26jul14 - Comunidade (por Munir Soares)

25/07/2014 13:02
LAGUNA, 338 anos de vida
Não deixem apagar a velhinha
Domingos de Brito Peixoto chegou a Laguna, lá pelos idos de 1676. Após contornar a Ponta das Pedras, e atracar seu barco na Paixão, levou, em procissão, a imagem de Santo Antônio dos Anjos até um local, na encosta do morro, onde edificou sua morada. A Lei municipal 15/75, de 02.05.75 adotou o dia 29 de julho como sendo o da Fundação de Laguna. A Semana Cultural foi criada no governo de Mario José Remor, projeto de Nilza Demétrio e José Paulo Arantes. O resto é história...
... Em 1710 Laguna foi transformada em base de operações militares, para defender a Colônia de Sacramento das incursões dos espanhóis. Em 1725 seguiram os primeiros bandeirantes lagunenses que foram desbravar as terras do Rio Grande. Em 1735 grandes contingentes de lagunenses marcharam para o sul, com a missão de defender a Colônia de Sacramento, novamente atacada pelos espanhóis. Todas as expedições foram organizadas às custas da população da Laguna. Além de dinheiro, mantimentos e cavalos, eram requisitados, praticamente, todos os jovens da Freguesia. Ao sul levei o Brasil – No dizer do saudoso escritor Theobaldo Costa Jamundá, Laguna foi o marco da expansão da continentalidade brasileira.
Ano de 1839 – Diziam, os mais antigos moradores da terrinha, que o jornal o “Catharinense” do conterrâneo Jerônimo Coelho já alertava aos seus leitores: O porto da Laguna pode ser o próximo alvo das tropas farroupilhas. Mas, como iria acontecer nos séculos vindouros, as autoridades ignoram o aviso. Nem deram bola para o porto da Laguna. Só acreditaram quando o Comandante Vilas Boas, responsável pela defesa de Laguna, com medo dos rebeldes, com o rabo entre as pernas, “picou a mula” pelo morro dos Cavalos. Garibaldi e Canabarro comandam a tomada da Laguna, e desfilam pela Vila, sob aplausos da população, simpática ao movimento republicano. Quatro meses após a Proclamação da República Juliana, o império contra ataca, na grande batalha naval, no canal da barra. Anita Garibaldi, como uma deusa guerreira, de espada na mão, em defesa do amor, enfrentava a poderosa armada enviada pelo Império. A República conhece seu Waterloo. Garibaldi e Anita deixam Laguna para entrar na história.
Já no ano 2.000, Cadorin e Jairo Barcelos comandam a nova Tomada da Laguna. Único evento, realmente capaz de revolucionar o turismo da santa terrinha. Infelizmente uma batalha perdida, derrotada pela falta de visão de nossos administradores. 
Quem sabe, nos próximos anos, teremos a terceirização da “Tomada da Laguna”, patrocinada por cervejarias. Na lagoa Santo Antônio, a batalha entre o barco Seival, da AmBev versus escuna Itaparica, com as cores da Shin. Em terra, a “louras” do Bloko Rosa, enfrentando os Lanceiros Negros, que cavalgam o “Pangaré elétrico”. Haverá um baile do chope para escolha da rainha da festa (Laguna adora escolher rainhas). A Anita do ano deverá ser uma “lourinha”...
 
 
 
NA SANTA TERRINHA
Rogério Wendhausen, um homem de bem, faleceu esta semana. Poucos são os que passam pelo crivo da política e saem ilesos, sem a pecha de corrupto. Rogério foi vice-prefeito, por dois mandatos, 10 anos de governo, e ocupou diversas pastas na administração municipal. Saiu ileso, de cabeça erguida, mãos limpas e caráter ilibado. Comerciante, presidente da Acil. Católico praticante e convicto de seus ideais religiosos. Confidente de muitos vigários. No coral, sua voz ainda ecoa entre os nichos da Matriz, interpretando como ninguém, o Panis Angelicus ou Ave-maria de Gounod. Na missa de corpo presente, emoção e lagrimas, tributo a um homem de bem.
Nosso abraço de pesar, aos familiares.
 
 
 
HORA DE VIRAR O DISCO
Mais um projeto do IPHAN é aprovado para o Centro Histórico de Laguna. Deve sair a licitação para as obras de cabeamento subterrâneo de algumas ruas do Centro. Vão sumir os fios e os postes. Tudo pra baixo da terra.
___ Até os buracos? 
___ Isso depende de outro projeto, buraco é mais embaixo, mas estou contente...
___ De continuar com os buracos?
___ Não, da mudança de discurso, prefeito Everaldo vai ter que virar o disco, e deixar de falar tanto na av. Marronzinho.
 
 
 
EFEITO ALEMANHA
CBF escolhe novo técnico, DUNGA, um dos Sete anões. Dunga, Gilmar, Tafarel e Mauro Silva, todos ex-jogadores, nenhum de ataque, até a Comissão Técnica joga na retranca.
 
 
 
DÍVIDA DE MORTO, NÃO TEM DONO
Em época de Semana Cultural, nada como recordar um pouco da história da nossa gente. O presidente Collor retornara da África, com a macaca e reúne, pela primeira vez, o Conselho da República. Fala-se em crise e caos. Havia no ar, um cheiro de novidades. Sobre a capital Juliana, três jatos cruzam os céus, em voos rasantes, fazendo tremer o velho casario. A Delegacia da Capitania dos Portos é “tomada” pela Marinha. Áreas circunvizinhas são interditadas, o mesmo acontecendo com a zona portuária. Guardas armados, montavam guarda. Até que se descobrisse, que tudo não passava de um treinamento militar, os boatos corriam céleres, de boca em boca.
___ Será algum golpe?
___ Vão passar a mão na nossa poupança, de novo?
___ Calma pessoal, não é nada disso, informou alguém, fazendo cara de velório. Trata-se da morte do GARIBA.
___ E precisa toda essa mobilização, esse aparato bélico? 
___ Exato, por serviços prestados à Marinha, o Gariba está sendo velado com honras militares e terá exéquias de herói naval.
GARIBA, bem vivo, topou a brincadeira. Avisou aos familiares e sumiu!
Na Lanchonete Brasão, o proprietário Dalvis servia refeições à clientela, quando mais um freguês chegou, pediu uma cerveja e indagou, contrito:
___ Verdade que o Gariba faleceu? 
___ Infelizmente, sim...
___ Aquele gringo era um amigão, devo-lhe favores. Logo hoje que eu vinha pagar o lhe devo, soube do infausto acontecimento.
Dalvis percebeu a oportunidade de ficar com a “coberta d´alma” do “extinto”.
___ O Gariba tinha uma continha aqui na casa, pois é freguês de caderno. Quem sabe o senhor salda esse débito por conta de sua dívida com ele. Concordou.
Com a rapidez de raciocínio de um jogador de dominó, Dalvis sacou a calculadora, somou, dividiu, botou zero, matou zero, e puxou a soma. O homem pagou sem pestanejar. Não era pessoa de sacanear defunto. Ficar devedor de alma penada, nem pensar, Deus o livre. Pediu um trago, jogou a metade pro santo, e saiu aliviado.
O Gariba, ressuscitado, zerou seu débito na casa, e ainda ficou com fundos para comemorar até o fim do ano. E, o Dalvis, por seu papel de coveiro, ganhou de brinde, uma roupinha de marinheiro para desfilar no bloco “EsKenta aí”.
Mesmo em tempo de crise é preciso manter o bom humor nosso de cada dia. Como dizia Maomé “é merecedor do Paraíso quem faz rir os companheiros”.
 

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