25out14 - Comunidade (por Munir Soares)

24/10/2014 13:28
O ÚLTIMO ELO
Em meados da década de 50, apenas, quatro médicos atendiam a população lagunense, no Hospital Senhor Bom Jesus dos Passos, e em consultórios particulares. Eram eles, Paulo Carneiro, Aurélio Pinho Rótolo clínica geral e cirurgias, Ângelo Novi clínica geral, e Pedro Miranda, o pediatra. Bater chapa, só no consultório do Dr. Aurélio, único a ter um aparelho de “Raio-X”.
Por mais de 40 anos o doutor Aurélio Rótolo prestou serviços profissionais ao nosso Hospital. Diariamente, a pé, passos largos, cabeça baixa, ele cruzava todo o jardim da praça Vidal Ramos, e subia o morro em direção ao nosso nosocômio. Profissional competente, homem austero, disciplinador e muito respeitado por seus colegas. Sua fama de durão encobria um coração de ouro. No tempo em que a tuberculose ainda era um flagelo, doutor Aurélio comparecia, regularmente, à sede da “Caixa de socorro aos tuberculosos”. Sentado em sua cadeira giratória com assento de palhinha, atendia aos doentes, gratuitamente. 
Suas horas de lazer eram ocupadas com leituras e cinema. Apaixonado pela sétima arte, cinéfilo de carteirinha. No Cine Mussi entrava logo após o início da sessão. Em caso de emergência hospitalar, o porteiro “Máquina 7”, sempre sabia como localizá-lo, no escurinho do cinema. Dizem que curtia um faroeste, de Buck Jones ao Ringo Giuliano Gemma.
Por um bom tempo, diariamente, os amigos se encontravam, à sombra da figueira, num banco da praça da Matriz, ao lado da “Árvore de Anita”. Milton Pinho Gomes, Francisco Carlos Cabral Nunes, Peri Grunner e Aurélio Pinho Rótolo. Ilustres cidadãos, que marcaram presença na sociedade lagunense, como médicos, empresários e políticos. 
Sob a figueira, um desfile de lembranças. Assim como as folhas caem no outono, nossas vidas também são finitas, sob a implacável ação do tempo, murcham e morrem. Doutor Aurélio era o último remanescente da turma do banco da figueira, o último elo, ligando duas gerações. Faleceu no último dia 15 de outubro, com 95 de idade. Foi sepultado na Laguna terra que tanto amou.
Dona Maria Antônia, esposa, mãe e avó, no jardim da praça da Matriz de Santo Antônio dos Anjos da Laguna, o vento nordeste, soprando por entre a ramagem, haverá de sussurrar, numa homenagem a senhora: “A mesma praça, o mesmo banco/ mas estou triste porque já não tenho você perto de mim...”.
 
 
 
RELEMBRANDO... A RECEITA
Todo mês lá estava ela no consultório do dr. Aurélio Rótolo, sofrendo, horrivelmente, com os problemas causados pela menopausa. O climatério estava deixando a paciente, impaciente. Aquele calorão insuportável precisava acabar. O médico, que já não tinha mais o que receitar, resolveu apelar para uma medicação alternativa. Se não atacava as causas, pelo menos, amenizaria os efeitos. Com a receita na mão a mulher foi encaminhada para a Farmácia Medeiros. Proprietários eram amigos do médico.
___ Este medicamento é mesmo para a senhora?
___ Evidente, por quê? 
___ É muito caro?
___ Não é barato, a senhora pode pagar em prestações na Loja Singer, do “seo” Alberto Crippa.
___ O que foi que o dr. Aurélio receitou para acabar com o meu calorão?
___ Um ventilador de boa qualidade!
 
 
 
PREFEITO BATE
Everaldo dos Santos bateu o martelo. Embargou as obras de saneamento básico executadas pela Confer. Antes tarde do que nunca. Afinal de contas estavam bagunçando a sua casa, nossa Laguna. Efeitos colaterais: 
___ Quem vai dar um jeito naquela buraqueira na Colombo Salles, trecho rótula do centro até a sede da Polícia Ambiental? Pelo estrago feito aos veículos não caberia até uma ação por “perdas e danos”?
 
