Entrevista (11/06/2010): Eduardo Moreira - Pré-candidato do PMDB ao governo do estado

Entrevista (11/06/2010): Eduardo Moreira - Pré-candidato do PMDB ao governo do estado

O presidente estadual do PMDB e pré-candidato ao governo do Estado pela sigla concedeu entrevista, com exclusividade, ao Jornal A Crítica e fala sobre a atual conjuntura da política catarinense e também regional. Nasceu em Laguna em 11 de julho de 1949, é  médico especializado em cardiologia e medicina do trabalho e pai de quatro filhos. O ex-governador de Santa Catarina foi deputado federal constituinte (legislatura 1987-1991), sendo reeleito para o mandato 1991-1995. Em 1992 foi eleito prefeito de Criciúma, renunciando em 1993 ao mandato de deputado federal para assumir o cargo. Governou o município de 1993 a 1996.Também exerceu, no governo do estado, as funções de secretário de estado da Casa Civil e presidiu as Centrais Elétricas de Santa Catarina - CELESC. Em 1 de janeiro de 2003, Luiz Henrique da Silveira tomou posse como governador de Santa Catarina, tendo Eduardo Pinho Moreira como vice. Em 9 de abril de 2006, Luiz Henrique renunciou ao cargo para se dedicar exclusivamente à sua campanha à reeleição, o que possibilitou que Pinho Moreira assumisse efetivamente o cargo de governador do estado. Seu mandato como governador terminou em 1 de janeiro de 2007, quando transmitiu o cargo novamente para o governador Luiz Henrique da Silveira, reeleito no último pleito eleitoral.

A Crítica - A pré-convenção do PMDB definiu seu nome como candidato do partido ao governo do Estado. Isso pode ser revertido em caso de aliança com outros partidos, em futura composição?
Eduardo Moreira – A decisão do PMDB é irreversível. Ela busca atender os anseios do partido de forma expressiva. Afinal de contas, foram 97% dos convencionais possíveis que foram escolher, o candidato a governador e não para vice ou senado. Portanto, o PMDB terá candidato a governador. A resposta é uma decisão do partido, consolidado em convenção.

A Crítica - Ainda não existem definições sobre coligações. Como estão as conversações?
Eduardo Moreira – Diria que, talvez nas últimas eleições, o quadro nunca esteve tão confuso e tão complexo porque as candidaturas colocadas, os partidos buscam seus espaços e as candidaturas buscam se consolidar. O PMDB, por ser o maior partido de Santa Catarina, tem uma história importante, por ser o único partido a ter candidato em todos os pleitos depois de termos as eleições diretas. Foram sete eleições e delas ganhou quatro e seis foram de chapa pura. Então, o PMDB tem uma história importante na história catarinense e vai continuar nesse caminho agora. É claro que buscamos coligações. Mas, se não houver possibilidade e termos de ir de chapa pura, o PMDB está pronto e tem nomes também.

A Crítica – Há condições de reeditar a tríplice aliança?
Eduardo Moreira – Não está sepultada não. Existem interesses conflitantes. Espaços políticos em que os candidatos buscam alternativas e apresentam-se como nomes do partido preferencial. É claro que isso, neste momento, cada partido está dizendo que terá candidato. Tudo isso passa por reflexões. Acho que temos uma semana de intensas conversações políticas e as definições estão para os próximos dias. Semana que vem teremos um quadro começando a clarear. Para que lado vai o PMDB em âmbito nacional e as suas conseqüências em Santa Catarina. Afinal de contas teremos convenção neste sábado em, Brasília, que é a nacional e tudo isso vai ser definitivo e decisivo para ver qual caminho que teremos no estado.

A Crítica - No horário político do PMDB o senhor, como médico e presidente estadual do PMDB, destaca que vai intensificar o trabalho na área da Saúde. E como será tratado esse setor?
Eduardo Moreira – Na saúde hoje existem recursos. Afinal, o Estado é obrigado a investir 12% em Saúde, os municípios 12% e o governo federal tem de regulamentar a emenda 29 que vai destinar 10% da receita do PIB federal e que será um grande aporte de recursos. O que acontece é que os municípios estão dando conta dessas ações com Programas de Saúde da Família, as campanhas educativas com relação à hospitais, diabetes e vacinação. Isso está a contento. O que está faltando mesmo é a resolutividade do sistema secundário e terciário como cirurgias, o atendimento hospitalar e alta complexidade e que isso nós vamos intensificar em Santa Catarina. As pessoas do interior não vão mais precisar vir a Florianópolis para ter direito ao atendimento pleno de sua condição. Isso vai ser feito na sua própria região, com investimentos maciços do governo estadual, equipando hospitais e construindo ainda novas unidades hospitalares para dar garantia de atendimento à população.

