Bispo de Tubarão fala sobre vários assuntos, entre eles, casamento gay e Jornada Mundial da Juventude

01/07/2013 11:42
O Brasil vive nos últimos dias uma onda de protestos e alguns até violentos. A maioria deles comandada por jovens estudantes que buscam uma mudança para o país. A reportagem do Jornal A Crítica entrevistou com exclusividade o bispo da Diocese de Tubarão, Dom João Francisco Salm e sua assistente particular a irmã Elisângela Sales de Alencar. Ele pede engajamento dos diocesanos nas ações relacionadas com o Ano da Fé, Cinquentenário do Concílio Vaticano II e na Jornada Mundial da Juventude de 2013 e atividades na comunidade. O bispo também fala sobre o problema com as drogas, o casamento e adoção de criança por um casal do mesmo sexo e a posição da igreja com relações a este e outros assuntos polêmicos.
 
A Crítica – O Brasil recebe no mês que vem a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro. Quem serão os representantes de Tubarão e região?
Bispo – De Tubarão serão várias pessoas. No total devem ir em torno de 800 integrantes.
 
AC – Como foi organizado este processo para participar da Jornada? 
Bispo – Este processo foi feito através das paróquias. Deveremos ter pelo menos 13 grupos indo de ônibus e mais quatro indo de avião.
 
AC – Quem estiver interessado como deve fazer para ir?
Bispo – Infelizmente agora não temos mais lugar. Pelo menos os nossos grupos estão fechados, porém, isso não impede quem quiser acompanhar de ir, já que é um evento aberto. 
 
AC – O que esta Jornada Mundial poderá representar para os jovens?
Bispo – É um evento que devemos receber pessoas de toda a América Latina. Temos recebidos muitos contatos de pessoas de outros países. A igreja é idealizada também pelos jovens. O fato de vermos os jovens se organizarem, se mexerem para ir neste encontro já reflete algo muito positivo para igreja. Eu estive no Rio de Janeiro em fevereiro e percebi que já tem gente do mundo inteiro trabalhando. Alguns aprendendo a falar português, outros falando com dificuldades, enfim, mas todos em busca de realizar e participar de um encontro histórico.
 
AC – Qual é a sua avaliação do jovem do mundo atual?
Bispo – Temos vários aspectos para olhar. O jovem é uma vitalidade explosiva digamos assim. Mas se olharmos de um outro ponto de vista da sociedade, temos muitos jovens vulneráveis. Muitos sofrem com o desemprego, com a violência, droga e a prostituição.
 
AC – De quem seria a culpa?
Bispo – Não podemos apontar um culpado. Todos precisam tentar é mudar isso. Uns jovens contam com um poder aquisitivo mais alto. Contam com estudos e melhores condições de vida. Uns conseguem emprego, outros não têm como ganhar a vida. Muitos jovens querem vencer na vida e chegam a se entregar à prostituição para poder pagar seus estudos.
 
AC – Qual seria a solução?
Bispo e irmã – Deveriam criar uma política pública onde o jovem tivesse acesso na educação, trabalho, desenvolvimento de projetos e uma maior participação na sociedade. Faltam oportunidades muitas vezes. Estes jovens de 28 paróquias e 18 municípios que vão ao Rio de Janeiro, estarão lá por que criamos um clima exatamente do jovem que se compromete com a igreja. Coisas deste tipo devem ser feitas. Não só na igreja, mas em outros segmentos. Assim eles podem mudar e acreditar em si mesmo.
 
AC – Essas recentes manifestações podem afetar a Jornada Mundial?
Bispo – Pode sim. Isso pelo fato que o Rio de Janeiro já consta com índices de violência conhecido no mundo inteiro. Muitos pais não devem deixar seus filhos irem. Apesar dos protestos serem por mudanças melhores, infelizmente ainda alguns deles contam com a violência. 
 
