24mar12 - Comunidade (por Munir Soares)

23/03/2012 14:29

O MANECA DAS PALMAS

Além dos nossos historiadores famosos, como Oswaldo Cabral, Ruben Ulysséa, Norberto Ungaretti, Saul Ulysséa e tantos outros, tivemos também os contadores de histórias, hilárias e folclóricas, com o médico Paulo Carneiro, e o Agenor Bessa. Antônio Carlos Marega é, atualmente, a memória viva da cidade Juliana. Nosso elo mais fiel, com o passado da terrinha, e de sua gente.
Osni Teixeira (falecido) era funcionário público estadual. Deve ter sido, extraoficialmente, o primeiro cronista social da cidade. Conhecia como poucos os bastidores da ultraconservadora sociedade lagunense. Seus comentários eram mordazes, espirituosos e apimentados. Sabia coisas do arco-da-velha.
Vocês já ouviram falar do “Maneca das palmas”? Naqueles tempos, disse-nos o Osni, falar em instalações, fossas, esgotos, etc... era sonhar demais. Cada família do centro da cidade tinha a sua latinha coletora de dejetos. A cada manhã Maneca, zeloso no seu malcheiroso mister, batia palmas no portão:
___ Senhora, temos encomenda hoje?
___ Sim, pode levar. E lá ia o Maneca das Palmas, com a lata na cabeça, cumprindo sua missão, de casa em casa.
Nas vendas e nas bancas de peixe, as peripécias de Virgulino Lampião, Maria Bonita e bando, eram assuntos obrigatórios, e provocavam muitas discussões. Naquele dia, porém, o papo era outro, o baile de gala numa das principais sociedades recreativas da cidade. Noite cor de rosa. Casa lotada. A fina flor da sociedade esta lá reunida. A senhorita “X” “X”, o melhor partido da cidade, linda e elegante, com seu vestido confeccionado no Rio de Janeiro, ia debutar, à luz de lampião.
Nervosa, ela foi até ao toalete para relaxar e acabou tropeçando na maldita latinha, ganha-pão do Maneca das Palmas, ali deixada, para qualquer emergência. Recomposta, sem perceber que “maculara” a barra do vestido, desfilou como rainha. Nunca soube, que depois da noite do lampião, ficou conhecida como Maria Bonita, a rainha da “caatinga”...
 
POLÍTICA NA TERRINHA
 
DORSA BAR
Decididamente, o PSDB local adotou as dependências do Bar da Dorsa, no Mercado Público, como “QG” para suas conversas informais sobre a política de Laguna. O visual, defronte para a lagoa Santo Antônio dos Anjos, realmente, ajuda a clarear as ideias. O PSDB da terrinha conta em seus quadros, com várias lideranças com potencial para disputar uma eleição majoritária. Sandro, Nazil e Júlio são alguns nomes. Sábado passado, o prefeito Beto Martins, de Imbituba, participou do encontro. Nelson Mattos e Edésio Joaquim participaram como observadores.
 
DEM
___ Michel Laureano, engenheiro civil, presidente do Diretório Municipal do DEM, é um forte candidato à Câmara Municipal de Laguna.
 
PT 
– O nome de Tanara Cidade parece ser unanimidade no partido do prefeito Célio Antônio. O nome do Jéferson Crippa voltou a ocupar espaço na mídia local.
Tentaria o retorno ao Poder Legislativo ou...
 
PMDB 
– Pronunciamento do engenheiro Antônio dos Santos, presidente da sigla, em Laguna, não deixa dúvidas, seu irmão Everaldo dos Santos vai ser mesmo o candidato do PMDB. As alianças estariam sendo costuradas.
Trilha sonora da campanha: o tango “Mano a mano”!
 
DEM
- Vereador Tono Laureano continua firme no seu propósito de lutar para chegar à Prefeitura. Diariamente, mantêm contatos com dirigentes de outras siglas, de olho nas alianças.
 
E O PP?
___ No jogo político, em Laguna, o PP continua atuando no ataque e na defesa, sem perder o controle do meio de campo.
O vereador Dudu Carneiro continua jogando na Oposição, enquanto seu companheiro de partido Luiz Fernando Lopes continua exercendo, pacificamente, sua função de vice-prefeito da santa terrinha. Controlando o meio de campo, comandando a Secretaria Municipal da Educação, permanece Tânia Pereira, esposa do ex-prefeito João Gualberto Pereira. Dizem que o time é bom, mas, em campo, atua sem entrosamento.
 
ENCONTRO DE BISTURIS
Num cantinho discreto, no salão do Iate Clube, dois médicos filiados ao PMDB local passaram algumas horas, conversando. Medicina não teria sido o motivo da conversa.
 
