11jul15 - Comunidade (por Munir Soares)

10/07/2015 10:10
A PONTE, A TOCHA E A TAXA
A maravilhosa Ponte Anita Garibaldi deve mesmo ser inaugurada na próxima semana. A Tocha Olímpica, confirmada passagem por Laguna, no primeiro semestre de 2016. Prefeito Everaldo está eufórico. Entusiasmado com a foto de rosto colado com a Presidente Dilma, nosso Rei, imaginando o aumento de fluxo turístico, já para a próxima temporada, teria enviado à Câmara uma Lei, que cria o Imposto de Turismo, uma espécie de taxa de preservação ambiental, R$ 21,00 por cada veículo de visitantes. A ideia não é má, o momento é que é inoportuno. A cidade, com as obras em andamento, com suas ruas esburacadas, com desvios para todo lado, acessos aos pontos turísticos desleixados, pouco conforto oferece aos turistas. O panorama visto da Ponte, também, não é nada animador. As obras complementares na região da Cabeçuda não foram concluídas, nem mesmo a da Ponte do Bananal, principal acesso ao distrito de Ribeirão Pequeno. Até a passarela virou armadilha para os pedestres. O trevo de entrada precisa receber uma sinalização moderna, caso contrário quem circular pela nova Ponte, vai passar direto. Seria o momento de atochar uma Taxa nos visitantes?
 
 
 
A PONTE E AS LAGOAS
Autoridades voltaram a discutir o problema da pesca e a situação do nosso Complexo Lagunar. Enquanto os técnicos buscam soluções, nós mergulhamos na saudade, relembrando algumas formas de se pescar camarão na Lagoa Santo Antônio dos Anjos. No horário, em que a Rádio Nacional apresentava o programa “Hora da Ave-Maria” eles saiam de casa. Nas costas, as enormes cocas. Na outra mão, o lampião (pomboca). Como se fossem enormes libélulas, os comerciantes Álvaro Sebolt, Ataliba Lopes e o “seo” Barcelos, motorista, caminhavam em direção ao caís. O camarão, como as mariposas, era atraído pela luz das pombocas e caia, passivamente, nas redes. Só crustáceos grados, escolhidos.
Certa ocasião, um desses pescadores não retornou ao lar, na hora de costume. No caís, somente, a pomboca e a coca. Teria caído no mar? Ninguém vira coisa alguma. Iniciam-se as buscas, com tarrafas e espinhéis. Familiares aflitos rezam. Próximo do meio dia ele reaparece, com a cara mais deslavada. Havia passado a noite, num carteado em um clube no Campo de Fora. A esposa, indignada foi categórica:
___ Se eu já tivesse comprado o caixão ninguém impediria o teu sepultamento.
De castigo, ficou muito tempo sem usar a pomboca.
Posteriormente, o homem, criativo e predador inconsequente “inventou” o aviãozinho. Uma rede de espera acoplada a um botijão de gás. Milhares deles. Era como se um pedaço da Via – Láctea tivesse caído sobre a lagoa. Virou atração turística, até que se constatou sua ação predatória e danosa ao meio ambiente. Foram proibidos, porém, outros métodos ilegais são utilizados na pesca do camarão. 
A Ponte Anita Garibaldi vai ser inaugurada entre os dias 13 a 15 de julho. Dia 14 deve ser descartado, data em que se comemora a Queda da Bastilha, e a Dona Dilma não quer nem ouvir falar em “queda”. Sobre os quase três mil metros de extensão, foram colocados 200 postes de iluminação. O nosso camarão, que gosta tanto de luz, passará a morar debaixo da Ponte? A Ponte é uma realidade. A Tocha representa o sonho olímpico e a TAXA, torço para que não seja um tiro no pé. 
 
 
 
VACINA 
Eu e a Salete estamos com gripe. Uma semana de tosse, febre e frio. Desconfio que a vacina que tomamos é “made in China” e comprada no Paraguai, do tipo “mata o velho”...
 
