02nov13 - Comunidade (por Munir Soares)

31/10/2013 11:18
O BOIÃO E O BOTO
 
O sequestro
O paraíso estava em festa. Na lagoa as embarcações, num suave balanço, singravam, serenas, pelo canal da barra da Laguna. Os pescadores, com a tarrafa na mão e paciência de Jô aguardam a chegada dos botos que, de pança cheia, preferem brincar no meio da lagoa. Quem poderia imaginar que mesmo diante daquele poético cenário alguém maquinasse, à socapa, um atentado contra a natureza. Pois foi o que aconteceu em 1984, quando um filhote de boto foi sequestrado, talvez, com a cumplicidade de algum morador da terrinha. Sete anos depois, um boto de nome Flipper era atração num tanque da “Seaquarium” na cidade paulista de São Vicente.
 
O resgate
Obrigado a fazer vários shows por semana Flipper foi ficando estressado e, não fosse pela atuação de um grupo de ambientalista ele talvez tivesse terminado seus dias naquele tanque. Por decisão judicial, o boto, aposentado, maltratado, foi autorizado a retornar ao seu habitat natural: Lagoa Santo Antônio dos Anjos, mais especificamente, molhes da barra.
 
O retorno
1994 – Um helicóptero sobrevoa a localidade de Ponta da Barra trazendo como passageiro, o ilustre boto Flipper. Uma multidão o aguardava. Durante quase dois meses ele ficou num cercado, junto ao molhe sul, reaprendendo a pescar, o interesse da mídia nacional e até internacional levou a região da Barra, milhares de pessoas. O faturamento dos restaurantes, quase que triplicou. A partir daí, a Ponta da Barra foi integrada, definitivamente ao roteiro turístico da região. Na ocasião, numa crônica, solicitei ao Irani Ramos, proprietário do Restaurante Boião que mandasse construir um monumento ao boto Flipper que tanto bem fizera aos negócios da região da barra. “Boião” não se fez de rogado e mandou esculpir dois botinhos que ainda estão lá, ao lado do seu restaurante.
 
Epílogo
O boto Flipper após um breve congraçamento com seus familiares da lagoa, saiu barra afora. Teria sido visto, pela última, nos arredores da praia de São Vicente, local de seu cativeiro. Deve ter morrido por lá. Esta semana, faleceu Irani Ramos, o “Boião”, um cidadão alegre e contador de mil histórias. Assim como o boto Flipper, mergulhou fundo nas águas da eternidade. “Boião” morreu, mas fez história.
 
 
ORAÇÃO PELA SANTA TERRINHA?
Um buraco novo/ a cada dia. Um palavrão a toda hora. Minha santa padroeira/ serena Coruja Buraqueira/ perdoais nossas ofensas. Tu que fazes dos buracos o teu ninho/ capricho da natureza. Compreendes nosso desalento/se nosso fim é numa cova/ por que teremos que viver, no buraco? 
 
 
A HORA DO RONCO
A etapa do campeonato mundial de jet-ski foi descartada. O ronco dos motores poderia afetar o cotidiano dos nossos botos. O carnaval de praia foi transferido para a avenida beira-mar. O ronco das cuícas estaria perturbando o sossego comercial nas avenidas João Pinho e Senador Galotti. Esta semana chegou a notícia de que o “Moto Laguna” deste ano pode ser cancelado. O ronco das motos estaria tirando o sono de muita gente. Prefeito Everaldo teria se reunido com os organizadores do evento.
 
 
SOPAPO OU SÓ PAPO?
O arranca-rabo entre os vereadores Kek e Roberto Alves já faz parte do folclore da colenda Câmara da Laguna. Dizem que na última sessão, a coisa ficou mais animada, quase foram às vias de fato, isto é, se pegaram no pau. Nem a mangueira do Silva Bombeiro conseguiu esfriar os ânimos. Psicólogo da Casa, chamado às pressas, teria diagnosticado o seguinte:
___ Crise de identidade!
___ De ambos?
___ Não, do vereador KEK (PP). Ele quer provar que é o “MACHO” da Casa e todo mundo sabe que “macho” é o Waldomiro (PMDB) 
Já tivemos em outras legislaturas cenas bem mais deprimentes, inclusive com brigas no plenário. Refrega corpo-a-corpo. Uma dessas escaramuças legislativas por pouco não acabou em tragédia. A Câmara ocupava a parte superior do mercado público. Na hora da confusão o publico tratou de se por à distância.Um cidadão, nem percebeu que no rolo tinha sido levado para o outro lado da sala, beira da lagoa. Ao saltar, não encontrou marquise e, caiu no mar. Só que o momento atual está a exigir do Poder Legislativo uma postura firme, decidida e mais envolvida com os problemas do município que bate o recorde em número de assassinatos, precisa decidir sobre plano diretor da cidade e tem problemas sérios com a estrutura viária, etc.
 
