divina Providência (SDP), em Florianópolis. 

 

 

Jornal A Crítica: Quais as suas especializações para tal função?

Irmã Jacira: Sou formada em Administração Empresarial pela Univali, com pós-graduação em Administração Hospitalar. Já atuei em outros hospitais da Sociedade Divina Providência, inclusive, como diretora do Hospital e Maternidade São José, em Jaraguá do Sul. Já ocupei o cargo de diretora geral da Casa Matriz, sede da SDP e que reúne a representação de toda a sua administração, órgãos auxiliares, assessorias, dentre outros setores. 

 

 

Jornal A Crítica – Recentemente o HNSC anunciou que poderia fechar alguns atendimentos devido a uma crise financeira. Como está essa situação com relação a prefeitura de Tubarão?

Irmã Jacira: Depois de muitas negociações e reuniões, chegamos um entendimento. Não será o ideal para nós. Mas acredito que deva amenizar nossa situação.

 

 

Jornal A Crítica: Quanto a PMT paga e quanto vai pagar em 2015?

Irmã Jacira: A prefeitura nos repassava a quantia de R$ 48 mil mensais. Mas este valor vai aumentar para R$ 70 mil. Inclusive, as parcelas de novembro e dezembro deste ano serão pagas ano que vem com o novo valor. Este foi um acordo que negociamos.

 

 

Jornal A Crítica: Como está a negociação com o governo federal sobre os repasses para o HNSC?

Irmã Jacira: Nosso contrato encerra agora no dia 31 dezembro. Confesso que não está fácil negociar. Fizemos a nossa proposta e recebemos uma contraproposta que não nos agradou. Nós iríamos trabalhar mais, porém, o valor oferecido não seria o suficiente. Resumindo: iríamos trabalhar mais do que já estamos e ganhar menos ainda. 

 

 

Jornal A Crítica: Quais os atendimentos credenciados que podem fechar caso não haja entendimento?

Irmã Jacira: Podemos destacar os principais, entre eles, oncologia, cardiologia, maternal, ortopedia, neurologia, enfim, os principais. Seria como se o hospital atendesse com menos da metade do que é possível.

 

 

Jornal A Crítica: Como fica depois do vencimento do contrato?

Irmã Jacira: Enviamos uma nova proposta detalhando os custos. Temos que esperar até março do ano que vem para obtermos a resposta.

 

 

Jornal A Crítica: Quantos atendimentos são realizados por mês?

Irmão Jacira: Em média são cerca de 5 mil atendimentos mensais. O que nos dá uma média de mais de 160 por dia.

 

 

Jornal A Crítica: Quantas pessoas em média de Tubarão e quantas de outras cidades passam pelo hospital?

Irmã Jacira: Cerca de 75% dos atendimentos são de tubaronenses e os outros 25% de outras cidades da Amurel e até mesmo fora da nossa região. 

 

 

Jornal A Crítica: Quantos funcionários trabalham hoje no HNSC?

Irmã Jacira: Atualmente contamos com 1.270 funcionários.

 

 

Jornal A Crítica: Quanto é gasto com a folha?

Irmã Jacira: Gastamos todos os meses cerca de R$ 1,8 milhões. Mas em dezembro este valor dobra devido ao décimo terceiro salário e outros encargos como férias.

 

 

Jornal A Crítica: Qual é o valor gasto mensalmente pelo hospital?

Irmã Jacira: Nosso gasto não baixa de R$ 5 milhões todos os meses. É um valor alto devido a estrutura que temos e equipamentos modernos que utilizamos.

 

 

Jornal A Crítica: Como a direção faz para cobrir os gastos?

Irmã Jacira: Confesso que não está sendo fácil. Muitas vezes ficamos no vermelho. Renegociamos algumas dívidas e vamos pagando as mais urgentes, porém, sem deixar de saldar com ninguém credor. Utilizamos dinheiro dos nossos convênios e os atendimentos particulares. Isso tem nos dado um suporte bastante significativo. Mesmo assim as dificuldades são imensas. Por isso que se não for renovado o contrato com o Ministério da Saúde, teremos que fechar alguns atendimentos.

 

 

Jornal A Crítica: Algumas empresas ajudam o hospital?

Irmã Jacira: Sim. Não podemos esquecer de agradecer. Entre elas, a Alcoa que sempre nos estende a mão e nos ajuda. O Centro Maternal é um  dos melhores do sul do país e até mesmo do Brasil, graças a ajuda de empresas como esta.

 

 

Jornal A Crítica: Quais suas perspectivas para o ano que vem?

Irmã Jacira: As melhores possíveis. Que 2015 inicie bem melhor que este. Esperamos que nossa proposta seja aceita e nossa receita volte a se normalizar. Pretendemos nos reunir com todos os prefeitos da região e expor nossa situação. Alguns já nos ajudam, a exemplo de Capivari de Baixo, através do prefeito Moacir Rabelo, que nos repassa R$ 30 mil.

 

 

Jornal A Crítica: Para encerrar. Qual a mensagem que a irmã Jacira deixa para os tubaronenses, funcionários, colaboradores e pacientes?

Irmã Jacira: Desejo um Feliz Natal. Que o menino Deus toque no coração de cada um trazendo muita paz e saúde. E que 2015 seja bom para todos de uma maneira geral. O Hospital Nossa Senhora da Conceição, vai lutar sempre para continuar sendo referência e reconhecido pelo Ministério da Saúde em qualidade.

 

 

Irmã Jacira Maria dos Santos é a diretora do HNSC