28set13 - Vice-prefeito de Tubarão diz que relação com a câmara ainda é tumultuada

27/09/2013 14:04
 
O vice-prefeito Akilson Machado (PT), assume a cadeira do prefeito Olávio Falchetti, no próximo dia 02 de outubro, quando o titular da função pedirá afastamento por 15 dias para uma cirurgia para a retirada de um câncer na próstata. Médico pediátrico, casado, nascido em Porto Alegre e militante do PT, há vários anos, ele tem sido o braço direito de Olávio. Esta semana ele recebeu com exclusividade a reportagem do Jornal A Crítica para falar de alguns assuntos sobre estes quase nove meses de mandato, relação com o poder legislativo e de outros assuntos, entre eles, a Saúde que é motivo de muitas reclamações do povo tubaronense.
 
A Crítica – Passados nove meses de mandato, qual avaliação do governo Olávio /Akilson? 
Akilson – Primeiramente quero agradecer a oportunidade. Nós temos trabalhado desde o início da gestão em parceria com Olávio.  Nossas salas ficam próximas, mas eu paro mais lá do que aqui mesmo, sempre discutindo assuntos importantes e para ficar por dentro do que ocorre e das necessidades do município.
 
A Crítica – Isso então significa que tanto o vice como o prefeito estão em perfeita harmonia?
Akilson – Sem sombra de dúvidas. Esse foi o nosso objetivo desde o princípio, trabalhar sempre juntos para que possamos discutir, debater e trocar ideias. Acredito que desta maneira poderemos sempre chegar a um consenso para o que for melhor para a cidade e os munícipes. 
 
A Crítica – A sua profissão é médico e uma das principais reclamações da população é justamente na área da Saúde. Como o senhor pretende mudar esta realidade?
Akilson – Nós pegamos uma estrutura administrativa bem precária. O gerenciamento muito problemático. E também a questão do quadro pessoal, a carência de profissionais, pouco treinamento gerencial. E a Saúde será sempre um problema, não só aqui em Tubarão, mas em todo o Brasil. A tendência da cidade é crescer, como está crescendo, e com isso aumenta a demanda e junto vem a carência. Fica complicado acompanhar este ritmo.
 
A Crítica – Mas o senhor concorda que a Saúde é uma das áreas mais problemáticas da cidade?
Akilson – Como eu disse, não é só Tubarão, é em todo o Brasil. Em qualquer município que a gente vá, tem problema na Saúde. Passamos um momento muito delicado nesta área. Podemos ver a mídia hoje que o assunto mais comentado é o Programa Mais Médico. Justamente por isso. Por problemas na área da Saúde.
 
A Crítica – Aqui em Tubarão, várias pessoas reclamam de falta de médicos em alguns postos. Qual é o motivo desta falta de profissional?
Akilson – O Programa Estratégia da Saúde da Família do governo federal é baseado num repasse de verbas para os municípios manterem uma equipe com médico, enfermeiro, técnico em enfermagem, agentes comunitários de saúde e dentistas e auxiliar de consultório odontológico. Esta é a equipe que o Ministério da Saúde recomenda e repassa o dinheiro mensalmente. 
 
A Crítica – Quantas equipes existem hoje em Tubarão?
Akilson – Hoje nós temos 29 equipes. Então nós podemos contratar 29 médicos e demais membros da equipe. No entanto, pelo menos uma vez por ano, estes profissionais precisam de férias. E quando tiram férias o município não tem como repor esta ausência. Não temos um programa de contratação de médicos nestes casos. 
 
A Crítica – E como fica a população que precisa de atendimento médico?
Akilson – No período de férias ou qualquer outra eventualidade, o médico de uma unidade atende um dia num local, no outro dia em outro para tentar amenizar a situação. É um sistema de revezamento. Mas vejam bem, isso não é só em Tubarão. É em todo o Brasil. O programa é nacional.
 
A Crítica – Mas quer dizer que o problema não é do município?
Akilson – Não, claro que não. É um problema do programa ESF (Estratégia da Saúde da Família). Eu trabalhei na primeira gestão em Laguna do PT e era o mesmo problema. 
 
