28set13 - Comunidade (por Munir Soares)
27/09/2013 11:32
CHIMARRÃO DE VELÓRIO
“Foi somente após a fundação de Laguna, que Santa Catarina assumiu importantíssimo papel, no desbravamento do Rio Grande do sul. A partir da fundação da terrinha começou o movimento regular para o sul, rumo à Colônia de Sacramento”. A Vila pagou um preço alto para proteger a fronteira meridional do Brasil.
Isto lá pelos idos de mil setecentos e tantos. Um século depois estourou a Revolução Farroupilha. Por causa dos abusivos impostos sobre a carne e o couro, importantes produtos da economia gaúcha. A importação do charque uruguaio, bem mais barato, mexia nos bolsos dos ricos estancieiros, que armaram peões e escravos, e foram à luta. Dizem que foi a primeira e única vez, que colorados e gremistas atuaram do mesmo lado, apesar do lenço vermelho usado pelos farrapos. Importante mesmo era garantir a carne do churrasco.
A guerra começou em 1835. Os farrapos somente chegaram a Laguna, em 1839, por causa do congestionamento na trilha entre Tubarão e Laguna. Garibaldi, esperto, preferiu o caminho das águas. Apesar do naufrágio chegou à praia bem antes dos companheiros. Canabarro já encontrou Garibaldi com Anita, no maior amasso, na praia da Teresa. A “República Juliana” teria sido apenas, uma peça encenada pelo lagunense Jairo Barcelos e o gaúcho Cadorin. Para as comemorações foram encomendados barris de cachaça do Ribeirão. O transporte da “mardita” foi feito pelo barco Seival que a partir daquela data, ganhou o apelido de “Garrafão”.
Não sei precisar a data, em que a gauchada resolveu cavalgar, em direção ao litoral lagunense em busca da praia. Alguns de seus ícones culturais, como o churrasco, demorou a ser assimilado pelo povo da terrinha. Por aqui, o almoço de domingo com a família tinha que ter, obrigatoriamente, galinha ensopada com macarrão. O chimarrão era um ilustre desconhecido. A “irmandade do canudo”, constituída por uns quatro abnegados, devotos da erva-mate.
A exemplo dos gaúchos nós, também, temos os nossos “causos”. O nosso “causo” de hoje teria ocorrido nos anos 40 AC.
___ Antes de Cristo?
___ Antes do Chimarrão.
CHIMARRÃO DE VELÓRIO
A história, verídica, foi contada por Agenor dos Santos Bessa, cronista e jornalista, já falecido. O cidadão, lagunense, morador da Paixão, recebeu a infausta notícia: seu irmão havia falecido. Homem religioso, temente a Deus, com profundo respeito pelos mortos, decidiu participar das exéquias.
Ato contínuo, preparou-se para subir a serra do doze (Rio do Rasto), o falecido residia em Bom Jesus da Serra. Ao chegar ao local encontrou alguns cidadãos, ao redor do caixão. Sentou-se. Baixou a cabeça e rezou pela alma do defunto, até que alguém lhe cutucou o braço e entregou-lhe uma cuia com água e um bastão de metal. Segurou aquele porongo, molhou o bastão e, benzendo o defunto, aspergiu o líquido sobre o morto, rezando. Descanse em paz.
Deve ter sido, a primeira vez, que o mate-amargo foi usado como água benta. Como nosso conterrâneo iria adivinhar, que aquele era um ritual gauchesco, conhecido como “Roda de Chimarrão” de velório...
NO REINO DA BABILÔNIA
FOGO AMIGO?
Entrar e sair da cidade é arriscar-se num labirinto. Nenhuma placa de sinalização, indicando as vias alternativas e muito menos, alguém a indicar a direção aos motoristas. À noite a coisa fica bem pior. Em tais circunstâncias é natural que qualquer prefeito seja mais xingado que mãe de árbitro de futebol.
VERÃO
Estamos iniciando o último trimestre do ano. Natal, verão, carnaval e, quem diria atualmente, o melhor acesso a Laguna, sentido sul/norte, é pela Jaguaruna passando pela SC 100 até a balsa. Na Calistrato Muller Salles, obras capengando. Na rua prefeito Guimarães Cabral, obra de santa Engrácia. Acesso pela Praia do sol, intransitável. Av. Castelo Branco (atual campeão Marronzinho), somente indicada para provas de rali. O tempo urge...
