Carta do leitor: A arte de contar histórias

05/07/2013 19:55
A literatura infantil é concebida como uma arte capaz de motivar e aguçar o imaginário, os sonhos, a fantasia, atuando sobre as ações e emoções do ser humano.
É por isso que na contação de histórias a criança interage com a própria história, despertando emoções como se a vivenciasse, pois estes sentimentos permitem que pela imaginação ela exercite a capacidade de resolução de problemas que encontra no seu dia a dia. Além disso, esta interação estimula a criança a desenhar, a cantar, pensar, a teatralizar, a brincar, a manusear livros, a escrever e a ter vontade de ouvir novamente uma história.
É importante pensar a contação de história como prática pedagógica que contribui com o processo educacional e cultural. Como as histórias não têm fronteiras, elas foram ganhando o mundo. Sejam de qual parte do mundo tenham vindo às histórias são carregadas de sentimentos e emoções que conquistam os ouvintes em todos os cantos do mundo e são narradas de maneira correspondente à cultura local. Dessa forma, os contos vão tomando forma de acordo com o lugar que é contado e o contador que o conta.
Há que se destacar que o contador de histórias reapareceu nas últimas décadas, despertando a atenção de muitas pessoas: crianças, adultos, idosos. Desde os primórdios da humanidade, sentia-se a necessidade de contar e ouvir histórias. As pessoas sentem necessidade de partilhar momentos de sua vida onde o tempo cronológico não tem barreiras.
A contação de histórias não é uma prática nova. É uma atividade humana muito antiga, e está presente na sociedade desde os primórdios dos tempos, sendo utilizada com a principal função de repassar de geração em geração costumes, crença, valores, ou seja, conhecimentos construídos pelos povos inseridos em comunidades de diferentes culturas.
Em tempos passados, o contador de histórias era uma pessoa mais velha, que ao redor de uma fogueira narrava ensinamentos ou causos para pessoas mais novas de sua comunidade. Hoje o contador, conta a narrativa com a magia e a fantasia da contemporaneidade.
Nesse sentido, quando é possível oferecer um momento de contacão de histórias no espaço escolar está se possibilitando um ambiente para a criança e adolescentes contar, recontar e inventar histórias, dando sentidos e significados às experiências vivenciadas em seu cotidiano, propiciando o exercício da linguagem oral, da invenção, como autores e criadores de suas próprias histórias. 
Diante da comprovação de importância da contação de histórias no espaço escolar pergunto-me porque haveria a proibição da participação das contadoras de histórias nas escolas?
Em Tubarão/SC, possibilitar momentos de fantasia e o prazer de ouvir histórias estão com os dias contados. Desde de 2009 há um projeto especifico – Viajando com as Histórias do Baú com Rosalina e Verdolina – onde duas professoras da Rede Municipal de Ensino desenvolvem por meio da Fundação Municipal de Cultura e Esportes de Tubarão. 
Por falta de diálogo e parcerias entre as Fundações de Cultura e Educação, a diretora presidente da Fundação Municipal de Educação de Tubarão determinou que as contadoras de histórias Fábia Barbosa Pedro e Adriana Medeiros não estão autorizadas a realizar as atividades do Projeto nas Escolas municipais de Tubarão. 
O que mais me intriga nesse impasse é a falta de empenho por parte dos órgãos envolvidos da Prefeitura de Tubarão. Impera a soberania de uma pessoa que possui o Cargo de Secretária de Educação e Todos aceitam e não discutem. Será medo? Ou descaso pelo problema? 
Enquanto os cargos comissionados acomodados não decidem o que fazer, vamos nós, tocando o Projeto na garra e dedicando-o aos apoiadores: Escolas da Rede Estadual, Particular, Gered de Tubarão, Sesc, Senai, Senac, Unisul TV, Prefeitura de Capivari de Baixo, de Jaquaruna e eventos promovidos pela casa de Cultura Mário Quintana/RS e tantos outros que acreditam na força de uma história.
      
Desabafo de uma professora da Rede Municipal de Ensino de Tubarão e contadora de histórias.
Fábia Barbosa Pedro

 

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