 
 
VALEU O PITO
Na terça-feira, 21, equipe de Confer iniciava a operação “tapa buraco” em algumas ruas do Centro Histórico. Será alguma jogada, somente, para enganar a torcida?
 
 
 
ESTRADA DO IRÓ
O alargamento de parte de estrada do Iró pode ser o começo daquela que poderá vir a ser uma grande obra, pois da maneira que está, vai represar o fluxo de veículos da avenida Marronzinho. O próximo passo poderia ser a retirada daquela curva formada por pedras, em propriedade do Laguna Tourist Hotel.
 
 
 
HUMOR UTERINO
Médico faturava até 300 mil por mês com abortos clandestinos. Ao ser levado para a Delegacia teria dito:
___ PARTO SEM DOR...
 
 
 
 
QUADRINHOS
Batman acaba de completar 75 anos, o herói adquiriu o direito de “morcegar”. Que ninguém se espante ao encontrar o Batmóvel estacionado na vaga para idoso.
 
 
 
A ÉGUA BALDOSA
Nosso amigo Pedro Bandeira era um cidadão alegre, trabalhador, e muito querido no bairro. Sua égua era um animal muito bem tratado, porém, cheio de manias. Quando não queria puxar carroça, batia pé. Empacava mais que uma mula. Naquele dia, diante da balsa, a égua emburrou. Entrar naquela embarcação? Nem pensar. Não arredava pé, nem com a visão ameaçadora do relho. Talvez, por instinto, Pedro comprou um picolé e o enfiou, delicadamente, na genitália da éguinha. A bichinha gostou da frescurinha. Saltitante trotou feliz para o interior da balsa.
A partir daquele dia a égua ficou baldosa, não podia ver carrinho de picolé que ficava ao lado dele, empacada até receber seu picolé, de preferência, de coco.
 
 
 
SÓ NA LAGUNA
... saudades do carnaval que passou.
O bloco carnavalesco “Saímos sem querer” fez grande sucesso no carnaval de rua da Laguna. Destaque para a perfeição dos carros alegóricos, e a irreverência e alegria dos seus componentes. Naquele ano eles botaram na avenida uma sensacional Galera Pirata. A nau assentada sobre o chassi de um caminhão, teve como artífices, engenheiros Zenon Faísca, Aurélio (cabeça branca) Déo Palma, técnico Haroldo Prates, Walmor Turíbio, Alcides Freta. Flávio e outros obreiros anônimos. Durante o desfile o povão foi à loucura quando os canhões laterais eram acionados, e detonavam sobre o público, bombas de confete. Tudo perfeito.
Naquele carnaval a nau pirata foi recolhida, intacta, pois participaria de um evento no meio do ano: Desfile de abertura da Convenção Estadual do Lions Clube em nossa cidade.
Precedida pela galera “Leão do Caribe,” a família leonina, alegre e descontraída desfilava pela rua Jerônimo Coelho em direção à Matriz Santo Antônio dos Anjos. Jaime Donário, corsário com olho de vidro e cara de mau, artilheiro de bordo, preparava-se para bombardear a “Casa de Anita” quando a galera fez uma curva a bombordo, e o canhão, mirando a porta da Matriz, atingiu o alvo: um enterro que vinha saindo da igreja após a “encomendação do corpo”. O estrondo afugentou os acompanhantes. O caixão, abandonado no chão, ficou inteiramente coberto por confetes. Pedacinhos coloridos de saudade.
Foi à última viagem do navio pirata e as causas do incidente nunca foram esclarecidas.
 
 
 
LAGUNA
Sobre nossa terra assim disse o ex-governador Jorge Lacerda: Laguna é um bastião da nacionalidade plantada pela vontade de Deus e sustentada pelo heroísmo dos homens. “Aqui, a Pátria pode debruçar-se para aprender as lições imperecíveis do heroísmo”.
 

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