A Crítica - Quanto à eleição para presidente. Qual a sua posição em relação ao palanque em Santa Catarina. Com Dilma Roussef ou José Serra?
Eduardo Moreira – Acho muito complexo pelas posições do PT em Santa Catarina, onde foi sempre nosso adversário e dos Democratas, que foram sempre nossos aliados. Temos um fator complicador e que gera constrangimento que é o presidente nacional do PMDB, o Michel Temer, ser o vice na chapa de Dilma. Neste sábado vamos participar da Convenção Nacional, ver e sentir. Acho que já estivemos mais longe da Dilma. Acho que muita gente vai acompanhar o presidente.

A Crítica – Mas o ex-governador Luiz Henrique da Silveira é totalmente contra esse apoio, não é?
Eduardo Moreira – Mas o Paulo Afonso é totalmente a favor. Há divisão. No encontro de terça-feira, com os prefeitos em Florianópolis, houve muita manifestação. Tanto a favor como contra. Há uma complexidade neste assunto. Mas, posso dizer que já estivemos mais longe da Dilma. Hoje estamos mais perto.

A Crítica – Temos um problema crucial em Santa Catarina que é a Segurança Pública. Eleito governador, qual será o direcionamento que será dado nessa área?
Eduardo Moreira – Ainda temos o menor índice de criminalidade do País. Isso é bom para nós? Não. Nós precisamos baixar. Nos grandes e médios municípios a preocupação é muito grande. Temos que ter um policiamento ostensivo, equipar a polícia e colocá-la na rua para dar segurança ou dar essa sensação para que as pessoas se sintam seguras vendo os policiais e os bandidos se sintam inseguros vendo os policiais nas ruas. Outro ponto é com a inteligência policial. Temos que investir nesta área, deixando a polícia mais ágil para a solução dos crimes. Temos também a situação dos presídios. Em sete anos dobramos o número de vagas nos presídios, mas triplicamos o número de presos. De seis mil passamos para 14 mil presos em Santa Catarina. Isso gera problemas. Mas temos que passar para o monitoramento para os tornozeleiras eletrônicas para fazer com que o preso comum, aquele que não paga pensão alimentícia, que teve acidente de trânsito, que não leve o mal contumaz à sociedade, pode ficar com restrição à liberdade, mas que possa ficar num local confinado, mas contando com essas tornozeleiras, como acontece em outros países. A situação mais importante é a garantia que teremos menor criminalidade no futuro é que se possa investir na juventude, na criança e no adolescente. A Educação através do trabalho. Que saiu da ociosidade, que leva ao consumo de drogas. Mais de 90% dos crimes estão relacionados com o uso de drogas. Tem de ter casas de atendimento à dependentes químicos. Isso é um investimento que traz grande tranqüilidade para as famílias e para a área de segurança.

A Crítica - A região Sul do Estado, mais especificamente a Amurel, tem reclamado da falta de atenção dos governantes. O senhor como filho de Laguna e casado com uma tubaronense e ex-prefeito de Criciúma, embora tenha de governar para o estado inteiro, vai olhar com outros olhos para a região?
Eduardo Moreira – Porque eu vou? Porque eu conheço. Onde passo minhas férias? Em Laguna. Onde eu passo as datas mais importantes de minha família? Em Tubarão, como o Natal, aniversário, dia das mães. Minha relação fraternal é com Laguna e Tubarão. Em Criciúma é onde eu tenho minha relação profissional e com muitos amigos. Mas, nesses três municípios está a minha vida. É lá que eu vivo, nasci e onde moro. Estou momentaneamente em Florianópolis em virtude dos mandatos que exerci e dos cargos que ocupo como presidente estadual do PMDB e pré candidato ao governo. Mas meu vínculo pessoal é com o Sul de Santa Catarina. Por isso minha atenção será especial.

