03ago13 - Pároco de Oficinas faz um balanço sobre a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro

02/08/2013 19:36
O padre Edinei Ouriques da Silva, 38 anos, é uma das 40 pessoas da comitiva da Paróquia São José Operário, que esteve na Jornada Mundial da Juventude, na semana passada no Rio de Janeiro. Ele voltou maravilhado com o que viu e com a renovação da fé principalmente pelos jovens tubaronenses e outros milhares que lá estavam. Foi o maior ato católico que ele já viu em toda sua história e não esconde a felicidade e satisfação por ter participado do encontro. Para ele, a igreja católica fica ainda mais fortalecida e adianta que um dos grandes responsáveis por isso é o carisma, a humildade e humanidade do Papa Francisco. 
Edinei é padre há seis anos e foi ordenado na cidade de Gravatal, de onde é natural. Assumiu como administrador paroquial da paróquia de Oficinas em meados do ano de 2011, permanecendo até então. Está na paróquia desde 2009 quando assumiu como vigário paroquial. Ele concedeu entrevista exclusiva para a reportagem do jornal A Crítica e conta como foi a viagem e a experiência nesta renovação com a juventude.
 
 
Jornal A Crítica: Qual a sua avaliação sobre a Jornada Mundial da Juventude?
Padre Edinei: Um conceito humano para o que houve não existe. Não tenho palavras. A palavra mais perto que eu vejo neste momento seria: Extraordinário.
 
 
Jornal A Crítica: Por quê?
Pe. Edinei: Porque estamos falando em quatro milhões de jovens, numa profunda experiência de fé.
 
 
Jornal A Crítica: Existe uma realidade do “antes” e do “depois” da Jornada?
Pe. Edinei: Eu vejo duas realidades contextuais no momento. Uma realidade é a fé que surge e que se torna presente no cotidiano na vida da igreja. Esta nova geração, os nossos jovens de hoje são jovens de fé. Eles não possuem uma ação mais participativa como antes, mas são jovens marcados por uma fé muito forte, muito presente, participação na vida da igreja naquilo que é possível. O segundo fator, que para mim é o primordial, é o carisma inigualável do Papa Francisco. A simplicidade, humildade e proximidade. Ele é um Papa que é próximo do povo, muito simples e muito humilde. Prova disso que ele deixou de lado as regalias que lhes são oferecidas como chefe da igreja católica. Ele consegue falar uma linguagem que o mundo quer e necessita ouvir. Ele não fala somente aos jovens. Ele fala para o mundo. 
 
 
Jornal A Crítica: A mensagem do Papa tem atingido os corações dos jovens?
Pe. Edinei: Sem dúvida alguma. Quando ele diz que um jovem que não é revolucionário, que tem receio e não se manifesta, ele pede para que vá para as ruas. Que lutem, acreditem em dias melhores, em mudanças. Isso é possível. 
 
 
Jornal A Crítica: Como o senhor avalia as manifestações que ocorreram durante o evento em diversos pontos da cidade?
Pe. Edinei: A maioria das manifestações ocorreu na parte fora do perímetro de onde ocorria o evento da Jornada. Por mais que a televisão mostrasse que era algo de grande vulto, na verdade era um pequeno grupo de pessoas que não chegava a ter 200 manifestantes. 
 
 
Jornal A Crítica: Quais foram os grupos que mais lhe chamaram atenção?
Pe. Edinei: Na sexta quando eu cheguei, tinha visto um pequeno grupo que defendia o aborto. Mas uma manifestação pequena. Grupos de GLS também se manifestaram, mas nada que viesse a ofuscar a grandiosidade da Jornada. Não causaram impacto algum, apesar da mídia mostrar.
 
 
Jornal A Crítica: Como o senhor avalia este tipo de manifesto, num local onde era pregado a paz e a renovação de fé?
Pe. Edinei: Eles têm o direito de se manifestar. Mas eles precisam entender que devem nos respeitar. Vejo muitos que querem ser respeitado, mas não respeitam. Se não tiver um respeito mútuo, tudo fica mais complicado e difícil. Quando são feitas as chamadas “Paradas Gays”, os católicos não saem nas ruas com faixas, bandeiras e cartazes para falar mal do evento. Eles podem se manifestar quando e onde quiserem, mas precisam e esperamos que eles respeitem nossos direitos, o direito de termos o nosso modelo de vida e fé em torno de Jesus Cristo.
 
 
Jornal A Crítica: Como o Papa viu algumas destas manifestações?
Pe. Edinei: O Papa deu uma entrevista na viagem de volta para Roma, onde disse "Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?", ele lembra que não devemos marginalizar essas pessoas por isso, mas é preciso integrá-las a sociedade.
 
 
Jornal A Crítica: Quais foram os pontos altos deste encontro?
Pe. Edinei: Destaco a Vigília no sábado e a missa de encerramento no domingo, na Praia de Copacabana.
 
 
Jornal A Crítica: Como o senhor avalia a participação dos Jovens na jornada?
Pe. Edinei: A participação dos jovens foi extraordinária, cabe destacar: A fé que eles expressaram, a perseverança, o respeito mútuo, a alegria que invadiu o coração de todos, a harmonia e paz que se fizeram presentes, não houve nenhuma briga. A devoção e a fé no dia da vigília, o amor a igreja expresso pelo amor ao papa. O modo como todos acolhiam os peregrinos. O cuidado com o ambiente onde eles se encontravam, a limpeza e o respeito pela natureza. Sem sobra de dúvida poderíamos citar a palavra de Deus em atos dos apóstolos, para expressar como foi à participação dos jovens na jornada - «a multidão daqueles que abraçaram a fé tinha um só coração e uma só alma» (Act 4, 32).
 
 
Jornal A Crítica: E o pós jornada? Qual a sua expectativa em relação à juventude neste pós jornada?
Pe. Edinei: A expectativa é muito boa. Os jovens voltaram muito animados, dispostos a fazerem o que o papa pediu. O engajamento dos mesmos deverá ser maior. Diversas paróquias já organizaram seu projetos pós jornada no intuito de ampliar a participação dos jovens na vida da igreja, no contato com os mais necessitados. Na Diocese teremos o Enjocri, como grande momento de nossa caminhada diocesana. Na Paróquia teremos uma missão jovem, com os jovens da paróquia que foram à jornada onde partilharão com as comunidades e os grupos de perseverança e crisma a experiência da JMJ. Um retiro anual dos jovens, a realizar-se em setembro.
 
 
Jornal A Crítica: Baseado na Jornada Mundial da Juventude, qual é o seu destaque sobre a vinda do Papa.
Pe. Edinei: O Papa veio trazer uma luz para a igreja e para a América Latina um sinal de esperança muito forte. Os jovens sentiram isso no coração. E não somente quem esteve lá. Mas quem acompanhou de casa, de uma forma ou de outra sentiu-se tocado pelo novo Papa. A mensagem foi muito objetiva e direta. E ele conseguiu atingir a todos quando disse para abraçarmos nosso irmão necessitado, olhar com mais carinho quem precisa, ajudar e estender nossa mão para quem precisa. Agora os jovens estão renovados e mais cientes de que podemos e devemos ter um mundo melhor. Basta cada um fazer a sua parte. 
 
 
Comitiva da Paróquia São José Operário que esteve na Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro 

—————

Voltar