Presidenta da APAE fala das dificuldades e detalha como está a entidade atualmente

05/07/2013 19:25
A APAE (Associação de Pais e Amigos Excepcionais) de Tubarão, atualmente é comandada pela empresária do ramo cabeleireiro Noilda Domingos Fogaça, 54 anos. Tubaronense, casada com Edson Luiz Fogaça, mãe de três filhos e uma neta, ela não mede esforços para dedicar boa parte do seu tempo para a instituição. Seu mandato vence no fim de 2013, porém, ela deve concorrer novamente ao cargo no fim do ano. Noilda afirma que depois que assumiu a APAE começou a ver o mundo com outros olhos, o que lhe fez despertar ainda mais o espírito voluntarioso que já havia dentro de si mesma. Desde que assumiu a instituição, foi a responsável por uma grande mudança, já que segundo ela mesma, muitas reformas foram feitas e ainda muita coisa precisa ser feito. “Já dediquei uma boa parte da minha vida para a APAE. Mas ainda posso fazer mais. Por isso penso em concorrer novamente ao cargo. Mas esta decisão ainda não tomei. Preciso ouvir minha família para depois saber o certo qual será o meu futuro”, explica. Ela foi ouvida com exclusividade esta semana pela reportagem do jornal A Crítica e não hesitou em responder todas as perguntas.
 
A Crítica: O que levou a senhora a assumir a APAE de Tubarão?
Noilda: Foi um convite que eu recebi. A entidade estava numa fase muito difícil e queriam que o novo presidente ou presidenta fosse uma pessoa neutra, sem ligações políticas e que não viesse usar a imagem para outra finalidade a não ser pela própria entidade para que muita coisa fosse mudada. E como eu não tenho partido e nem pretendo concorrer a cargo político nenhum, acharam que meu nome seria o mais sensato naquele momento. 
 
A Crítica: A senhora tem alguém da família com síndrome de Down?
Noilda: Sim, tenho uma neta de 5 anos. E isso mexeu muito comigo para que eu tomasse esta decisão. 
 
A Crítica: Como é feita a eleição para a APAE?
Noilda: A eleição é feita de forma democrática.
 
A Crítica: Quem pode votar nesta eleição?
Noilda: Quem vota são os pais e os associados.
 
A Crítica: Quantos pais e associados votam atualmente?
Noilda: Pais nós temos em torno de 500 e associados cerca de 300.
 
A Crítica: Quem são estes associados que podem votar?
Noilda: Quem é contribuinte da APAE assina um termo que pode votar e ser votado. 
 
A Crítica: Como está a APAE de uma forma geral?
Noilda: Graças a Deus está excelente. Nós pegamos uma fase bem crítica e complicada mesmo. Foram três anos de muito trabalho para poder recuperar a APAE de Tubarão. 
 
A Crítica: Como estava à entidade antes da senhora assumir?
Noilda: Nossa, não gosto nem de lembrar. A sede estava toda quebrada, telhado estava caindo, chovia dentro da APAE, às vezes dava curto circuito e corríamos risco de incêndio. Nunca havia sido reformada. Passamos um aperto danado, mas hoje podemos dizer que nossa sede é uma das melhores que existe. Ainda precisamos melhorar muita coisa, mas comparado ao que estava, hoje estamos bem melhor. No total, trocamos 58 portas, trocamos todos os armários das salas de aula, numa parceria com a Formus. Toda a parte elétrica foi trocada, 14 banheiros foram reformados, fizemos dispensa, adquirimos freezers novos. Não ficou nada do que era velho naquela sede. Até as mesas, num total de 27 foram trocadas por novas em parceria com alguns moveleiros.
 
A Crítica: Quem era o presidente, antes da senhora assumir e quanto tempo ele ficou?
Noilda: Antes de eu assumir, quem comandava era o Jairo Cascaes. Ele ficou 10 anos na entidade.
 
A Crítica: Que tipo de lição os alunos aprendem na APAE?
Noilda: É a vivência.
 
