Entrevista 01/05/10: Esperidião Amin

 

Esperidião Amin Helou Filho, nascido em Florianópolis em 21 de dezembro de 1947 volta à cena política, depois de passar sete anos e quatro meses voltado para suas atividades como professor da UFSC, após perder as eleições para Luiz Henrique da Silveira. Com exclusividade concedeu entrevista ao Jornal A Critica desta semana e abre o verbo.
Amin foi senador da Republica entre 1991 e 1999 e presidente nacional do Partido Progressista. É formado em Administração pela Escola Superior de Administração e Gerência (ESAG) e em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, onde atualmente é professor titular no curso de Administração. É casado com a também política e hoje deputada federal Ângela Amin e tem três filhos. É torcedor assumido, desde criança, do Avaí Futebol Clube. Foi por duas vezes governador do estado de Santa Catarina e também prefeito de Florianópolis por duas ocasiões: entre 1975 e 1978, nomeado pelo governo militar, e depois já por voto direto, entre 1988 e 1990. Em 1989, no segundo turno, Amin e o PDS apoiaram a candidatura à presidência de Fernando Collor, que foi eleito e sofreu impeachment em 1992. Em 1994, concorreu à presidência da República, sendo o sexto candidato mais votado. Em 1998, foi eleito governador de Santa Catarina. Em 2002, tentou a reeleição, mas perdeu para Luiz Henrique da Silveira no segundo turno, mesmo tendo ficado em primeiro lugar no primeiro turno. No ano de 2006 concorreu novamente ao governo de Santa Catarina, perdendo, pela segunda vez consecutiva, o segundo turno para o candidato Luiz Henrique da Silveira. Teve 1.073.053 votos no primeiro turno, e 1.511.916 no segundo (47,29% dos votos válidos). Candidato a prefeito de Florianópolis em 2008, foi o segundo colocado, com 43,32% dos votos, disputando com Dário Berger, que obteve 57,68% dos votos, no segundo turno das eleições. Mesmo o apoio de ex-adversários, como a comunista Ângela Albino, não foi suficiente para evitar a vitória do rival do PMDB. Em 2004, Dário, então no PSDB, venceu Chico Assis, do PP de Amin e o ex-petista Afrânio Boppré, hoje no PSOL. Boppré teve como apoiadora Ângela Albino, do PCdoB.

 

 

A Crítica - Estamos em ano de eleições e muito se fala em Esperidião Amin para composição da chapa majoritária na disputa ao governo. Mas, sua esposa, Ângela Amin, vem despontando nas pesquisas. Como está o clima em casa, com essa disputa?
Amin - O clima é de torcida. Muito tranquilo também. Quero reinterar que fico muito honrado e até orgulhoso, porque depois de sete anos e quatro meses fora de qualquer cargo, vejo o meu nome lembrado em todas as pesquisas de opinião, de maneira muito generosa. Quando colocaram o nome de Esperidião Amin para o Senado, praticamente quase na margem de erro com a do ex governador, que teve sete anos de exposição na mídia. Por isso é uma coisa que conforta o coração, mas não pode turvar o nosso olhar e nosso objetivo. Nosso objetivo é o mesmo do partido, dirigido pelo companheiro Joares Ponticelli, é eleger o governador do estado de Santa Catarina, ou melhor, a governadora, uma vez que nossa sigla já tem o consenso em torno da candidatura da Ângela. Não apenas como marido, mas como companheiro de vida, como homem público e como cidadão vejo na Ângela preparo, capricho, muita competência e uma determinação de mulher, com a profunda inspiração que o Estado precisa para eleger objetivos e com disciplina. Acho que falta isso na administração pública de Santa Catarina. Ter a coragem de selecionar prioridades que sejam determinadas pela sociedade, como está sendo feito pelo nosso partido. Não tenho dúvidas que esse objetivo vale o sacrifício de minha candidatura, que é muito importante. Mas a prioridade é a eleição do governador do estado, num processo de mudança, com confiança, experiência e com a participação da sociedade.

 

 

A Crítica - O seu nome fica à disposição para a candidatura ao Senado ou Câmara federal?
Amin - Fico muito confortável por ver meu nome lembrado para o Senado. Mas ninguém vai ganhar a eleição sozinho. Se nosso partido quiser eleger a Ângela e o Hugo Biehl, complica. Temos que ter essa prioridade. O que podemos oferecer para uma parceria de campanha? Podemos oferecer um projeto político, materializado pela sua participação, especialmente na chapa majoritária, além do programa de compromisso de governo. Não queremos colocar nenhum outro fato consumado, desejado pelo nosso partido a não ser a candidatura de Ângela ao governo. No restante dos postos, como vice e duas vagas ao senado, mais quatro de suplentes estão ai para negociação às claras. E o parceiro que se habilitar vai junto conosco, pensar na melhor solução para a chapa majoritária.