AC – Voltando para as questões da Diocese de Tubarão. Qual o motivo da igreja não aceitar bailes abertos nos salões paroquiais?
Bispo – Bom, eu estou chegando aqui agora. Mas estes bailes não fazem muito sentido pelo fato de que não são danças familiares. O que não é ambiente familiar não é ambiente de igreja. Queremos eventos onde a família possa participar de forma tranquila. Mas isso não impede as comunidades de realizarem festas juninas, casamentos, quermesses, jantares ou outros eventos onde a família possa estar junta em total clima de paz e harmonia.
 
AC – O que é o dízimo?
Bispo – O dízimo é uma oferta. Quem compreende a vida a partir do evangelho, sabe que a vida é um presente de Deus. Se eu participo da comunidade recebemos o amor mútuo e participamos diretamente das atividades pastorais, enfim, isso tudo precisa ser sustentado. Mas muitos trabalhos precisam ser pagos. Porém, tem casos que as pessoas não podem estar diretamente ajudando, e colaboram com o dízimo. É um modo espontâneo de agradecer a Deus. Não se vincula dízimo a nenhum direito. Só quem não compreende o dízimo acha que está sendo cobrado por algum serviço prestado pela igreja.
 
AC – O Brasil é o maior país católico do mundo. Por que existem poucos santos canonizados? 
Bispo – Toda a canonização é um processo muito complicado e extenso. É quando a igreja católica reconhece uma pessoa com uma vida heroica, prestativa e digna realmente de receber o título de santa ou santo e que merece ser seguida. Mas certamente teremos, mas santos canonizados.
 
AC – Quantos santos temos canonizados no país?
Bispo – Temos como santos o Frei Galvão e a Madre Paulina, que nasceu em Trento, na Itália.  Albertina é beatificada.
 
AC – Quem administra o Seminário?
Bispo – A igreja católica.
 
AC – Então não tem empresa privada administrando?
Bispo – Não, em hipótese alguma. O seminário é uma instituição da igreja católica. Mas isso não impede de recebermos doações de empresas ou outras instituições. Mas, quem administra é a igreja.
 
AC – A igreja católica continua perdendo fiéis para outras religiões?
Bispo – Segundo pesquisas recentes o número de católicos tem aumentado significativamente. Mas no Brasil existe uma reacomodação.
 
AC – O fato do aumento de outras religiões tem atrapalhado o crescimento da igreja católica?
Bispo – Eu não olho por esse lado. Existem muitas outras igrejas sérias e que merecem nosso respeito. Mas sabemos que outras são apenas criadas por interesse empresarial. 
 
AC – Qual é a sua opinião sobre o casamento gay ou união entre duas pessoas do mesmo sexo?
Bispo – Primeira coisa. Não podemos confundir essa união com família. Isso não podemos aceitar. Família para nós é: o homem é a mulher que se casam e têm seus filhos. Isso é família. Pai, mãe e filho. Não podemos dizer que gays, lésbicas, enfim, pessoas do mesmo sexo se casam. Eles firmam um contrato de união. Não é matrimônio. Precisamos preservar a união da família. O sexo não faz necessariamente parte de uma relação de amor. É um assunto complexo. Temos que respeitar.
 
AC – O que o senhor acha dessa chamada Cura Gay?
Bispo – O problema é que existem muitas pessoas com problemas de homossexualidade. Existem 17 tipos de homossexualidade comprovados pela medicina.
 
AC – Qual a sua opinião de um casal de gays que adota uma criança muitas vezes rejeitada por um casal de hétero?
Bispo – É tão difícil falar. Mas não duvido que estas pessoas possam dar amor. Mas eu olho por outro lado. Eu acho que a criança tem o direito de ter a figura de um pai e de uma mãe.
 
AC – Para finalizar. O que o senhor achando da Diocese de Tubarão?
Bispo – Estou vivendo uma nova jornada na minha vida. Fui muito bem recebido e quero retribuir com muito trabalho, amor e carinho a todos os fiéis que me acolheram de forma ordeira.
 
 
 
 

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