25abr15 - Comunidade (por Munir Soares)

24/04/2015 08:34
NEM TUDO SÃO FLORES
Através do blog do Valmir Guedes, a cidade ficou sabendo, que a Praça Vidal Ramos, no centro histórico, faz 100 anos neste mês de abril. A centenária Praça da Matriz sabe dos segredos dos habitantes da terrinha. Alcovitou namoros, lamentou desilusões amorosas. Pelo coração da Praça transitavam pessoas, a caminho das missas ou dos bailes. Palco das grandes paradas cívicas e passarela do samba. Os dois cinemas garantiam a diversão semanal. Atualmente, o jardim anda limpo, mas nem tudo são flores. Além das velhas árvores, mal cuidadas, cobertas de inço, chega até nós, como um murmúrio trazido pelo vento, um triste lamento, com cheiro de morte.
Sim, a “Árvore de Anita” morreu! Pelo menos, já não se percebe nenhum sinal de vida. Troncos e galhos secos, retorcidos, estorricados. Uma touceira de bromélia no alto de um dos galhos é a única coisa verde na histórica árvore. 
No último trimestre de 2014, alguém, não se sabe a mando de quem, de machado e serrote em punho fez uma poda, aparentemente, indiscriminada. Passados mais de seis meses, nenhum brotinho deu sinal de vida. Temos na Laguna, Secretaria de Turismo, Fundação de Cultura e Secretaria (ou Fundação) do Meio Ambiente que nunca deram atenção nem mesmo aos ícones da praça (árvore de Anita, bustos, marcos históricos, chafariz, palmeiras imperiais e outros). Pelo menos, a pedido do Garibaldi, que essas entidades formem uma Junta Médica, examinem a figueirinha, e dêem o diagnóstico definitivo, mesmo que seja o Atestado de Óbito. Rei Everaldo, monarca da Babilônia, não vai querer que conste de seu currículo, a pecha de carrasco da “Árvore de Anita”, nascida na quilha do lendário barco Seival.
 
 
 
SUGESTÃO
Porque o nobre Leonardo, da Fundação Municipal de Cultura não usa o Centenário da Praça, como tema da Semana Cultural, inclusive com alunos participando de uma Gincana Cultural sobre a história da praça, do jardim e de seus monumentos?
 
 
 
CARNAVAL NA PRAÇA - RESGATE HISTÓRICO
Já está em gestação uma Comissão, criada com a finalidade de organizar uma Noite de Carnaval na Praça da Matriz. Independente do desfile das Escolas de Samba e dos Blocos do Mar-Grosso, a intenção é recriar um espaço carnavalesco em que o povo, fantasiado, possa ser protagonista, isto é, participar da festa.
Detalhe: no circuito da festa haveria bandas tocando, exclusivamente, marchinhas carnavalescas.
A idéia foi lançada.
 
 
 
