Carta do leitor (11dez10): crônica de uma noite não dormida

10/12/2010 22:02

Nome: Jony Coelho

E-mail: jony.coelho@unisul.br

Assunto: bagunça noturna

Mensagem: 

Crônica de uma noite não dormida.

 

Duas da manhã.

Após corrigir os trabalhos dos alunos, ponho as notas no sistema e vou para cama.

Não consigo dormir. O barulho lá fora é infernal.

Música em alto volume vem do restaurante próximo misturada com buzinas, gritaria, derrapagem de pneus e descargas a toda.

Levanto e vou para a sacada.

Na frente do estabelecimento dois motoqueiros esgarçam suas máquinas sob aplauso e admiração dos frequentadores.

Veículos estacionam na calçada, outros na contramão.

Pessoas entram e saem portando copos.

O diálogo é sublime, aos berros, para não falar no português corrompido.

Um automóvel avança o sinal torrando os Firestones. Outro pára e acompanha a música local com a buzina.

 

Três da manhã.

A farra continua.

Um idiota fura o sinal e entra zunindo na ponte Dilney Chaves Cabral.

Outro imbecil passa com um carro sonorizado, daqueles que estragam nossas praias. Passa com o volume no máximo. A música é uma delícia: tchum! tchum! tchum! tchum! Até balança o pé-de-borracha.

A gritaria e o fundo musical continuam.

Em frente ao negócio, encachaçados cambaleiam entre os carros.

Moças bonitas conversam aos brados. Lembram personagens de filmes de terror classe B.

Mais um veículo fura o semáforo e entra na Lauro Muller, na contramão.

Buzina pedindo passagem. Dá para ouvir as gargalhadas dos ocupantes.

Ligo para o 190. O policial diz que mandará verificar. 

 

Quatro da manhã.

Tudo igual.

Buzinaço.

De repente dá uma acalmada.

A polícia passa, olha, verifica e parte.

Mal saem da vista e o mesmo idiota que furou o sinal retorna pela ponte Dilney, na contramão.

Na frente da sonora taverna duas Barbies de academia, visivelmente emborrachadas, trocam ameaças verbais. Dá em nada.

Chegou à hora da quebra de copos e garrafas na calçada.

 

Cinco e onze da manhã.

O som foi desligado, o movimento está acabando.

Pardais e corruíras anunciam o novo dia.

Não consigo dormir.

Tenho que corrigir mais trabalhos e preparar prova para a noite.

Talvez dá uma cochilada lá pelas onze da manhã até o almoço.

À tarde vou trabalhar no escritório da universidade até as seis. 

Voltarei para casa e em seguida irei para a aula. Hoje tem prova.

Devo retornar lá pelas dez e meia ou assim que os alunos terminarem a avaliação.

Na volta ainda precisarei corrigir os testes e botar as notas no sistema. Os alunos no final do semestre ficam ansiosos, querem resultado rápido. Precisam saber se foram aprovados por média.

Depois irei para a cama.

Será que vai ter farra?

 

Jony Coelho

Arquiteto e Professor

Morador da Rua Lauro Muller no centro de Tubarão.

—————

Voltar