A Crítica – Como está o relacionamento do poder executivo com o legislativo?
Akilson – Podemos dizer que hoje está ainda tumultuado. Falta nos aproximarmos mais. 
 
A Crítica – Qual o motivo desse tumulto?
Akilson – É um ou outro vereador que não aceita nossa forma de governar. E nós chegamos com um novo propósito de mudança. Mas creio que a maioria está de acordo. Mas isso sempre vai existir. Sempre vai ter alguém descontente. 
 
A Crítica – Alguns vereadores reclamam principalmente do descaso de alguns secretários na demora por respostas e para agendar reuniões. Isso é verdade?
Akilson – É a própria burocracia do sistema. Mas não é má vontade ou descaso. Muitas coisas não são tão fáceis assim. E nós entendemos os vereadores, pelo fato que eles também são cobrados e precisam de agilidade. Mas nem tudo corre como queremos.  Isso acontece e sempre vai acontecer. Mas nós respeitamos o máximo.
 
A Crítica – Em Tubarão foi criada a Guarda Municipal. No entanto poucas vezes estes guardas são vistos em atividades. O que está acontecendo?
Akilson – Temos alguns problemas internos que estamos buscando solução. Estamos mudando o horário de trabalho dos guardas municipais. A própria guarda tem o seu regimento interno que não é o mesmo da prefeitura, então estamos procurando um consenso para melhorar esta situação e atuação.
 
A Crítica – O que será feito?
Akilson – Nós implantamos um sistema de seis horas diárias de trabalho.
 
A Crítica – Como era antes?
Akilson – Antes o pessoal trabalhava 24 horas e folgava 72 (3 dias). Só que estas 24 horas não contavam com o período da noite. Não temos Guarda Municipal trabalhando no período noturno. Mas vamos ter mudanças em breve.
 
A Crítica – Um dos vereadores chegou a afirmar na imprensa que a prefeitura tem dinheiro em caixa e está demorando a executar algumas obras. Quanto tem em caixa atualmente?
Akilson – Nós temos em caixa hoje algo em torno de R$ 8 milhões, que serão para pagar as contas até o final do ano.
 
A Crítica – Já estamos nos aproximando do fim do ano. Qual será a tendência quanto a estes valores?
Akilson – Nós temos receitas e despesas, sendo que a tendência destes próximos 90 dias é a despesa se manter constante e a receita diminuir.
 
A Crítica – Então isso significa fechar o ano no vermelho?
Akilson – Não. Nosso objetivo é empatar. Esses R$ 8 milhões que temos é a reserva que nós temos para suprir a queda na receita.
 
A Crítica – Está programado a abertura de concurso público?
Akilson – Sim. Existe uma carência de pessoal atualmente e principalmente desvio de função. No último concurso tivemos advogados, engenheiros, professores, entre outros, que fizeram prova de agente de serviços gerais e aí ocupam cargo que podemos dizer não ser justo.
 
A Crítica – Quando vão abrir as inscrições?
Akilson – Temos prazo até abril, conforme a legislação eleitoral do ano que vem, por se tratar de um ano de campanha.
 
A Crítica – Muitas pessoas, algumas até que votaram no PT, começam a criticar a atual administração. De que forma estas críticas vem sendo conduzidas?
Akilson – Eu ouço muitos elogios. Críticas são poucas. Mas isso vai ter sempre. Estamos ferindo interesses. Estamos governando sem dar jeitinho e assim vamos continuar nos quatro anos. 
 
A Crítica – O que a população pode esperar em termos de obras e melhorias?
Akilson – Temos um projeto que a cidade jamais teve. São mais de 30 projetos e obras todas para começarem ainda este ano. Algumas já em andamento. A cidade vai dar um impulso impressionante em vários setores. Estávamos colocando a casa em ordem como se diz na gíria, agora vamos começar a tirar os projetos do papel. 
 
... “Um ou outro vereador não aceita nossa forma de governar”
... “Estamos mudando o horário de trabalho dos guardas municipais”
... “Nós temos em caixa hoje R$ 8 milhões”
... “No último concurso advogados, engenheiros, professores, entre outros, fizeram prova de agente de serviços gerais”
 

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