05nov11 - Entrevista do prefeito Tinto irrita vereador em Orleans

04/11/2011 17:50

 

A manifestação do prefeito Jacinto Redivo, o “Tinto”, em uma rádio local, mexeu com os brios do vereador Osvaldo Cruzetta, o “Vá”. Mostrando-se indignado, o edil não poupou farpas ao chefe do Executivo e defendeu a independência do Legislativo em sua atuação. “Quero dizer sobre minha insatisfação com as palavras do chefe de nosso município, que tem usado na Rádio Luz e Vida, num pronunciamento sobre nossa votação aqui na Câmara sobre o projeto do financiamento do BADESC. Não poderia como vereador, num momento como esse, aceitar aquilo que foi dito pelo nosso prefeito, desafiando a todos os vereadores, principalmente os cinco que votaram ao contrário ao projeto, dizendo que os vereadores são incompetentes. Olha só a ousadia do prefeito. Desrespeito com a nossa sociedade, com a nossa gente. Não é só desrespeito com o vereador, não. Nós todos estamos aqui porque passamos por uma aprovação, por um vestibular popular, que foi o voto nas urnas que falaram mais alto e que fizeram estarmos aqui e não nos acovardar diante dos problemas que aparecem. Não é porque o chefe maior chega na emissora de rádio e diz que os vereadores são incompetentes porque eu não vou cansar de dizer o nome deles. Era bom que fosse todos os dias na rádio dizer que somos incompetentes e que não deveriam mais votar em nós porque estará fazendo campanha para nós e não precisaríamos mais pedir voto. Porque o povo já sabe em quem vai votar. O que não podemos é concordar com essa barbaridade que querem fazer. Querem se esconder atrás das coisas. Toda a vez que pedimos informações tem uma justificativa do passado querendo desenterrar coisas que já passou há 20 anos. Estamos vivendo um presente. Em épocas passadas essas pessoas e esses partidos também já governaram Orleans. E se existe passado, existe de vários prefeitos. Tentam amedrontar vereador dizendo que vão lembrar coisas do passado. Que fale. Estamos aqui para rebater e para dizer o contraditório. Eu não vou me acovardar aqui não. Essas palavras que o prefeito disse quero ver com que cara os vereadores vão na rua pedir voto. Eu vou com a minha cara como sempre fui. Nunca pedi a cara de ninguém emprestada para ser candidato como esse prefeito que está aí e que se elegeu com a cara de outro, que foi o prefeito Valmir Bratti porque não sei se ele tivesse colocado a cara na rua não sei se era prefeito.  Vamos ver no ano que vem. Vou botar a minha cara de novo na rua e não vou me esconder e vou pedir voto para mim e para meu partido. Mas quero ver com que cara ele vai pedir voto para ficar. Se quiser permanecer na prefeitura, primeiro vai ter que passar pelo voto do povo que é quem vai dizer quem vai continuar governando esse município. Se essa equipe que está aí está mesmo com a aprovação como dizem de 40, 50 ou 80 por cento. E se o povo assim  o decidir eu sou o primeiro a respeitar e chegar aqui e cumprimentar porque eu estou errado. O que não vou aceitar são essas propostas que estão sendo ditas aí, tentando amedrontar vereadores e que tem que votar aquilo o que querem. Não é assim, não. O Legislativo aqui é independente e aqui nós temos responsabilidade. Aqui não é papel de criança e de molecagem que ficam aí, de secretários que ocupam cargos no alto escalão do governo e que ficam por aí embriagados, falando um monte de bobagem. Onde está a responsabilidade dos cargos? Eu estou aqui com responsabilidade. Quando eu voto a favor ou contra eu sei o que estou votando e voto para decidir questões do município. Somos nós que vamos cumprir o que aprovamos aqui. É o povo de Orleans, o que trabalha e paga seus impostos, que derrama o suor para o progresso desse município. São essas pessoas que temos que respeitar”, discursou.
O líder do governo na Câmara, João Tezza Francisco, o “Dão”, primeiro questionou a presidente Lela Padilha porque o regimento interno, onde diz que os vereadores têm direito há cinco minutos cada um e com inscrição e tem visto pares falando 15 a 20 minutos, utilizando sempre a prorrogação do tempo. “Por isso queria que a senhora olhasse com mais carinho e seguisse o regimento ou o mudássemos”, sugeriu. Dão, afetado pelas críticas ao prefeito, procurou mostrar o outro lado da atuação do governo. “Quero falar de nossa patrola, que muita gente duvidava, há poucos dias, já está em nossa garagem. Com muita força e muita coragem e todas as vezes que estivemos em Florianópolis trouxemos alguma coisa. Já trouxemos da Capital, duas retro escavadeiras, uma S-90 do governo estadual onde nosso deputado José Ney e nosso governador nos beneficiaram. Nessa última viagem trouxemos essa patrola, trator, uma roçadeira e estamos pleiteando a ponte do Oratório e do Rio laranjeiras. Foram cinco prioridades para Orleans. Queria saber dos vereadores aqui dessa casa o que trouxeram para Orleans? Eu toda a viagem que fiz a Florianópolis, sem discurso nenhum, sem incomodar ninguém, veio algum resultado para o nosso município. Ele tem falado que votam contra. Têm sim, votado contra o povo, pois não votar nesse projeto de R$ 3,5 milhões é votar contra a população. Depois vêm dizer que defendem o povo. O Mário fala de coisas de antes de Cristo e aí não querem votar no passado porque é muito triste o passado de muita gente e por isso não querem relembrar. Tenho falado pouco nessa Casa para evitar incômodos, e calado a gente diz muita coisa. Eu não tenho boa oratória mas, quando falo eu bato na mesa, me garanto. Não me sinto bem com os pronunciamentos, venho engolindo coisas por muito tempo, onde tem muitas coisas que não estão de acordo”, concluiu o líder do governo.
A presidente Lela Padilha, diante dos pronunciamentos enfáticos dos vereadores Mário Coan e Osvaldo Cruzetta, disse que não acha que o prefeito Jacinto Redivo, o “Tinto”, não seja ignorante. “Tem momentos que o prefeito é tão astuto e ardiloso que tenta mexer com os brios dos vereadores, para ver se tem algum que é seguidor do Mário e decide agir de outra forma. Cada um aqui age conforme pensa. Hoje, acho até que foi pela primeira vez, na rua fui parabenizada por uma professora pós-graduada pela nossa decisão quanto ao projeto do financiamento. Cada vereador teve a sua opinião e seus fundamentos e está aí o resultado”, expressou-se. Já o vereador Antônio Dias André, o “Geada”, depois de assistir seus colegas de plenário trocarem farpas entre si, pediu um pouco de paz e que, ao invés de citar filósofos como Aristóteles e Platão, fossem mais nacionalistas e procurassem falar sobre colocações de Rui Barbosa e Olavo Bilac, entre outros, procurando acalmar o clima de animosidade que parecia reinar, no final de sessão.
Vereador Osvaldo Cruzetta: “esse prefeito que está aí se elegeu com a cara de outro, que foi o prefeito Valmir Bratti, porque não sei se ele tivesse colocado a sua cara na rua, não sei se era prefeito”
Vereador João Tezza Francisco: “Não me sinto bem com os pronunciamentos, venho engolindo coisas por muito tempo”
Presidente Lela Padilha: “Tem momentos que o prefeito é tão astuto e ardiloso que tenta mexer com os brios dos vereadores”
Vereador Antônio Dias André pediu um pouco de paz na sessão
 

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