A DUPLA SERTANEJA
(original publicado em 2006)
Milhares de jovens participavam do “Projeto Rondon”, uma missão solidária, prestando serviços comunitários em áreas de educação, saúde, assistência social e levando, também, apoio e carinho à população carente dos sertões deste Brasil. Dois bravos exploradores lagunenses dispostos a seguir os passos do Marechal Cândido Rondon inscreveram-se no “Projeto”. Aceitos, despediram-se dos amigos, e partiram para o interior da selva amazônica, possivelmente, a região do Xingu. Nas malas, além do indispensável “Kit” acampamento (capacete, bornal, cantil, mapas, bússola, e estojo de primeiros socorros), o cartão de vacinação, um radinho de pilha, um toca-fitas e o disco de vinil do Pedro Raimundo, “Saudades de Laguna”.
Após 18 meses embrenhados nas selvas, período de muita picadura (de mosquitos) os nossos heróis do sertão retornaram à terrinha, sendo recebidos com um coquetel no Clube Blondin, oferecido pelos amigos. O ex-vereador Mário Luiz Spillere da Silva - o “BAU”, e o funcionário público Edésio Joaquim ficaram felizes com a recepção. O relato da aventura, minucioso e bem decorado, encantou a todos. A trilha das onças pintadas, a caçada de anta, os rituais das tribos e a troca de experiências com os povos ribeirinhos, etc. Tudo descrito com riqueza de detalhes. Chegou, então, a hora de matar a cobra e mostrar o pau, isto é, iniciar a apresentação das fotos, prova inconteste de que, realmente, estiveram lá. Encerrando de vez, a boataria de que a dupla só conhecia a selva dos filmes de Tarzan. Nem o Diploma de Mérito, conferido aos participantes do “Projeto Rondon,” servia como prova, afinal de contas os dois estavam branquelas demais para quem passou tanto tempo sob o sol dos trópicos.
Nas fotos, Edésio e Bau, com roupa de safári, estilo Jim das Selvas, posavam diante de um Posto da Funai, ao lado de um guia cor de ébano. Mato por todo lado comprovava a presença da dupla sertaneja no Campus Avançado do projeto. Fato que lhes dava status e prestígio com as garotas. Era deitar e rolar...
Curiosidade é o prato preferido dos enxeridos. Um fulaninho, metido à analista fotográfico percebeu o descuido. Uma falha técnica, que jogava por terra a autenticidade da fotografia. Num cantinho da foto, era possível ler-se, com auxílio de uma lupa, a placa que dizia:
___ Clube de Campo a 1 KM.
O tal Campus Avançado nada mais era que o Horto Florestal da Laguna, ao lado da Rua da Aspa (a placa de Posto da Funai era fria) quase ao lado do antigo forno crematório, realmente, área de grande periculosidade. O guia cor de ébano era o conhecido afro-descendente, Vavá, funcionário do Horto. Na realidade, BAU e Edésio haviam ficado fazendo serviços burocráticos na sede do “Projeto”, em Florianópolis. Eram os sertanistas da Lagoa da Conceição e só entravam no mato para tomar caninha com butiá e mastruço num boteco ecológico, habitat natural de pés-de-cana e “gambás”.
Diz o Chede, que eles pretendiam comprovar tempo de serviço, em regiões insalubres para fins de aposentadoria.
 
 
 
FOLCLORE HOSPITALAR
No final da década de 40, o Hospital Senhor dos Passos, que comemora 160 de vida, ainda era administrado pelas freiras da “Divina Providência”. O causo narrado a seguir nos foi contado por um médico daquela época. A enfermaria era espaçosa, com duas fileiras de camas, separadas por um corredor central. Uma freira, de ancestrais germânicos, de pouco riso, com 1,80 m, de altura comandava a enfermaria com mão de ferro e métodos nada ortodoxos. Às sete horas da matina, dentro de seu imaculado guarda-pó branco, ela iniciava os trabalhos de verificação da temperatura dos pacientes, que já a aguardavam com os braços erguidos. Com incrível maestria ela ia enfiando o termômetro nas axilas da turma. Depois, nos fundos da sala, controlava o cronômetro. Fim do tempo. Rapidamente, a freira ia recolhendo os aparelhos, colocando-os no bolso do avental. Pacientes da direita, no bolso da direita. Pessoal da esquerda, no bolso correspondente. Terminado o recolhimento ela levava o termômetro até à altura dos olhos, e próximos do nariz. Verificava o nível do mercúrio, e anotava na ficha dos doentes. Tudo com incrível rapidez. Como a “irmã” identificava o paciente?
Um marinheiro, também internado, e que acompanhava, atentamente, todo aquele estranho procedimento hospitalar, não se conteve e exclamou em voz alta:
___ VAI ENTENDER ASSIM DE SOVACO, LÁ NA CONCHICHINA...
 
 
 
NOTAS SOLTAS
 
PERGUNTAS 
HABEMUS TOMADA?
PORTO: Funcionamento da fábrica serviu para “quebrar o gelo” no relacionamento entre os diretores?
NA PRAÇA: mais um edição do jornal “Babilônia News”, recheado de denúncias, muita criatividade, e total irreverência tendo como alvos preferidos, o Rei Everaldo e os integrantes de sua corte. Não fosse pelo anonimato, eu diria que o espírito do Xaxá andava bafejando em algumas páginas do “Babilônia”.
ESTACIONAMENTO ROTATIVO: Começou a Operação Caça-Níquel. Dizem, que até defunto tem prazo para ficar “estacionado”, no cemitério. Comentam, que até carrinho de mão do Zé da Água, já teria sido multado. Falta de placa e de aparelho celular.
 

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