 

 

A Crítica - Após a vitoria de Luiz Henrique da Silveira o senhor retornou para a Universidade como professor. O PP, através de seu presidente estadual, Joares Ponticelli foi contestador na questão das Secretarias de Desenvolvimento Regional. Qual é a sua visão, pois existe um ditado de que quem está por fora vê melhor as coisas?
Amin - Eu não tenho uma opinião radical a respeito. O partido também não é radical, tanto que no questionário que está sendo distribuído para colher opiniões, essa questão é colocada para ouvir o que as pessoas pensam. Mas, vamos por partes. Primeiro, isso é uma brincadeira. Não é verdade que a criação das SDRs é descentralizar. Ela significa regionalizar, coisa que sempre existiu. Tivemos a coordenadoria regional de educação, sempre tivemos a residência do DER e até colegiado de administração pública. Só que não custava dinheiro. Não tinha cargos para distribuir. Acho que quem falou isso foi o PFL, cabide de empregos. Regionalização, em tese, Secretaria da Saúde, de Transportes e Educação, como já tivemos grandes nomes na coordenação como Nevio Capeler, que cumpriu um papel extraordinário, pelos idos do ano 70, reconstruindo o Plano Estadual de Educação. Sempre tivemos órgãos regionais importantes. Mas, nomeados pelo governador, gente de carreira. A descentralização que queremos é de fortalecer os municípios. Reconstruir as regiões metropolitanas, que teve em Joares, um papel importante e o atual governo revogou.

 

 

A Crítica - O senhor extinguiria as SDRs?
Amin - Não. Mas reduziria o número de cargos em comissão. Se teria um colegiado representantes do governo em cada município. Qualquer um poderia ocupar cargos como o diretor de uma escola. Faria uma combinação, mas sempre chamando isso de regionalização.

 

A Crítica - O deputado Joares, como presidente do PP, tem procurando amainar o clima que esta havendo entre os progressistas e tucanos em Tubarão.  Confrontos gerados com o ex-prefeito Stüpp e o não cumprimento de compromissos com a coligação ao por parte do PSDB tem provocado celeuma e pode até resultar em cisão. Como o senhor avalia isso?
Amin - Isso são questões locais e que se tem de respeitar. A verdade é que o atual prefeito de Tubarão merece o nosso respeito e foi eleito em coligação conosco. Não ganhou a eleição sozinho. Isso não quer dizer que tudo vá bem. Nem em casamento vai tudo bem. Imagine numa coligação que é um assunto que envolve interesses partidários. Mas, eu confio que prevaleça o bom senso até porque quem tem sido adversário do PSDB e do PP de Tubarão é o PMDB.

 

 

A Crítica - E o fato do PP ter colaborado com a permanência do deputado Genésio na Cergal? O PP apoiou o PMDB?
Amin - A participação na campanha da cooperativa é uma questão local e isso não significa inimizade pessoal. Eu, por exemplo, tenho uma relação muito cordial com o deputado Genésio, que não votou em mim. E isso não quer dizer que não gosto dele. Gosto muito de adversário político e não de deslealdade. Acho ruim é a traição. Até me criticam porque trato bem, os adversários. O deputado Genésio sempre foi muito cortês. Nessa questão da campanha da cooperativa é normal que existam interesses. Até é bom que não haja partidarização completa.

 

 

A Crítica - Já se ouviu falar que peemedebistas podem apoiar Joares uma vez que Genésio declinou de concorrer à Assembléia. O senhor sabe disso?
Amin - Pelo que parece, ele desistiu de ser candidato a deputado. Escutei numa entrevista que muita gente que votava no Genésio agora se sente livre para votar no Joares. Quem sabe não eras isso que o Joares estava investindo. Não quero pensar mal dos dois. Mas, pode acontecer.

 

 

A Crítica - Falando em coligações... Como o senhor vislumbra essa questão nessas eleições?
Amin - Infelizmente vai continuar havendo promessas não cumpridas. Poucos governadores saíram do governo com tantas promessas não cumpridas quanto ao ex que saiu agora. É só ver o que está acontecendo com o servidor público. O ex-governador prometeu metro de superfície, inaugurou pedra fundamental. Ele enganou a sociedade, largamente. Tenho noticia de partido coligado de que se alguém gravar uma reunião e mostrar lá fora, pode acontecer um escândalo. O problema é que prometeu mundos e fundos e não cumpriu, até o PFL sabe disso, o PMDB próprio fala isso E quando você vê o candidato do PMDB, que é médico dizer que vai descentralizar a Saúde, vê as mentiras que foram contadas nestes sete anos. É um negocio vergonhoso. E o Pavan dizendo que vai consertar a Segurança Pública. O que fizeram ate agora? O senhor Ronaldo Benedet era suplente de deputado, melhorou seus votos como secretário da Segurança. Ele melhorou e a Segurança piorou. Quais são os números de Tubarão e região? Foi um governo de atenção aos cupinchas. Foi um governo de política antiga, velha coisa de cacique, coisa de Tutumonbaca, de manda chuva. Acho que a vida vai melhorar e o partido Progressista quer ver o melhor para Santa Catarina.

 

 

A Crítica - Deixe a sua mensagem aos tubaronenses e moradores da região da Amurel.
Amin - Minha mensagem é de gratidão. Sou muito grato à lealdade e ao carinho. Espero que, durante a campanha, a gente possa procurar a verdade. Ilusão a gente sempre tem; Mas agora, com um pouco mais de experiência, acho que vou contribuir muito. Nossa campanha vai ser de respeito, baseado na verdade e em sonhos que não sejam, promessas que são esquecidas depois. Como fez o ex-governador que saiu pela porta dos fundos.