22fev14 - Comunidade (por Munir Soares)

21/02/2014 09:30
BANDEIRINHA
Mais um capítulo das peripécias de Evaldo (NEM) Chede, um libanês nascido em Vila Nova. Era uma oportunidade real de emprego como “apontador”, numa empresa responsável por obras da duplicação da BR 101. “Nem” Chede, após inteirar-se das atribuições de um “Apontador” resolveu candidatar-se à vaga. Tinha chance, afinal de contas, o mano José, seu “pistolão”, era unha e carne com um dos encarregados da empresa.
___ Pode marcar a entrevista.
___ Chegou cedinho ao escritório da firma com todos os documentos na carteira. 
___ Tudo bem, disse a secretária, falta somente um atestado de bons antecedentes. Ficha limpa. Pura burocracia. Volte amanhã, o emprego é seu.
Dia seguinte. 
___ Reunião da Diretoria. Retorne amanhã. 
___ Após mais de quatro dias de enrolação, finalmente, foi recebido pelo chefe. Carrancudo, ele consultou uma agenda mais encardida que o caderno de fiados do Miguel Chede, seu pai.
___ Infelizmente, a vaga de “Apontador” já foi preenchida...
Chede ficou mais vermelho que camarão no bafo. Ergueu-se, de punhos cerrados. 
___ Cinco dias me fazendo de palhaço...
___ Calma, calma, não se irrite, ainda tenho uma vaga de bandeirinha.
___ Que diabo é isto de “bandeirinha”?
___ É aquele peão, que fica à beira da BR, de roupa preta e capacete amarelo, baixando e levantando a bandeirinha para controlar o tráfego de veículos. Turno de oito horas.
___ E, o almoço? 
___ No local. Seguras a marmita (quentinha) com uma das mãos enquanto, com a outra, continuas bandeirando.
___ Comer igual a um animal, de pé e metendo a boca na comida?
___ E, quando a “necessidade” apertar?
___ Você coloca o boneco de madeira em seu lugar, e corre pra “casinha”, com visão panorâmica. De lá, por meio de uma corda, o senhor movimenta a bandeira que está na mão do boneco. Em caso de diarreia, o empregado recebe menos no final do mês.
___ Eu trabalho “dobrado” e ainda ganho menos?
___ Perfeitamente, pois ai, temos que pagar hora extra ao boneco.
“Nem” Chede levantou-se. 
Enrolou a bandeirinha, dizendo: 
___ Sabe aonde que eu vou enfiar este pau??? O chefe, por precaução, encostou o traseiro na parede, e fugiu da sala. E, assim, terminou a entrevista de emprego do “Nem” Chede.
Já em casa, lembrou-se de que era noite de futebol no campo do "Reus". Uma pelada sempre alivia a tensão. O jogo estava em andamento.
___ Chede, enquanto não entras no time, não queres atuar de “BANDEIRINHA”?
 
 
 
NA SANTA TERRINHA
Laguna veste abadá e desfila atrás do trio elétrico. O carnaval de praia começou em 1994. Nestes 20 anos sua evolução foi espantosa. Os foliões, maioria jovens, abraçou a ideia da “baianização” da folia. Até o tradicional Rei Momo já usa Abadá. Uns doze blocos já participam do circuito de praia. O bloco da Pracinha é “sui generis”. Como um polvo que perdeu o controle de seus tentáculos. A cabeça fica sobre o trio elétrico, mas os braços compostos por centenas de bloquinhos independentes, alegres e criativos mantêm viva a essência dos velhos carnavais. Até quando resistirá à chamada onda de “profissionalização” do carnaval? 
Comenta-se, que este ano a “Pracinha” já teria recebido apoio financeiro da SKOL. No futuro, continuará sendo “Original”? O patrocinador é quem determina: 
___ Descendentes de alemães só poderão tomar “Kaiser” da “Bavária”. Uma loura gelada, considerada “Bohemia” e “Devassa”, somente poderá tomar “Brahma”, na “Antártica”, num clima “Sub-zero” e com fantasia de urso "Polar". No mais ziriguidum, telecoteco e “Schin”-dô, lelê, “Schin-dô” lalá...
 
