Além de mal representada, a APIT cai no descaso do poder público municipal

12/07/2013 15:06
Fundada em 1984, pelos jornalistas e radialistas José Paulo Garcia  e José Carlos Aguiar (in memoriam), a APIT (Associação dos Profissionais de Imprensa de Tubarão e Região) tinha tudo para ser uma das entidades mais fortes da região, mas ficou apenas no verbo passado mesmo: tinha. De lá pra cá, apesar dos esforços de muitos, o que se viu foi apenas uma guerra de egos, críticas de colegas de profissão e outros utilizando o nome apenas para a autopromoção.  Ao longo destes quase 30 anos, a associação teve presidentes que se esforçaram e conseguiram suas sedes, porém, não passavam de salas emprestadas e o pouco material adquirido com doação ou até por conta própria, de forma misteriosa, ‘sumiu’ e ‘ninguém’ sabe onde está.  Entre os lutadores e abnegados pela associação, está o jornalista e apresentador da Unisul TV, Iberê Jaques Aguiar, 50 anos. No entanto, esta semana ele não teve como evitar as lágrimas quando viu os quadros de fotos de ex-presidentes e associados sendo utilizado para tapar um buraco de aparelho de ar condicionado numa sala onde servia para reuniões, cedida pela prefeitura no governo Carlos Stupp, em cima do Mercado Público. Para piorar a situação, os livros, atas e outras anotações, onde tinha toda a história da associação, desapareceram. Iberê procurou a redação do jornal A Crítica para desabafar e revelar toda sua decepção, principalmente com a atual administração de Henrique Bueno, o Gugui e do seu antecessor Matheus Madeira, hoje secretário de governo de Olávio Falchetti.
 
A Crítica – Qual é finalidade da APIT?
Iberê  – Tem como finalidade congregar e lutar pelos direitos da classe e de todos aqueles que trabalham nos meios de comunicação de Tubarão e região.
 
A CRÍTICA – Em quase 30 anos de fundação por que a associação ainda não tem uma sede própria?
Iberê – Nós tínhamos uma sede adquirida no governo do Stupp. Mas pouca foi usada. Na verdade, nós da imprensa, nunca pedimos nada para políticos. Sempre foi nos oferecido.
 
A CRÍTICAFalta união entre a própria classe?
Iberê – Sim. Existem colegas de imprensa que criticam outros colegas de imprensa. Em muitos casos, ao invés de imperar a harmonia, impera a inveja.
 
A CRÍTICAQual a solução para resolver isso?
Iberê – Na verdade, faltam mais encontros. Faltam mais eventos para que os colegas estejam juntos e se conheçam melhor.
 
A CRÍTICA - Em outras épocas, existiam campeonatos de futebol e outros eventos, hoje não vemos mais isso. Qual seria o motivo?
Iberê – Fizemos sim campeonatos, encontro da imprensa, reuniões para elaborar ideias. Viagens para São Paulo, onde conhecemos grandes jornais, e Rio de Janeiro, lá estivemos com Hans Donner, da Rede Globo, numa palestra sensacional, quem foi saiu maravilhado. Mas depois que a nossa gestão acabou, quem assumiu não teve a mesma percepção de inovação e crescimento.
 
A CRÍTICA- Em que ano você deixou a presidência?
Iberê – Eu deixei em 2010. Depois assumiu o Matheus Madeira. Não vi sequer nenhuma tarefa dele. Nenhuma mesmo. Sempre pedíamos, mas ele sempre tinha uma desculpa e acabou seu ano e nada foi feito. Ele, inclusive, recebeu as chaves da sede toda montada em cima do Mercado Público e, simplesmente, não a utilizou mais e ainda não sabe onde foram parar os documentos da entidade.
 
A CRÍTICA – Como você encontrou esta sala que servia de sede para a APIT?
Iberê – Estive lá hoje (quarta-feira 10/07), junto com a presidenta de uma outra entidade. Fui ver se conseguia resgatar as atas e alguns objetos da associação, já que os dois últimos presidentes nada fizeram. Mas para minha surpresa, quando cheguei lá, encontrei um quadro, que tínhamos com muito carinho com fotos doadas pela família de José Carlos Aguiar e Walmor Silva, tapando um buraco onde era para ter um aparelho de condicionador de ar.
 