 
 
ESCOLA RISONHA E FRANCA
Assim era o GE Ana Gondin de nossa infância. O prédio foi condenado e um novo projeto foi elaborado. Surgiria uma nova escola. Como o processo de licitação, às vezes, demora, pois empresas que perdem recorrem da decisão, e tudo se reinicia, os alunos continuam amontoados no salão paroquial da Matriz de N.S. dos Navegantes, no Magalhães. 
Na década de 70, o prefeito Mário José Remor tombou o prédio do palacete Polidoro Santiago, ao lado da escola Ana Gondin. O prédio, cuja restauração terminou em 2014, ficou uma obra de arte. Belíssimo. A edificação pertence ao Asilo de Mendicidade Santa Isabel, cuja administração estaria propensa a alugar o imóvel. O Estado não poderia alugar aquela casa e ali instalar, não só a Direção da escola como abrigar parte dos alunos do GE Ana Gondin, com um pouco mais de comodidade? Fica, aí, a sugestão para pais, professores, alunos e autoridades da área da educação. Todos os três locais, palacete, centro paroquial e Ana Gondin, ficam na mesma praça. 
 
 
 
PRAZO DE VALIDADE
Faz mais de dois meses que fizeram um concurso e escolheram as rainhas da “Semana Cultural”. Até hoje, onze de julho, não se conhece a programação do evento. As rainhas já estão com seus prazos de validade vencidos. Vão ter que devolver o cetro, com direito à indenização.
 
 
 
EM TEMPOS DE TOCHA
Reapresentamos a pedido, a crônica “A Turma do Remo”, medalha de ouro em terra e mar. Em plena década de 30, Laguna possuía dois excelentes Clubes de Regatas: O Almirante Lamego e o Lauro Carneiro. Suas equipes fizeram história participando, inclusive, de competições internacionais. As guarnições dos barcos eram constituídas por jovens atletas da sociedade lagunense da época: Remor, Amboni, Cabral, Queiroz, Pinho, Carneiro, Alcântara, Tasso, Brandl e tantos outros. Feito o preâmbulo passemos aos “fatos” que, possivelmente, não constam dos anais daqueles clubes de regatas.
Para comemorar a vitória na temporada, os rapazes do “Lauro Carneiro” teriam organizado um baile na Sociedade Recreativa Ideal, do bairro de Magalhães. A Turma do Remo acreditava que aquele encontro dançante, iria marcar época. Finalmente, chega a grande noite. Casa cheia. As jovens pareciam excitadas na expectativa de dançar uma “marca” com um daqueles espadaúdos e bronzeados jovens.
O mar agitou-se, quando ela entrou. Soberana, atravessou a pista de dança sem olhar para ninguém, como quem sabe que estava agradando. No semblante das outras moças, um sinal de desdém invejoso. Era a Jandira, a “galega do Abílio”, como era conhecida. Paixão de todo adolescente do bairro. Boazuda esnobava a piazada, preferia “homens feitos”, diziam.
A Turma do Remo logo percebeu que a Jandira era mais um troféu a ser conquistado. Uma dança com a Jandira passou a ser disputada pelos atletas do “Lauro Carneiro” e do “Almirante Lamego”, a noite toda. Logo após os primeiros passos, e alguns minutos de silêncio, o rapaz apresentava-se:
___ Sou da Turma do Remo...
___ Percebi, disse a moça, já senti o remo...
E assim, noite adentro, a galega do Abílio disputou todos os páreos. Todos foram unânimes em dizer que, em matéria de manejar remo, sem fugir da raia, ela merecia o ouro olímpico, de popa a proa.
Lá pelas quatro horas da madruga, Dodô animou-se. Queria bailar com a Jandira. Dodô, aposentado, fora “patrão” da guarnição “oito com,” e bicampeão pelo Lauro Carneiro. O patrão é, sempre, um tipo mignon, de pouco peso. Maneja o timão, sendo responsável pelo ritmo das remadas e pela estratégia nas regatas.
Com aval da turma, Dodô aboletou-se entre os braços da Jandira e tentou manter o ritmo da equipe. A moça, ao sentir a falta do remo, tentou manobrar o timão. Estratégia inútil. Ao perceber o esforço do Dodô para não decepcionar, preocupada, Jandira devolveu Dodô a sua equipe, dizendo:
___ Leve-o antes que ele saia daqui num “SKIFF”...
 

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