 
DO FUNDO DO BAÚ
 
Gatos e gambiarras
Historia sobre economia de energia, a pedido do Righeto, funcionário da Celesc, eficiente técnico em eletricidade. Na padaria os fregueses aguardavam mais uma fornada de pães de trigo. Pão quentinho tem outro sabor. As balconistas conversavam entre si:
___ Como estás com o teu amor?
___ Despachei o bofe, com pesar, é verdade...
___ Mas não era um gatão, vendendo energia e que bastava te colocar o dedo na tomada que já ficavas toda acesa?
___ Ele estava era consumindo minhas energias, de todas as maneiras, na cama, no chuveiro, ferro-elétrico, etc.
Banho ele tomava três por dia com duração de uma hora, cada um... O ferro ficava ligado o tempo todo. O folgado era do tempo em que se engomava cola de camisa. Com a chegada da conta da Celesc, levei um choque, perdi o tesão, mais de 200 reais.
___ Teu assanhamento estava saindo muito caro. O gatão não ajudava nas despesas?
___ Ele é, literalmente, um “João ninguém”, duro e limpo. Só não encerrei essa ligação perigosa porque ele prometeu resolver o problema do consumo de energia elétrica.
___ Durante a noite, como um gatuno, meu gatão subiu no poste disposto a armar um “gato”, isto é, ligação clandestina para roubar energia.
Mais tarde fiquei sabendo que meu homem era um conhecido “gambiarra”, espécie de eletricista “matão”.
___ Paz na alcova, até no escurinho ele aceitava fazer amor. Estava sempre na boca do forno, rente como pão quente.
Desconfiei, era muita manteiga para o meu pão de bico.
___ Com a chegada da nova fatura quase me apaguei. O consumo de energia ainda era muito alto.
O “gambiarra” fizera o “gato” beneficiando a casa ao lado. O safado continuava fazendo de mim, gato e sapato. Dormia comigo e tomava banho com a vizinha. Meu gato era um mico. Dei um basta, fechei o circuito.
___ Estou-me satisfazendo com a vela...
___ Apelastes para o espermacete?
___ Somente para iluminação até que eu consiga pagar meu débito e a Celesc autorize a religação.
___ Sossegastes a “passarinha”?
___ Sim, mas confesso, toda vez que o fulano passa, a “passarinha” parece um vaga-lume, fica só piscando a luzinha...
Com a chegada dos pãezinhos, recém saídos do forno, a história foi interrompida.
 
 
CINE CHEDÃO
Na próxima semana teremos sessão de cinema no pátio da Pizzaria Chedão. Iniciativa de alunos da UDESC mentores do projeto “cinema itinerante”. No local já funcionou o Cine Arajé, posteriormente, Cine Glória. Se depender do Edésio, o filme exibido na Pizzaria, seria o faroeste “spaghetti” italiano: RANGO MATA A FOME! 
 
 
MUSEU ANITA GARIBALDI
Um cidadão, amigo do prefeito Everaldo ficou impressionado com o abandono a que o nosso museu foi relegado. Aproveito o ensejo para relembrar um fato acontecido na gestão anterior. Colombo Machado Salles, lagunense e ex-governador do estado, de passagem por Laguna resolveu dar uma chegadinha no museu da praça Anita Garibaldi. No andar superior, diante de uma foto sua, homenagem de seus conterrâneos, doutor Colombo teria perguntado a atendente:
___ A senhorita sabe quem é este homem?
___ Nem sei, mas parece que já morreu há muito tempo...
Pelo andar da carruagem, nada mudou.
 
 
PAPAI NOEL PREOCUPADO COM A SEGURANÇA DAS RENAS
Empresa CONFER estaria propensa a esburacar a rua Raulino Horn, ainda durante o período natalino. Alerta vermelho na sede da ACIL.
 

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