09ABR11 - COMUNIDADE (POR MUNIR SOARES)

08/04/2011 21:26

CRISTIANIZAÇÃO DO PMDB
Corria o ano de 1950. Eleições presidenciais. Cristiano Machado foi indicado candidato à presidência do Brasil, pelo Partido Social Democrático (PSD), em convenção partidária. Foi traído, pelo “fogo amigo”. Abandonado pelos próprios correligionários, que apoiaram a candidatura de Getúlio Vargas, que foi eleito. Dissidências partidárias teriam gerado a “operação Judas”. O termo “cristianização” passou a designar quaisquer tipos de traição do gênero.
Acabou a novela da 19ª SDR. Durante quase seis meses, o PMDB de Laguna, foi cozinhado em banho-maria, engambelado por suas mais expressivas lideranças. Finalmente. No final do mês de março, chega a notícia, “crônica de uma morte anunciada”. O vereador Christiano Lopes (DEM), de Imbituba, fora o escolhido para ser o Secretário Regional da 19ª SDR. O PMDB de Laguna acabava de ser CRISTIANIZADO. Dos líderes peemedebistas ouviu-se, apenas, o silêncio. Nem choro e nem vela. Dizem que na escadaria de acesso à sede do PMDB, no Centro Histórico, um simpatizante, desiludido, cantava:
“Você pagou com traição/ a quem tanto/lhe deu a mão...?”
___ Mas, o engenheiro Antônio dos Santos, presidente do Diretório local, do PMDB, não foi indicado para Diretor-Geral (futuro Secretário Adjunto)?
___ Verdade. Deve ter aceito o encargo, com uma missão, pois é amigo do Governador Raimundo Colombo e um político de espírito conciliador, capaz de amenizar as rusgas partidárias.
Cumpriu-se a tradição. O PMDB, maior partido do país, elegeu o Vice- Presidente da República, Vice-governador de Santa Catarina, e o Vice secretário regional. Está ficando VICIado.
Lembrete: Antônio dos Santos é irmão de Everaldo dos Santos, atual presidente da Câmara Municipal, e um dos “prefeituráveis”. Ambos com o cordão umbilical no município de Pescaria Brava, recém emancipado.
Como ficaram as nomeações dos demais Gerentes da SDR? Até esta data (quarta-feira, 6 de abril) somente boatos: Felipe continuaria na Saúde (cota do dr.Eduardo Moreira). Indicação de três ou quatro nomes para Gerências estaria a cargo da deputada Ada de Luca. Comenta-se, na surdina, que no PSDB local, estaria havendo disputa para indicação do Gerente da Educação. Cresceu o bico do tucano? Para a Assessoria de Imprensa, a lei, agora, exige que o titular tenha curso superior de jornalismo. Complicou! Ressalte-se a maneira inusitada, com que os “desafetos” “festejaram” a exoneração da Gerente da Educação. Com queima de fogos.
Pergunta: A professora Edna (Educação) prestigiada pelo ex-governador Luiz Henrique da Silveira vai, mesmo, continuar fora do primeiro escalão da Secretaria? Os fogueteiros que botem as barbas de molho.
Chega de folga. Vamos trabalhar!

SENTIU O CLIMA
Na reunião da Passagem Barra, domingo passado, ficou acertado que as obras de pavimentação da estrada Barra/Farol serão iniciadas dia 10 de maio. Christiano Lopes Secretário Regional, presente ao evento, deve ter sentido a força, e a disposição das lideranças da ilha.

A PRIMEIRA IMPRESSÃO E A QUE FICA...
Nosso encontro foi na Pizzaria Chedão, ao ar livre. Munir Soares, Flávio Bergler Nunes e Edésio Joaquim. Papo descontraído, alegre. Com a chegada de Agilmar Machado a conversa mudou de rumo. A história da imprensa escrita, da qual quase todos de nós, havíamos participado, como coadjuvantes, ou no papel de protagonistas, trouxe ao ambiente, um toque de gostosa nostalgia. Flávio é um excelente jornalista, uma espécie de gladiador tipográfico, irrequieto, combativo, herança paterna, filho que é, do jornalista e dono de jornais, Edgar Nunes. Criou-se na redação, dormia ao som da Marinoni, poderosa impressora tipográfica. Dormia sem nunca realizar seu sonho infantil, presenciar o fechamento do jornal. Árdua tarefa, que às vezes, só se completava com a chegada da madrugada. Agilmar, homem das comunicações, jornal, rádio e televisão, havia sido companheiro de Edgar Nunes, ambos, esgrimistas das letras, mensageiros de ideias, arautos da liberdade de imprensa.
Em 1974, com as chuvas intensas, os rios transbordaram, suas águas invadiram os campos, inundaram ruas. Derrubaram casas e pontes, afogaram pessoas. Consumava-se a catástrofe. Era o dilúvio apocalíptico, caindo sobre a cidade de Tubarão. Após a tragédia, a vida precisava continuar. Agilmar estava às voltas com a documentação, para a aposentadoria. Alguns papéis, comprovantes indispensáveis, haviam sumido, levados pela enchente.
___ Ouvi dizer, que o seu Edgar Nunes, conseguiu salvar todo o seu acervo jornalístico. Convém averiguar.
Realmente, tudo estava no sótão, local onde Flávio e irmãos passaram a dormir, desde a inundação. Infelizmente, o que interessava ao Agilmar havia desaparecido. Flávio havia acondicionado os tais jornais, em outra dependência, explicando-se.
___ Puro instinto. Ouvi dizer, que seu amigo Agilmar é um tremendo garanhão.Jamais me arriscaria a dormir em cima dos “documentos” dele...
___ Filho, trata-se de documento impresso...
___ Eu sei, mas a primeira impressão, é a que fica...
Antes de desfazer a roda, tomamos a saideira (12ª) com um brinde aos 80 anos do seu Edgar, e à memória do jornalista, artista plástico e chargista, Richard Calil Bullos.