A Crítica: Alguns dos alunos da APAE já podem ser vistos no mercado de trabalho da cidade. De que forma eles começam esta etapa?
Noilda: Hoje nós temos 32 alunos que já estão trabalhando, ajudam suas famílias nas despesas e convivem de forma normal na sociedade. Eles são alfabetizados e treinados para poder trabalhar. Apesar de todas as dificuldades, eles mostram que podem fazer o papel que qualquer outra pessoa faria.
 
A Crítica: Recentemente um ex-aluno da APAE colou grau em Educação Física pela Unisul. O que isso representa no atual mundo de hoje?
Noilda: Sem dúvida é um orgulho para a nossa entidade. O Manoel Alair provou que ele e muitos outros podem levar uma vida normal. Ele inclusive está fazendo pós-graduação e atualmente é nosso professor na APAE. A Unisul também tem sua parcela. Dá todo suporte e ainda o ajuda a desenvolver projetos para que sejam utilizados na instituição com outros alunos. Temos muito orgulho desse menino que ainda vai nos dar muita alegria. É um exemplo de vida e superação.
 
A Crítica: Como está o apoio dos empresários de Tubarão?
Noilda: É grande. Na época da reforma muitos nos ajudaram. Quem não pode ajudar em material nos dá dinheiro. Muitas pessoas acreditam e sabem que a APAE realmente está ali para ajudar e isso desperta prazer nas pessoas que nos procuram para colaborar. É um gesto realmente muito bonito. 
 
A Crítica: E a prefeitura da cidade ajuda a entidade?
Noilda: Todo ano assinamos um convênio com a prefeitura. A atual administração nos paga em dia. Mas temos duas parcelas de R$ 50 mil cada, que ficaram da gestão anterior e até agora não foram quitadas. Precisamos desse dinheiro, mas ainda não temos prazo para receber. É um dinheiro que faz falta, mas temos que esperar.
 
A Crítica: Mas de qual gestão? Do Manoel Bertoncini ou de Pepê Collaço?
Noilda: Do Bertoncini. Mas como era o Pepê que tinha que pagar, acabaram ficando estas duas parcelas. Não estou criticando ninguém, apenas expondo a realidade.
 
A Crítica: Quanto é a parcela da prefeitura neste ano de 2013?
Noilda: Continuam os mesmos R$ 50 mil por mês.
 
A Crítica: De quem mais a APAE recebe ajuda financeira?
Noilda: Recebemos R$ 50 mil da prefeitura. Do estado - R$ 26 mil. Da Assistência Social da União - R$ 7,5 mil e do nosso trabalho através da clínica que existe dentro da própria APAE conveniada com o SUS tiramos em média algo em torno de R$ 18 a R$ 20 mil.
 
A Crítica: Quantos atendimentos são feitos por mês nesta clínica?
Noilda: Por mês atendemos em torno de mil e quinhentos a mil e oitocentos pacientes.
 
A Crítica: Qual é o gasto mensal da APAE?
Noilda: Temos um gasto que gira em torno de R$ 105 a R$ 120 mil.
 
A Crítica: Quantos funcionários trabalham na entidade?
Noilda: Temos 38 funcionários. Mas os professores é o estado que nos fornece, assim como para outras APAEs do estado. 
 
A Crítica: Quantos veículos a APAE possui?
Noilda: Temos dois ônibus, uma Sprinter e dois automóveis.
 
A Crítica: Quantos alunos são atendidos pela APAE?
Noilda: Temos 272 alunos dos quatro cantos da cidade.
 
A Crítica: Para finalizar. O que significa a APAE na sua concepção?
Noilda: A APAE para mim hoje é um aprendizado. Sempre gostei muito de trabalhar e me dedicar na minha profissão que gira em torno da beleza. E a beleza não que ela seja supérfluo, mas se você olhar lá na APAE, os alunos dependem sempre de alguém. Eles não podem ir e vir como nós somos e isso me comoveu muito e me fez rever alguns conceitos e a entidade me mostrou que existem outras coisas mais importantes. Existe um outro mundo totalmente diferente lá fora que precisamos estar presentes para entender o significado da vida.

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