A Crítica - O governador Pavan disse que o estado não tem “caixa” para pavimentar a SC 100, que liga a Passagem da Barra em Laguna com o Camacho com ramal para o Farol de Santa Marta. Eleito o senhor vai se dedicar a esse projeto, que foi promessa de Luiz Henrique?
Eduardo Moreira – Eu não vou nem perguntar. Eu vou fazer a Interpraias inteira de Laguna a Passo de Torres. Não há nenhuma dúvida quanto a isso. Não é promessa de campanha. É uma decisão tomada. Sei da importância e de que temos de desafogar a BR 101. Promover o desenvolvimento dessa região litorânea de Santa Catarina. Isso eu vou fazer.

A Crítica - Os seus adversários não pouparam criticas ao senhor pela ausência de obras de impacto, especialmente em Tubarão, no curto mandato que o senhor cumpriu, com o afastamento de LHS. Caso eleito, o senhor vai reparar isso?
Eduardo Moreira – Foram apenas nove meses e a culpa não foi só do governo do Estado. Havia uma decisão tomada de fazer a Arena Multiuso e não fiz por problemas de terreno. Não se pode jogar isso contra. Todos sabem que a construção do presídio de Tubarão, que hoje está em curso, levou anos por causa de confusão do terreno também. Da briga onde vai ser e a sociedade tubaronense não queria aceitar. Acho que a parceria é necessária. Teremos muita boa vontade para com Tubarão. Vi em uma reunião com a associação empresarial e com vários segmentos que haverá excelente boa vontade. Espero que os representantes políticos não apenas critiquem o governo. Mas que façam reivindicações para beneficiar a sociedade. A crítica não constrói. O que tem de se buscar são soluções. A unidade, onde os representantes de todos os partidos busquem soluções e alternativas.

A Crítica – Falando em Arena Multiuso. Isso já está virando novela mexicana em Tubarão. Com Eduardo Moreira sabendo do problema, será possível o fim desta novela?
Eduardo Moreira – Se tivermos o terreno o problema, certamente, estará resolvido. Se estiver legalizado, a obra vai acontecer, assim como inúmeras outras.

A Crítica - Laguna e Tubarão são duas cidades onde o PMDB está bem dividido. O que o senhor pretende fazer para encaminhar um entendimento que permita ao partido buscar um novo rumo, já pensando nas eleições municipais em 2012?
Eduardo Moreira - O partido é forte nos dois municípios. Laguna e Tubarão são duas representações importantíssimas na Câmara de vereadores mostrando que o voto de legenda para vereador foi muito importante. Tivemos foi muitos equívocos em candidaturas para a prefeito, como o deputado Genésio, que não era aquele momento. Em Laguna, tivemos uma composição equivocada. Havia sentimento de mudança, tanto que o prefeito eleito não obteve 50% dos votos. Em Tubarão tivemos problemas de disputas internas, inclusive desnecessárias. Mas tenho visto que nos dois municípios o sentimento de unidade no partido, A força eles mostraram nas urnas, especialmente para os vereadores.

A Crítica - Com Genésio Goulart fora do páreo, como o PMDB se organiza, visando não perder espaço na Alesc?
Eduardo Moreira – Aí Tubarão tem de resolver e escolher o seu representante. O Alexandre Moraes é um nome jovem e se apresenta como alternativa. Foi uma decisão local. Se certa ou errada o tempo é que vai dizer.

A Crítica - Deixe sua mensagem para os leitores do jornal A Critica e para a população da Amurel.
Eduardo Moreira – A região Sul do estado tem a oportunidade histórica de eleger o governador de Santa Catarina. Alguém que nasceu, foi criado e que vive ali. Nunca tivemos um governador eleito que fosse da região. Tivemos o Colombo Salles que foi indicado na época do governo militar. Mas nunca um que fosse através da legitimidade de eleição. Mas nenhum que pudesse buscar o equilíbrio do poder econômico e de investimento. É claro que eleger alguém que seja da região pode ser o primeiro passo para resgatar a pujança dessa região de Santa Catarina que teve sua história da Sopelca, do Lavador de Capivari, da Estrada de Ferro Tereza Cristina, onde temos o carvão e a cerâmica como pólo de desenvolvimento. Temos de buscar alternativas e essa vai ser uma das bandeiras que tenho para a região.