17set11 - Comunidade (por Munir Soares)

LOJA DE AVIAMENTOS

Da Laguna dos anos 50, raríssimos são os comerciantes, que ainda continuam em atividade. O libanês Miguel Chede tinha seu estabelecimento comercial, em prédio próprio, na esquina da Raulino Horn com Tenente Bessa, atualmente, sapataria Calça Pé. Sua loja de aviamento mantinha sempre, um grande e variado estoque de produtos, muito procurados por sua fiel clientela. Miguel Chede tinha fama de ser “mão de vaca” e não dava colher de chá nem aos filhos mais velhos, José e Luis, que o ajudavam no balcão da loja.

Na rua do trilho, onde residia o seo Miguel, juntava-se uma “bagunça” que não deixava a vizinhança em paz. Estavam sempre aprontando algumas. Destaque para os irmãos Chede, Edésio, Edson “bambu de salão”, Bimba de Jesus, Ronaldo Calazans e outros. Edésio Joaquim, com aquela cara de bom moço, era especialista em articular os mais diversos tipos de molecagens. Nos campinhos de peladas, enquanto a turma corria atrás da bola, Edésio, na ponta direita, de cócoras, permanecia absorto, comendo broto de capim. Por causa dessa excentricidade gastronômica deram-lhe o apelido de “Grilo”.  Naquela época, o sonho de consumo da garotada, era o cinema, mais precisamente, a matinê de domingo. Dois episódios semanais do seriado precedidos por um bom faroeste. Durango Kid fazia a cabeça de todos nós. Conseguir dinheiro para compra do ingresso exigia criatividade. Visitar a vovó, vender garrafas, gibis e etc.

Tudo começou com a estréia do seriado “Os Tambores do Fu Manchu”. Sucesso nacional, em 15 episódios. Como conseguir dinheiro para tantos domingos? Os irmãos Chede estavam desolados.  O amigo Edésio conhecia bem a loja de Aviamentos do seo Miguel, parecia um bazar de Beirute, botões, colchetes, fitas de cetim, agulhas, renda, zíper, viés, soutache, tesouras, franjas. Milhares de miudezas acondicionadas em uma centena de gavetinhas. Em cima de um armário, que cobria a parede, de fora a fora, dezenas de caixas de retrós de Linha Corrente.

___ Linha Corrente tem bom preço no mercado. Artigo de primeira qualidade, fácil de vender, lembrou Edésio, botando minhoca na cabeça dos irmãos Chede.

Luis e o Zé passaram a custear o cineminha com os retrós surrupiados, discretamente, pelos fundos das embalagens. Edésio encarregava-se da colocação do produto na praça, mediante comissão: cineminha grátis.

Havia linha para muitos seriados: Perígos de Nyoca, Império Submarino, Legião do Zorro, Flash Gordon no Planeta Mongo, A deusa de Joba, Adaga de Salomão, etc.

Certa tarde de segunda-feira, quando o cliente chegou dizendo que desejava comprar todo o estoque de Linha Corrente, os irmãos Chede sentiram o mundo desabar sobre eles.

___ Anda, o que estão esperando, desçam as caixas!                                                                  Algumas estavam completamente vazias. Zé e Luis nem precisaram confessar, a culpa e o medo estavam estampadas nos rostos.

Dizem que a tunda foi homérica e ironicamente, tudo aconteceu na semana em que o Cine Central anunciava um novo seriado: “A mão que aperta”.

SANTO ANTÔNIO PEQUENINHO

(Outra história do Carlos Queiroz)

Descendente de tradicional família do bairro Magalhães. Carlos Queiroz, com seus 87 anos é testemunha viva da própria história do bairro. Na oficina da Cobrazil, Administração do Porto Carvoeiro, futebol (dizem que era bom goleiro), nos bailes na Sociedade Recreativa 3 de Maio e no carnaval, sempre teve participação ativa. Espírito irrequieto e irreverente. Sem papas na língua.

Mergulhemos no túnel do tempo. Ele e a esposa Natalia haviam sido convidados para festa de aniversário de uma sobrinha, em Joinvile. Na barbearia do seo João Laguna, Queiroz mandou caprichar no visual: barba, cabelo e bigode. Glostora e gumex à vontade. Bonita a festa. O salão do clube decorado com muito bom gosto. No palco alguns “artistas” davam seu showzinho particular. Crianças cantavam e dançavam. Amigas lembravam passagens da vida da aniversariante. Marmanjos contavam piadas sem graça e recitavam quadrinhas insossas. Carlos Queiroz foi ficando irrequieto. Mesmo a contragosto da esposa, Queiroz subiu ao palco, e declamou sua poesia: 

Santo Antônio pequeninho,

Feito de um nó de pinho,

Me dê força no cacete

Como o porco tem no focinho.

