26set15 - Comunidade (por Munir Soares)

O FADO E AS GATAS

A turma do Galo Velho está de volta à santa terrinha. Retornaram encantados com a recepção em Portugal. Na Pátria-mãe curtiram o calor do aconchego de um povo, que um dia, cruzou o mar desconhecido e encontrou um Porto Seguro chamado Brasil. Marinho Fernandes, líder do grupo, elogiou o comportamento de todos, principalmente do Bolão (Airton Camilo). Quem imaginava que ele fosse experimentar os ingredientes etílicos de todas as Tascas da periferia, enganou-se. Não só apaixonou-se pelo fado, como levou todo mundo para assistir apresentações dos fadistas na Casa do Fado. Tradicional clube noturno de Lisboa.

Marinho ficou matreiro, o “Bolão” do axé, pagode, sertanejo gaúcho, gamado naquela música lamurienta, triste, apaixonada? 

___ Sim, porque o fado é, assim, nostálgico, fala de saudade, traição, ciúme. Canta os sentimentos, os desgostos de amor, enfim, encontros e desencontros da vida.

Como diria seu amigo Pisco, música de descornado!

 “Bolão” embarcou com um pacote extra de “CD” de fados, incluindo aí, um "LP” com regravações de sucessos da Amália Rodrigues.

___ Seo Marinho, Fado para as Gatas...

___ Estaria ele, aprontando alguma coisa, para a próxima festa de Santo Onofre, programada para o dia 13 de junho de 2.016? Estaria pensando, em transformar o templo numa Casa Portuguesa, e os gajos, cantando fado para suas cachopas?

Para quem não sabe, o santuário de Santo Onofre, padroeiro dos bebuns, é na residência do “Bolão” sendo o Pisco, o sacristão, encarregado de puxar o badalo do santo.

Uma semana depois.

___ Bolão, que tal os fados?

___ Uma beleza seo Marinho, funcionou como eu esperava. As Gatas não resistiram à minha cantada. Fugiram...

___ Como, assim?

___ Durante o cio, as gatas da vizinhança faziam amor em cima do meu telhado. As preliminares duravam horas, miados e gemidos intermináveis. Impossível dormir.

Escondi os alto-falantes sob as telhas, coloquei o “CD” de Fado no toca-fitas e abri o volume no máximo. As gatas não suportaram a cantilena chorosa das fadistas e foram transar noutra freguesia.

Agora, é só colocar o fone de ouvido, e adormecer ao som de:

Coimbra do choupal/ ainda és capital/ do amor em Portugal. Coimbra dos doutores/ pra nós os seus cantores/ a fonte dos amores és tu. Amália Rodrigues.

 

 

 

ACHADOS E PERDIDOS 

No Reino da Babilônia, também, existe um buraco negro, local já apelidado de “triângulo das Bermudas”, onde tudo desaparece, misteriosamente. Primeiro foi o processo de licitação para informatização de setores da Saúde que sumiu. Agora, Sua Majestade determina nova missão para o Sherlock municipal, sair à cata dos Empenhos números 287,879 e 2.149 que, também, tomaram chá de sumiço. Diário Oficial 1831. Nova sindicância instaurada. Rei exige empenho, ou cabeças vão rolar. Muita coisa está sumindo pelo ralo... Secretário Rezende já teria encomendado uma sessão de descarrego com banho de sal grosso em todas as salas.

 

 

 

TACKO EM SINUCA

Comerciante Sebastião Honorato (Tacko) diz que com a crise, o comércio está pela bola sete. Enquanto as obras da Confer, no Centro Histórico, vão encaçapando nossas esperanças, a classe continua numa sinuca de bico. Não podemos errar em bola, temos que assar giz no Tacko, saber usar a tabela, e virar o jogo, antes do Natal.

 

 

 

O BURACO OCULTO

No Magalhães, na esquina da Casa do Pintor, a Confer havia terminado a obra, após longo e tenebroso inverno. Trânsito reaberto. As chuvas chegaram. O caminhão passou e foi tragado pelo buraco oculto.

Quando chegará a vez do cais das docas?

 

 

 

REFORMA ADMINISTRATIVA I

Aconteceu mais uma reunião da Confer, Casan e prefeitura. Após análise do caos reinante na cidade, a solução indicada teria sido a Reforma Administrativa. O monarca Everaldo abdicaria do Trono da Babilônia. A Confer ficaria, oficialmente, no comando da cidade Juliana.

 

 

 

REFORMA ADMINISTRATIVA II

PREFEITO Everaldo pretende cortar gastos, além de aglutinar secretarias pretende diminuir despesas com prédios alugados. Sugestão: Transformar a antiga usina da CBCA e o prédio anexo, no Edifício das Secretarias (Planejamento, Pesca, Desenvolvimento Social, Assistência social, Fundação do Meio Ambiente e outras). Centro Social Urbano também poderá ser melhor utilizado. Durante o período de vacas magras a Secretaria de Obras não poderia usar o Campo do LEC? 

