16jun12 - Comunidade (por Munir Soares)

15/06/2012 22:05

 

ACONTECE QUE ELE É BAIANO
A festa do padroeiro Santo Antônio dos Anjos da Laguna chegou ao seu final. A presença de público nas trezenas foi considerada excelente. Espetáculo de fé e devoção ao santo padroeiro. O prestígio do “Tonico” continua em alta. Durante as trezenas foram distribuídas mais de Quatro Mil lembrancinhas da festa.
A polêmica ficou por conta do “parquinho”. Adultos reclamaram, mais as crianças adoraram. Este ano além da profusão de barracas vendendo cocadas, churros, cachorro quente, caipiras, crepes, além da tradicional “maçã do amor” foi instalado um parque de diversões na área da festa, de ambos os lados da Matriz (carrossel, trenzinho, carrinho de choque e o radical barco viking).
Quando, na noite de sábado, a trasladação contornou a rótula e o Santo, no seu belíssimo andor, emoldurado por luzes e rosas, ficou entre a lagoa que tem o seu nome e a igreja Matriz teria ficado surpreso com a invasão de sua passarela, exatamente na noite da apoteose. “Tonico” não perdeu o rebolado, manteve o sorriso e caminhou soberano, afinal de contas, nosso santo é baiano, da terra de Ivete e Caetano, onde o sincretismo religioso, uma fusão de concepções religiosas diferentes não dispensa a participação dos ritmos afros nem as barracas de venda de acarajé e outras guloseimas típicas.
À sua passagem, o barco viking aquietou-se. A galera de bordo reverenciou o traslado de tão ilustre figura.
No entanto, é bom que se diga que além do “parquinho” toda aquela parafernália culinária montada defronte a Matriz prejudica o visual e impede que os fotógrafos eternizem aquele momento histórico do Santo Padroeiro, majestoso, diante de seu templo tricentenário iluminado pelas luzes dos fogos de artifício. São apenas detalhes que não chegam a tirar o brilho da festa.
 
PREOCUPAÇÃO
Um amigo nosso, mostrou-se preocupado, pois pelo andar da carruagem são capazes de colocar barracas até no interior das igrejas.
 
POLÍTICA
Durante os festejos em honra ao padroeiro os políticos estiveram em todas, cada qual tentando marcar presença. Afinal de contas, no máximo até o dia 30 deste mês todas os partidos já terão realizadas sua convenções partidárias para escolha dos candidatos à prefeitura e à Câmara Municipal. Como estive doente não me interei das novidades eleitorais embora o radialista Batista Cruz tenha informado que já sabe quem serão os vices na chapa de Everaldo dos Santos (PMDB) e de Tanara Cidade (PT)
 
FOFOCAS
___ Verdade que a lei da ficha limpa, como a espada de Damocles,  estaria pendente sobre a cabeça do candidato Everaldo? 
___ Que o PMDB local, preocupado, já teria preparado o Plano “B”?
___ E o Plano “B” passaria por uma coligação com o PT?
___ Nesse caso, o PSD do governador iria para escanteio?
___ O governador Raimundo Colombo esteve em Laguna na última quinta-feira. Na agenda a assinatura da Ordem de Serviço para implantação da segunda etapa da rede de esgoto em nossa cidade.
 
PAPINHO INFORMAL
Semana passada, num restaurante da cidade, num papinho informal que durou mais de três horas, trocaram idéias Wilsinho Vieira, Sandro Cunha, Nazil Bento Junior (todos do PSDB) e o Dr. Oscar Tasso Pinho, membro do diretório do PMDB local.
 
ENTRE PARENTES
Começa a briga por um espaço na Câmara. O jovem empresário Preto Crippa e seu tio Jéferson Crippa são candidatos a vereador.
Felipe Remor e Serginho Mattar também estão de olho na Câmara. Serginho é tio da esposa do Felipe.
 
O SORRISO DO PEPINHA
Finalmente, Pepinha, o mais famoso “tipo popular” da terrinha, ganhou uma dentadura, doação do odontólogo Dr. Márcio Rodrigues. Seus dias de banguela acabaram.
 
UM JEGUE COM IDÉIAS DE JERICO
Numa homenagem ao “Rio + 20” reeditamos uma crônica que fala do homem e de sua relação com a natureza.
Aquele animal, recém chegado ao sul do país, virou a atração da fazenda. Viera do nordeste e durante algum tempo, sob as bênçãos do Padim Ciço, cavalgara pelas caatingas nordestinas. Tratava-se de um jegue bonito, bem tratado, símbolo da resistência numa região sofrida, castigada pela seca. Aqui no sul, com a natureza bem mais pródiga o querido jumento das terras alencarinas estava “lavando a égua”, num harém de mulas e outras fêmeas bem criadas.
Transformado em “ônibus” de turismo rural recebeu a missão de carregar as crianças, em longos passeios pelo campo mais já começava a fazer “corpo mole”. Fingia cansaço, deitava-se e dormia diante do riacho que corria murmurante.Milagre da adaptação ao novo ambiente. Não mais se lembrava da asa branca nem das agruras do sertão.
Seu patrão há muito que deseja cruzá-lo com umas das belas éguas do seu plantel. O jegue esnobava, não estava a fim de ser pai de mulos. Tinha outras idéias, outros amores. Era chegadinho numa novilha de ancas arredondadas. Fitava-a de longe mas, na primeira oportunidade voava pra cima dela saltando sobre a cerca de arame farpado,com a técnica de um atleta olímpico, pois não podia correr o risco de deixar alegria ficar presa, no arame. Nada o impedia de alimentar aquele amor impossível.
Por ser um animal manso, perfeitamente adaptado ao novo habitat, o nosso jegue foi convidado a desfilar no carnaval da Laguna. Iria desfilar pelas ruas enfeitadas, como dizia Fernando Guedes “ricamente ajaezado”. O jegue virara alegoria de Escola de Samba.
Do outro lado da cidade, alheio a tudo que falamos acima, um homem trabalhava, dando os últimos retoques em sua fantasia. Era o nosso amigo Gonçalo Barbosa (Beijoca), falecido recentemente que, para satisfazer aos netos, naquele ano desfilaria debaixo do boi. Dedicara-se com tanto carinho à confecção do bicho que nem notara que sua criação estava mais parecida com vaca do que de touro. Com suas ancas arredondas e seu andar de “novilha de Ipanema”, despertava desejos ao mais aposentado dos pangarés. 
Para chegar ao palanque da Comissão Julgadora Gonçalo precisou passar pelo meio de uma outra escola de samba.
___ E tinha que ser logo aquela!!!
___ Foi visto pelo jegue, o terror das novilhas. O amor explodiu em desejos e o nosso asno, nada burro, partiu pra cima do Gonçalo, com idéias de jerico.
Com a masculinidade ameaçada, o boi, já avacalhado invadiu a avenida, perseguido pelo jerico visivelmente mal intencionado. O público, desconhecendo o drama que se armava, julgando tudo fazer parte da apresentação, aplaudia, delirantemente.
Gonçalo, por mais que tentasse não conseguia desfazer-se da pele do boi e o tarado cada vez mais perto. Enfiou-se, finalmente por uma garagem que encontrou aberta, despojou-se da incômoda fantasia e enfrentou o jerico, “de homem pra homem”. 
Foi um carnaval em que o burro virou tigre e um boi quase virou vaca.
Na natureza nada se perde tudo se transforma...

—————

Voltar