Após um breve silêncio vieram os aplausos. A quadrinha passou a ser repetida, como uma jaculatória.

Coisas do sobrenatural

INCRÍVEL, FANTÁSTICO, EXTRAORDINÁRIO, era um programa apresentado pelo Almirante, em l947, pela super rádio Tupy.

Esta semana, a Câmara Municipal de Laguna produziu uma história digna de fazer parte daquele famoso programa. Os senhores edis teriam aprovado, por unanimidade, a realização de uma sessão solene, no Laguna Tourist Hotel, em homenagem aos 180 anos da fundação da Imprensa, em Santa Catarina, feito do lagunense Jerônimo Coelho. Por pouco a sessão solene não foi cancelada, POR FALTA DE QUORUM, o que seria incrível, fantástico e extraordinário. É que, dos dez vereadores, somente 4 (quatro) compareceram ao evento. Por que Cleosmar Fernandes (PR), Dudu Carneiro (PP), Jussalva Mattos (PSB), Eraldo Cardoso (PMDB) Tono Laureano (PMDB) e Deyvinson de Souza (PMDB) tomaram chá de sumiço? Deram bolo nos convidados, ou no Presidente da Casa Legislativa?

LOTE 25 - BR 101

O prefeito Brunel, de Capivari de Baixo, com sarcasmo e ironia já fez o seu protesto contra o descaso das empreiteiras e do Governo Federal. Em Laguna, continuamos como cão vira lata, latindo por trás do muro.

NOTÍCIAS DA TERRINHA

Protesto

Nas ruas, estudantes protestam contra a administração do prefeito Célio Antônio.

___ Prefeito confirma verba para obras na praia do Mar-Grosso; garante grana alta para a total remodelação do Mercado Público e para recapeamento da Calistrato Muller Salles (entrada da cidade) desde o Posto Policial até a Rodoviária.

As notícias são boas.

___ Cadê as câmeras de segurança?

___ E os banquinhos do calçadão vão retornar? A nova iluminação ficou boa.

NAS CONCHINHAS NÃO VAI NADA?

Continua a enrolação na SC- 100 (SEM NADA). Estrada Barra/Farol/Camacho nem começou. Corre o boato de que foi encontrado na região da Barra, entre os restos mortais de um sambaqui, a conchinha de um berbigão, que teria vivido por aqui, há mais de 3.000 anos. Tal achado teria despertado interesse dos órgãos ambientais e antropológicos. Verdade, ou desculpa, da empreiteira para justificar o atraso da obra?

Caso 2

Uma prova atlética, também poderá contribuir para o atraso da tal obra. Uma ONG ecológica teria organizado uma maratona de cágados. Cento e vinte (120) velocistas inscritos. Trajeto: da Ponta da Barra até a Carniça (Campos Verdes). Ida e volta, cruzando a SC 100, em vários trechos.

Tempo de prova?

___ Três meses, aproximadamente.

Para evitar estresse dos atléticos quelônios desaconselha-se presença de máquinas pesadas na pista. Devagar se vai ao longe...

POLÍTICA

NOVA REALIDADE

Laguna encolheu. Perdeu mais de 10 mil habitantes e quase um terço de seu território. Já teria sido remetida ao TRE a relação dos eleitores do município de Pescaria Brava. Tal medida provocaria mudanças imediatas, no panorama político lagunense.

1) Vereadores, eleitores de Pescaria Brava, como é o caso de Deyvinson de Sousa e Aderbal Moreira Cardoso deveriam perder o mandato e convocados os suplentes.

2) Membros dos diretórios, atualmente eleitores da Pescaria, teriam que ser substituídos.  No caso do PMDB, o presidente do Diretório, Antônio dos Santos, irmão do vereador Everaldo teria optado por Laguna ou Pescaria Brava? 

DOMICÍLIO ELEITORAL

Políticos que desejam candidatar-se por Pescaria Brava terão que comprovar domicílio eleitoral até o dia 7 do próximo mês de outubro. Olho no calendário eleitoral.

A NOVA REALIDADE – 2

A classe empresarial de Laguna tem um novo perfil, é jovem e empreendedora, tanto no ramo de confecções, construção civil, indústria pesqueira, hoteleira, comércio entre os profissionais liberais, etc. Essas lideranças não poderiam se reunir para escolher e indicar o tipo de prefeito que desejam, para administrar a cidade onde vivem e trabalham? Suas escolhas seriam encaminhadas aos diretórios dos partidos políticos, a quem caberá a última palavra.

SINUCA

Dizem que a presidente Dilma, vai ter que aprender a jogar sinuca. Toda semana ela encaçapa um ministro. Quem será a próxima “bola da vez”?

CAPENGA

Em Santa Catarina a Comissão de Investigação dos Inválidos da Assembléia Legislativa deverá ser aposentada por invalidez. Já começou, capengando...