 

 

 

COMO ANDA A POLÍTICA NA TERRINHA

Deputado Amin esteve na Laguna, sendo recepcionado na praia do Mar-Grosso, por significativo número de partidários. Principais lideranças do PP estavam no local, ex-prefeito Joãozinho, vereadores, inclusive, o presidente da Câmara Roberto Alves. A filiação de Aderbal Zapelini Mendes foi precedida de foguetório. Foi saudado como pré-candidato a prefeito da Laguna. Joãozinho e Roberto Alves, também, teriam colocado seus nomes à disposição do partido. Encontro animado.

 

 

 

NO PSD – ENCRUZILHADA

Enquanto o vereador Andrey Pestana (PSD) recebe apoio irrestrito da Executiva do partido num outro local, Cadorin, Ivete, vereador Orlando Rodrigues, todos do PSD e convidados recebem Candemil (PMDB) para um papo informal. Quem seria o candidato do PSD? 

___ Andrey ou Ivete?

 

 

 

A TOCHA

Atletas indicados para carregar a Tocha Olímpica. Associação Galo Velho indicou o Afonso Barreto, o mais longevo jogador, ainda, em atividade. A Turma da Pracinha apresentou o “seo” Estácio (o grego). Penta campeão da São Silvelho. Com eles, a Tocha vai andar devagar, quase parando. A terceira vaga estaria entre o zagueiro “Nem” Chede e Jaime Donário, medalha de ouro na Bocha e cupincha do técnico Edésio.

 

 

 

NOVELA

A praga do piolho da Record derrubou audiência da Globo. Por precaução próximo folhetim da Globo deverá chamar-se NEOCID. 

 

 

 

EM MEIO À CRISE RECONTO UMA HISTORINHA, PARA RELAXAR

 

O BELO ADORMECIDO

Nosso amigo Jair, o mago da tesoura havia desaparecido dos eventos noturnos. Ausência sentida nos bailões, jantares, petiscos e até nas quermesses de Igrejas. O homem estava comendo com parcimônia. Barriguinha, nem pensar. A outrora dupla dinâmica, Léo e Jair, presença em todas as baladas, dissolvera-se, porque o Jair andava “morcegando” demais. Não pensava mais, somente com o estômago. Estava-se deixando levar pelo coração. Era o amor.

Certa manhã, no salão do Jair, a freguesia de sempre: Carlinhos Rollin, Edésio, Batista Abrahão (in memória), Babá, Léo, Calazans. Jair, gripado, trabalhava de máscara para evitar o contágio de seus perdigotos voadores com o freguês. 

___ Isto não é mais gripe, virou pneumonia, falo Batista.

___ Com sintomas de tuberculose, sentenciou Rollin.

___ O amor está debilitando seu sistema imunológico, advertiu Calazans.

Ignorando as comadres fofoqueiras, Jair, com maestria, utilizava seu instrumento de trabalho na besta e espessa cobertura capilar do Jackson Siqueira.

Entre um espirro e outro, soube de um remédio miraculoso, que era tiro e queda contra todo tipo de gripe. Levanta defunto. A tal medicação era vendida pelo “homem da cobra”, um cabra da peste que mascateava a uma quadra dali. Conhecido Edésio. Deixando o freguês com o rosto coberto de espuma, saiu em busca da panaceia. Uma injeção cavalar na bunda arrochou a bochecha. Retornou ao salão, suando frio, mais vermelho que camarão cozido. Levou a mão à cabeça e desmaiou.

___ Choque anafilático, gritou alguém. Abana daqui, abana da lá. E nada.

Bito, da Ótica Werner, utilizando seus conhecimentos de ioga fez imposição das mãos, inutilmente. Nessas alturas chegara a ambulância da Samu. Direto para o hospital. Sirene ligada. Notícias ruins, voam. A namorada do Jair chegou ao salão. Inteirada da situação, telefonou para o hospital.

___ Já o levaram, informou a enfermeira de plantão.

Desesperada a moça ligou para o número fornecido pelo Batista. Era o da funerária.

___ Não, minha senhora, o corpo não chegou, aqui, ainda.

O que teria acontecido?

Ao chegar ao nosocômio, Jair foi colocado numa cadeira de rodas. Após receber a medicação, já no corredor, permaneceu sentado, lúcido, porém, meio sonolento. As moças que passavam, faziam graça.

___ Se estiver com falta de ar, eu topo fazer respiração boca-a-boca. Sentiu-se um galã e sorriu, imaginando a cena.

Nosso paciente, ao sentir o bafo morno de alguém se aproximando preparou-se para o doce contato daqueles lábios quentes. Arriscou um olho para ver o rosto do anjo, no exato momento em que o PEPINHA, preparando-se para o boca-a-boca no amigo abria a bocarra banguela e arregaçava a beiçola. Jair ficou bom, imediatamente, desceu o morro quase correndo, esqueceu até do pianço que estava sentindo. Resumo hospitalar: Não se sabe se o Jair correu, antes, ou depois do primeiro beijo do Pepinha.