FORMIGUEIRO
Enquanto o prefeito Everaldo dos Santos não executa a tão falada reforma administrativa, continua a dança das cadeiras, no Paço Municipal. João Carlos, Secretário de Turismo, seria o Primeiro Ministro, no dizer do prefeito Everaldo. Teve vida efêmera como Super Secretário. Voltou a cuidar unicamente de sua pasta.
___ Dizem que existe um formigueiro na cadeira do Secretário de Governo. Especulava-se, inicialmente, que Leca Barzan ou Marinês Uliano ocupariam o cargo. Quem emplacou na pasta foi o ex-vereador Eraldo da Farmácia. Paulinho Rabelo ficou na reserva. Eraldo despachou durante poucos meses e foi despachado. Paulinho animou-se. Engraxou as chuteiras, seria sua vez de ser convocado pelo técnico Everaldo. Prefeito convoca o vereador Waldomiro (Macho), vice-presidente da Câmara. Pois nem o Macho conseguiu esquentar o bumbum naquela cadeira. Pulou fora. Paulinho esfregou as mãos. Dessa vez ele deixaria o banco de reservas. Ficou de escanteio. O preferido foi Celso Fernandes, Assessor de Imprensa que assume, interinamente, a Secretaria de Governo, acumulando as duas pastas. Por quanto tempo ficará sentado naquele formigueiro? Cuidado com a saúva!
Paulinho Rabelo foi chorar pitangas nos ombros do Nelson Mattos, que o aconselhou a pedir transferência para a Reserva remunerada, isto é, aposentar-se.
XADREZ
No tabuleiro municipal o rei está em xeque. Se as peças não se encaixam nem vai adiantar queixumes ao bispo. Os peões precisam continuar acreditando na mão que os conduz. O índice de criminalidade na santa terrinha é alarmante. DEZ assassinatos em nove meses. A polícia prende mais outros surgem, e as mortes se sucedem. A questão, em minha opinião, já é de Calamidade Pública. Um Grupo de Trabalho poderia ser constituído para elaborar um projeto de Prevenção e Combate às causas que levam os jovens à marginalidade social. Se nos acostumarmos com a violência, Laguna, em breve, será o paraíso dos malfeitores. Exagero? Veremos...
Na semana em que se comemorou o Dia do Rádio, eu tiro do FUNDO DO BAÚ uma história publicada, originalmente, em 1981. Naqueles dias, a Rádio Difusora de Laguna, pioneira na radiofonia sulina, andava meio barro-meio tijolo. Audiência baixíssima. Só dava a “Garibaldi” na cabeça. Saudades dos tempos de Pompílio Bento, Nelson Almeida, Osmar Cook, Alceu Medeiros Dakir Polidoro, Agilmar Machado e outros. Foi, aí, que os diretores resolveram usar a Cruz como instrumento de redenção. Contrataram Batista Cruz.
O saltitante, gordinho e risonho radialista, topou a parada. General Waldemar Souza ficou encarregado de montar as estratégias, para tentar bombardear a hegemonia da coirmã, Garibaldi. A equipe, saltitante como pipoca no fogo, precisava chegar à frente, procurando cobrir tudo. Cobrir e descobrir o furo em qualquer “buraco”. A informação apresentada sob um novo ângulo, ágil e precisa.
No carnaval da Raulino Horn eis que surge a brincadeira do “Boi de mamão”. A força de uma tradição, fazendo a alegria do povão. Batista Cruz viu a oportunidade de fazer algo inédito, transmitir de dentro da Bernúncia. Quando a bichinha abriu sua bocarra, Cruz deixou-se engolir por ela. Nem se apercebeu que estava bem gordinho. A transmissão foi interrompida. A Bernúncia acocorou-se, contorcendo-se. O povo foi afastado para evitar confusão. Quando a normalidade retornou à avenida, Boi de mamão, Bernúncia e Batista Cruz haviam sumido.
Na manhã seguinte, a própria rádio dava a notícia, na hora do “Plantão Hospitalar”.
___ Deu entrada, na noite de ontem, uma Bernúncia engasgada com um radialista. Cruz na goela da mitológica criatura.
Em entrevista ao João Manoel Vicente, a Bernúncia teria declarado que o Batista Cruz era difícil de engolir. Cruz prometeu fazer regime com mais “frequência”.
TORÓ
Casan multa São Pedro, desperdício de água!
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