NA PARADA DE ÔNIBUS
Comenta-se, que o vereador Orlando Rodrigues, político veterano, teria sido visto, estacionado no pátio da empresa Lagunatur, em longos papos com o proprietário das empresas de transporte urbano, Aderbal Zapeline Mendes, ambos filiados ao PSD. Aderbal estaria mesmo decidido a concorrer à Prefeitura de Laguna?
 
NO ALTO DO MORRO
Novamente, as ditas forças oposicionistas, sob a batuta de Everaldo dos Santos (PMDB) estiveram reunidas nas dependências do Laguna Tourist Hotel.. .PSDB, PSD, PP teriam mandado representantes.
Detalhe: Vereador Tono Laureano (Democratas) não teria sido convidado.
 
PREVISÕES DE UM VETERANO GURU
Nas eleições deste ano, a candidatura de Tono Laureano é o fato novo. Pode surpreender se fizer alguns pequenos ajustes na condução do processo.
 
FOFOQUINHA 
Boatos davam conta, de que Eduardo Pinho Moreira, vice-governador, via, com simpatia, a candidatura de Felipe Remor, gerente de Saúde da 19ª SDR, à Câmara Municipal de Laguna. Serginho Pinho Matar não gostou, e prometeu queimar a dita candidatura, em fogo de Nó de pinho. É o que dizem, e eu, não afirmo!
 
NOVO FOCO
Em entrevista ao radialista Batista Cruz, engenheiro Antônio dos Santos, presidente municipal do PMDB, disse que Laguna precisa de um “choque de gestão” e que o povo, nas ruas, pede um novo Foco administrativo.
___ De “choque” o Antônio entende, pois é engenheiro da CELESC.
Com relação à mudança de Foco, é bom acautelar-se, para não ficar, “segurando a lanterna”...
 
O TAMANHO DO BOLO
ELEITORADO LAGUNENSE: (31.902 eleitores - dados do TRE –jan/2.012).
Repetindo-se números da eleição de 2008 Quociente eleitoral (13 vereadores), deve ficar em torno de: 2.130 votos.   
 
BOATE NECROTÉRIO
Batista Cruz estava preocupado com a luminária piscando no poste, na subida do morro do hospital. Poderia dar, aos incautos notívagos, a impressão de existir ali, alguma boate, ou estabelecimento similar.
Foi o que aconteceu, anos atrás. Lá no alto do morro, ao lado do Hospital, a luz da Câmara mortuária, estava acesa. Quando aquela luz dá sinal de vida, alguém morreu. Familiares e amigos velavam, contritamente. Com o avançar da noite, a conversa generalizou-se. Falou-se do custo de vida, insegurança urbana, estupros, etc.
___ É, disse alguém, o falecido, descansou.  Um pesado silêncio caiu sobre a sala. As mulheres presentes aconchegaram-se umas às outras, buscando o calor, que deveria unir mais as pessoas, em vida. Do outro lado da sala, os homens matutam sobre o inexorável: “todos podem tirar a vida do homem, ninguém lhes tira, a morte”.
Subitamente, o apocalipse abateu-se sobre eles. As quatro bestas roncavam, e soltavam fogo. Um som bestial inundou o ar. Os cavaleiros apearam, um cortejo sinistro e fantasmagórico invadiu o necrotério. Seus capacetes luziam à luz das velas, projetando estranhas sombras nas paredes.
Seria a mitológica procissão das almas, ávida de aumentar seu contingente? 
O som do “rock” vibrou mais intenso. Os motoqueiros desfizeram-se dos capacetes e, estourando chicletes, adentraram ao necrotério enquanto, com olhares de cobiça, buscavam entre as mulheres, uma que tivesse mais jeito de “metaleira”. É incrível como o inusitado, o inesperado, o inadmissível é capaz de tolher nossas reações, emudecer nossa boca, paralisar nossos movimentos.
___ Ei, pessoal, vou procurar o bar, buscar umas biritas. Dito isto, correu até o outro compartimento da casa, justamente onde o morto tentava, pelo menos, descansar em paz.
Um grito medonho saiu da boca do jovem.
___ “Essa” não! É um velório. Profanamos um velório. Seu berro atraiu os demais companheiros que, ato continuo, trataram de cavalgar suas motos, e fugir dali.
Mais tarde, tudo ficou esclarecido. Os motoqueiros, ao chegarem às proximidades da Sociedade Recreativa Congresso Lagunense, perguntaram a uns rapazes, que por ali transitavam:
___ Onde fica a Boate Penhasco? 
___ Lá no alto do morro, e apontaram na direção da luz.
Eles seguiram a estrela e entraram no Necrotério. A Boate Penhasco era um pouco mais acima.
Nos meses seguintes, a presença feminina foi maioria naquela casa mortuária. Coroas embelezando os velórios. Fundaram até a Associação “Velório´s Motocross”, mulheres disponíveis, com pista livre, algumas curvas e sem nenhum obstáculo.
Os fatos são reais. Preferimos omitir os nomes dos personagens.

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