 
 
NA FOSSA
Prefeito teria dito (jornal A Verdade) que estaria em negociação com Governo Estado, tentando liberação de R$500 mil para melhorias no carnaval.            
___ Parte da grana, que deveria ter sido repassada às Escolas de Samba, beneficiaria o Bloco “Mictórios Unidos”. Banheiros químicos para todos da orla da praia. Deixaram os foliões das “Escolas”, na fossa e, agora, estariam puxando a descarga.
___ ATENÇÃO! Bloco da Pracinha informa: serão permitidos bloquinhos em veículos, desde que sob SKOLta...
 
 
 
NEM FREUD EXPLICA... 
Na polêmica sobre o carnaval lagunense, todos são culpados, até prova em contrário. Prefeito, governador do estado, fundação lagunense de cultura, liga das escolas de samba, ninguém é santo nesta história. Do Além, Paulinho Baeta, Remi Firmino, Barbosa, Zavério, Primitivo, Eli Caetano, Bentinho já psicografaram o aviso:
___ Vamos pegar no pé desta turma.
Havia dúvidas e discussões na cidade. Vai ou não vai haver desfile das Escolas de Samba? À cata de notícias, radialista Batista Cruz buscou a fonte, gabinete do prefeito. Tomou um chá de cadeira de mais de 3 horas, e não conseguiu a entrevista. Logo ele, que tanto acredita no governo de Everaldo. É mais otimista que a “Velhinha de Taubaté”. 
___ Da próxima vez tome providências, leve café com bolachinhas, sem açúcar...           
 
 
 
 
Na semana em que era dada como certa a suspensão do desfile no sambódromo, prefeito Everaldo dos Santos, de camisa quadriculada e colar de havaiana, se deixava fotografar entre o rei Momo, rainha e princesas do carnaval de FLORIANÓPOLIS. Parecia eufórico. Enquanto se pensava que sua excelência estivesse, ainda, tentando recursos para Laguna, ele já estava sassaricando no “Skol folia” em Floripa. Ingenuidade ou escárnio?
 
 
 
PENSAMENTO DA SEMANA
Governar não é um jogo, como o Poker, em que se ganha “blefando”... 
 
 
 
BOTOS
Professor José Areão já escrevia para a coleção Antologia do Folclore Brasileiro, um artigo sobre nossos botos. Em 1984 editamos um folheto sobre nossos botos, ilustrações do artista plástico Arthur Cook. Uma TV japonesa fez o primeiro trabalho internacional sobre eles. Prefeito Cadorin publica livro sobre nossos cetáceos, e reacende o interesse sobre o tema. Nossos botos ganham fama mundial. Revista “Náutica sul” publica sequência de fotos de Ronaldo Amboni. Onze páginas coloridas. Pesquisadores UFSC, Bianca Romeu, Fábio Daura Jorge e Paulo Simões, teriam desvendado o dialeto utilizados pelos botos da Laguna durante o cerco às tainhas. Eles se entendem por meio de assobios. Linguajar próprio para a ocasião.
Advogado Ronaldo Pinho Carneiro, experiente tarrafeador da praia do Mar-Grosso, teria sido o primeiro pescador a decodificar o dialeto dos botos. Segredo revelado aos pescadores “Tido” e “Binga”, daí a intimidade que eles tinham com os botos.
 
 
 
EMBAIXADOR
Edésio Joaquim, em trânsito para Brasília, ainda no aeroporto, deixou-se fotografar ao lado da atriz da Globo, Maria Fernanda Cândido. Comenta-se, que Edésio viaja com a missão de denunciar ao Ministério da Cultura o descaso com que o prefeito Everaldo está tratando o pessoal do Centro Histórico da Laguna, cobrando IPTU até do Museu. Desestímulo à cultura e à preservação. Maria Fernanda pediu o seu autógrafo.
 
 
 
PARADA TÉCNICA
Júlio Silva, presidente das Escolas de Samba estava sendo entrevistado pelo radialista Batista Cruz, dando sua versão sobre cancelamento do desfile. Não isentou de culpa o prefeito nem o secretário de turismo. Prefeito Everaldo, por telefone, entra no programa, ignora o entrevistado e fala por mais de 15 minutos sobre seus projetos. Foi a chamada “Parada Técnica”!!! 
 

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