O FUTURO CHEGOU
A UDESC reuniu em Laguna estudantes de arquitetura e urbanismo dos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Esbanjaram alegria por entre as ruas estreitas, e o casario histórico. As barracas ocuparam todos os espaços do camping do “Goiaba”, na raiz dos molhes. Brincando e estudando. De olhos vendados um dos estudantes, pelo tato, ia tentando descrever o tipo de construção de determinada casa, suas portas, janelas, beirados, etc. Suas observações eram anotadas por outro colega.
Prefeito Célio informou, em entrevista, que o vice-governador Eduardo Moreira acenou com a possibilidade de trazer mais dois cursos para a UDESC, campus de Laguna. Boa notícia.

BALÉ AQUÁTICO
Centenas de biguás pousaram sobre a superfície líquida da lagoa Santo Antônio dos Anjos, ao lado do Mercado Público. Chegaram em fila indiana. Em seguida, agruparam-se, e ficaram girando, ao sabor da maré de vazante. Posteriormente, tomaram o formato de um alicate, com duas pernas bem abertas. Por entre as pernas do balé, surgem dois botos, mergulhando e emergindo, como se fizessem parte daquele grupo de balé aquático. Havia a maior paz entre as espécies. Eis, que sentem, a aproximação de dois caiaques, impulsionados pelas remadas de dois jovens. A revoada foi imediata. Tudo captado pela lente do fotógrafo Ronaldo Amboni.

DE NOVO A BANDA DEBANDA
“Você pensa que cachaça é água/ cachaça não é água não/ cachaça vem do alambique, e água vem do Ribeirão”.
Ao contrário da marchinha carnavalesca, na Laguna, a cachaça boa, vinha do Ribeirão. Ribeirão Pequeno comemora 100 anos como Distrito do município de Laguna. Seus moradores sempre foram guardiões das manifestações culturais, e folclóricas da região. Sob a batuta do maestro Canuto Menezes, o distrito teve sua Banda Musical, Terno de Reis e o Boi-de-mamão, tradição que se mantêm viva. Para as comemorações do centenário do distrito foi convidada a Banda Carlos Gomes. O ônibus prometido pela Prefa, não compareceu e a Banda, debandou, de novo.

DE NOVO?
Sim, a história se repete. Década de 50. Festa no Ribeirão Pequeno. A Banda União dos Artistas fora contratada, para animar o grande baile de encerramento. Salão lotado. Boa música, gente bonita, pares alegres rodopiavam sem parar. Acontece nas melhores sociedades, alguém bebe, exageradamente, mexe com a mulher de outro, e começa a confusão. Empurra-empurra, corre-corre. Os músicos debandaram única forma de proteger seus instrumentos de trabalho. Saíram pelos fundos, passaram abaixados, sob uma parreira de chuchu, e abrigaram-se no fundo quintal. Pedro Maria, músico respeitável, nem teve tempo de desvencilhar-se de sua Tuba, levo-a nas costas, arrastando-a pela ramada da parreira. Levando tudo de roldão.
Tudo calmo no salão. A banda é reconvocada. Reinicia-se o baile. A tuba parecia diferente, inclusive, mais pesada. O som, produzido com muito mais esforço que, habitualmente, era fanhoso. Teria gato na tuba? O músico emborca o instrumento e, para surpresa geral, do seu interior despencam duas dúzias de chuchu.

SOCORRO DOBRADO
Nossas centenárias bandas musicais, “União dos Artistas” e “Carlos Gomes” continuam pedindo socorro. O teto da sede, de ambas as corporações está despencando na cabeça dos músicos. Código de Solidariedade: cada vereador não poderia acionar seu deputado em busca de auxílio? A sobrevivência das Bandas não vale o “sacrifício”?

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