A CRÍTICA – Qual foi sua reação com tamanho descaso?
Iberê – Confesso que fiquei parado enquanto sentia as lágrimas correr em meu rosto. Vi toda uma história sendo pisada e menosprezada por pessoas que apenas usam a APIT para promover seu nome e ego. Fiquei realmente muito decepcionado. Perdemos grande parte da história da nossa entidade.
 
A CRÍTICA – Seria o fim da APIT?
Iberê – Não. Em hipótese alguma vejo como o fim da APIT.
 
A CRÍTICA – Então o que precisa ser feito?
Iberê – Ainda contamos com alguns profissionais que fizeram parte da história e outros que querem assumir a APIT. Precisamos nos reunir e, se for o caso, até acionarmos a justiça para que a associação volte a funcionar de forma justa e por pessoas que realmente queiram brigar pela classe e não se autopromover. Temos que respeitar os antigos nomes que passaram pela APIT. Várias pessoas se dedicaram e isso merece nosso respeito e admiração. Alguns poucos fizeram, mas fizeram. 
 
A CRÍTICA – Você acredita que os dois últimos presidentes usaram a entidade apenas para fins próprios?
Iberê – Eu acredito sim, porque que eles não precisavam disso. São dois jovens formados que trabalham na imprensa. Já são bastante conhecidos e acho que eles não precisam aparecer ou se autopromover. Mas acho que foi um relaxamento de ambos e uma falta de respeito com todos os profissionais de imprensa. Confesso que estou bastante decepcionado com isso.
 
A CRÍTICA – Isso significa que hoje a APIT é mal representada?
Iberê – Digo com todas as letras: hoje somos muito mal representados, muito mal mesmo.
 
A CRÍTICA - Existe algum dinheiro em caixa?
Iberê – Bom, isso quem pode responder melhor é o atual presidente. Mas acredito que não. Não vemos nada. Ninguém da diretoria comenta alguma mudança, algum projeto. Acho que nem quadro de associados existe. Mas deixo essa pergunta para a atual diretoria. 
 
A CRÍTICA – A partir de agora o que será feito para mudar esta realidade?
Iberê – Vamos juntar as forças com pessoas e profissionais que realmente queiram mudar e fazer uma história diferente. Estaremos nos reunindo dentro de poucos dias. Fizemos uma reunião, há cerca de um mês e uma próxima está agendada. Vamos conversar com o atual presidente para que ele deixe o cargo, já que expirou seu prazo e este pouco fez. Aliás, fez um debate ano passado e apenas usou o nome da imprensa. Foi alvo de muitas críticas pelos profissionais do ramo. E faremos uma diretoria disposta a trabalhar. Quem quiser concorrer basta esperar o edital ser publicado para formar uma chapa. Queremos é que esta situação mude. Assim como está não pode continuar. A APIT merece respeito.
 
A CRÍTICA – O atual presidente está ciente que o seu prazo esgotou?
Iberê – Sim, ele foi procurado por mim. Foi comunicado, e disse que iria publicar o edital. Agora estamos esperando para tomarmos as providências.
 
A CRÍTICA – Já existem possíveis nomes para concorrer?
Iberê – Creio que existam sim. Mas ainda não de forma oficial. Sei que algumas pessoas querem mudar este panorama. Querem dar uma identidade para a entidade se levantar de uma vez. É uma classe forte que merece respeito. Vamos torcer para que mude esta situação de descaso e desrespeito com os atuais profissionais, e com quem já morreu, inclusive.
 
A CRÍTICA – Para finalizar, como você analisa os mandatos de Matheus Madeira e Henrique Bueno?
Iberê – Péssimos, péssimos, péssimos. Não tenho nem palavras. Acho que no fundo eles sabem que não lutaram e nada fizeram pela classe. Quem trabalha no meio sabe e vê o que está ocorrendo. A APIT é para o associado e debate político não tem nada a ver com o associado.

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