09jul11 - Comunidade (por Munir Soares)

07/07/2011 12:00

 A PIPOCA, O PINHÃO E O AMENDOIM.

Nas lembranças que ficaram, o inverno era mais frio naquelas noites de junho, no final da década de 50. O filme “Casablanca” Com Bogart e Ingrid Bergman embalava os casais de namorados, no escurinho do cinema. Após a sessão, o indispensável “footing”, ao redor do jardim Calheiros da Graça. Através dos serviços de alto-falante, a Rádio Difusora espalhava música pela praça. Romantismo e paixão estavam no ar. “Hoje, eu quero a rosa mais linda que houver, quero a primeira estrela que vier/ para enfeitar a noite do meu bem”. Cauby cantando “Conceição”, “Ouça”, “Vá viver a sua vida, com outro bem”. “O boêmio voltou, novamente”, “Errei sim, manchei o teu nome...”. “Mocinho bonito” metido a bacana, “vives na rua jogado/; és um fósforo queimado/atirado no chão”. Ângela Maria - Lampião de gás/ quanta saudade você me traz” mas, “para que chorar o que passou,lamentar perdidas ilusões/ se o ideal que sempre nos acalentou/ renascerá em outros corações...”.

Defronte ao cine Mussi, a carrocinha de pipoca “Floco de Neve” ficava estacionada até ao final da sessão cinematográfica. Os vendedores de pinhão ofereciam o produto, cozido, com casca e bem quentinho, acondicionado em sacos de aniagem, porque garantiam a quentura por mais tempo. Era vendido, por unidade. Cada semente, tem aquela cobrinha no meio que, segundo cronista Sérgio da Costa Ramos, é o sêmen do pinhão. Apesar de ser oferecido, dentro do saco, e com esperma, de aperitivo, quem conquistou fama de afrodisíaco, foi o amendoim. 

Aqui, na terrinha, a “torradinha”, amendoim torrado salgado, ou sem sal, era vendida por centenas de jovens. Estavam por toda parte, nas portas de cinemas e teatro, nos campos de futebol, nas procissões, nos cafés, e até nas proximidades dos salões de sinuca. Sem contar os fregueses fixos, fiéis. No Café Tupy, ou no Café do Comércio, havia sempre um pires com um montinho de torradinha. Saboreada, entre um cafezinho e outro. A função social do amendoim deve ser reconhecida, uma atividade informal, que muito contribuiu para aumentar a renda familiar, sem tirar o jovem da escola.

Uma tampinha (copinho) de folha de flandres, ou de alumínio, era a medida usada pelos “torradinhas”. Com o passar do tempo, com a freguesia rareando e o amendoim aumentado de preço, alguns vendedores amassavam o fundo da vasilha, para dentro, passando a vender menos amendoim, pelo mesmo preço.  Fim da “torradinha” e dos vendedores de pinhão. Curiosamente, a pipoca, que utilizava pouca mão de obra, é a única das três atividades que continua em alta, no mercado.

E quanto ao poder afrodisíaco do amendoim? 

___ Nunca ficou provado, mas é um alimento rico em vitaminas do Complexo B e Aminoácidos, substâncias que melhoram a circulação do organismo, inclusive dos órgãos sexuais.

Quem não tem Viagra, caça com amendoim.

 

POLÍTICA

 

CHARIVARI NA PESCARIA

A decisão do TRE-SC de instalar uma sessão eleitoral no prédio da Escola de Bananal, considerava a localidade como parte integrante do novo município de Pescaria Brava, coisa que até a Comissão Pró Emancipação do Distrito, ignorava. Berreiro e correria. Lei aprovada pela Assembléia Legislativa de Santa Catarina, teria considerado um marco antigo, do IBGE, que demarcava os limites entre os distritos de Pescaria e de Ribeirão Pequeno. Pelo dito marco, Bananal, inteirinho, pertence ao município de Pescaria Brava. A terrinha perderia mais uns 600 eleitores. Em entrevista ao radialista Souza Junior, Prefeito Célio afirma que as coordenadas geográficas não permitem outra interpretação. Bananal continua pertencendo a Laguna. O erro deve ter sido do TRE. Vamos solicitar esclarecimentos. Aguardemos.

 

DESPROPORCIONALIDADE

LAGUNA perde território, fica com menos eleitores, e aumenta número de vereadores.

 

CHARIVARI - 2

No bar “Toca da Raposa,” o caso Pescaria Brava estava na ordem do dia.

___ Ouvi dizer, que alguns ilustres edis da nossa colenda Câmara vão disputar cargos eletivos, na Pescaria Brava...

___ Informação verdadeira, amigo Pirulito. São candidatos à vereança e à Prefeitura.

___ Uma dúvida intrigante. Para ser candidato lá, na Pescaria, os vereadores em questão, não terão que transferir residência para o novo município?

___ Exatamente, condição sine qua non, candidato tem que residir no município em que vai concorrer.

___ Efetuada a transferência do título, ou comprovado o novo domicílio, o candidato deixa de ser eleitor da Laguna, consequentemente...

___ Perderia o mandato de vereador.  E o prazo para oficializar a mudança de domicílio seria, até 7 de outubro de 2.011.

___ A Lei Orgânica do Município, capitulo II, subseção III – Da Perda do Mandato.

Artigo 35 – Parágrafo VIII – PERDE O MANDATO

___ Vereador que fixar residência fora do município.

No caso específico, vereador da Laguna que resida em Barreiros, Km 37, Taquaruçu, Siqueiro, etc., isto é, em outro município, poderia perder o mandato. Resumo da ópera. Vereador da terrinha, que se candidatar lá (Pescaria), perde o mandato, aqui (Laguna). A não ser que haja alguma legislação específica para o caso de município recém criado. Já tem suplente de olho. Charivari à vista.

 

REVOADA

Danilo Prudêncio, suplente de vereador e ex-secretário de turismo na Administração Célio Antônio estaria mudando de partido. Ele e seus amigos estariam abandonando o PP para ingressar no PT. Discordam da posição assumida pelos lideres do partido.

___ E, como fica a situação do vice-prefeito Luis Fernando S. Lopes (PP)?

 

FEIJOADA DO CHEDÃO

No último sábado, a feijoada na Pizzaria Chedão transformou-se num encontro social e gastronômico. Clientela variada e representativa da sociedade local. Comerciantes, comerciários, empresários, bancários, médicos, engenheiros e um contingente de jovens, bons de garfo. Quase todos com suas respectivas, esposas ou namoradas. Para alguns, o ágape só terminou às 16 horas.

O Despachante Édio Pinheiro e o eletricitário Riguetto, pouco falaram, atravancados que estavam com meia dúzia de joelhos de porco.  Destaque para o “seo” Venicio e esposa. Venicio, companheiro de pescaria do Chede, e do dr. Lúcio, com mais de 70 anos, é conhecido por sua virilidade sexual. Receita natural: semente de melancia, seca, triturada, misturada ao chá de folha de louro, em efusão. A tal mistura foi adicionada à feijoada de sábado, ainda não sabemos se produziu o resultado esperado. O Edésio Joaquim só queria saber de rabo, de porco. Efeito colateral?

Na mesa política, o PSDB foi presença maciça. Wilsinho, Sandro Cunha, Nazil Bento Junior com assessoria técnica do ex- vereador Nelson Mattos. No cardápio? Sucessão municipal, O projeto partidário é chegar à prefeitura. Qual a estratégia? No meio deles, senti-me como um galo velho, em tocas de raposas. Nem sempre o que dizem é o que pensam, é preciso tentar adivinhar seus projetos, nas entrelinhas. A pretensão é lançar candidatos a prefeitos, em Laguna e Pescaria Brava.

___ Surpreendentemente, o jornalista Flávio Bergler abandonou a arena etílica, muito cedo. Compromissos familiares. Um abraço. 

 

O BEATO DA CRUZ 

Pode-se dizer, que o radialista Batista Cruz é o porta-voz da religião católica, no rádio lagunense. Participa de todas as festas religiosas, amigo de padres e bispo, freguês das quermesses. Irmão de Santo Antônio, primo de São Pedro da Cabeçuda e afilhado de N. Senhora Auxiliadora, da Roseta. Arautos de todas as vocações. Dizem que seu maior sonho é comandar um culto no Bailão da Bete. Se dependesse do beato Cruz, o Cleber, seu técnico de som, iria trabalhar com roupa de coroinha...

 

SEM PERDER A CABEÇA

Ganhei um exemplar do livro “Varal Antológico”. Na página 173, João de Souza Junior – o Dão -, escreve sobre o “Mane Pintado” folclórica personagem da sua Roseta, e comandante de bloco humorístico “Pirão D'água”. Homem de muitos amigos, certa ocasião, diz Souza Junior, convidou a todos para um churrasco em sua residência. Espetinhos, no capricho. Quando todos já estavam de pança cheia, Mane Pintado surgiu com algumas coisas numa bandeja. Sobremesa nauseante, que botou a turma pra correr e, com vontade de botar carga n'água.

A caça à raposa fazia a festa da nobreza da Inglaterra. Caçar marreca do banhado e perdiz, nos campos, era esporte comum na Laguna. Quase todo garoto andava com uma funda (estilingue) no bolso, pronto a acertar uma pelotada nos indefesos passarinhos. Aqui, na terrinha, sob o domínio do Rei Momo foi criado um “esporte” cruel para suprir as necessidades do rei da folia: couro para os tamborins. Couro de gato, fornecido pelos bichanos das redondezas. Atualmente, a consciência ecológica impôs a aprovação de leis, que disciplinam a caça, e protegem todos os animais. 

No almoço do Mané Pintado, tudo foi aproveitado, o couro nos tamborins, a carne para os espetinhos, e a cabeça dos falecidos, dando susto nos glutões. Pelo jeito, a expressão “churrasquinho de gato,” teve origem no rango oferecido pelo Mané Pintado, já falecido.

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