Entrevista - 28/05/10 - Professor Ailton Nazareno Soares – Reitor da Unisul

Entrevista - 28/05/10 - Professor Ailton Nazareno Soares – Reitor da Unisul

Possui graduação em Geografia; Estudos Sociais e Ciências Econômicas pela Unisul; pós-graduação em Gestão e Liderança Universitária pelo IGLU - Instituto de Gestão e Liderança Universitária – Região Brasil e doutorado em História - Universidad de Léon (2001).
Foi diretor Centro Intercolegial Integrado de Tubarão (CICIT), Secretário de Administração do governo de Tubarão;
Atuou como Coordenador do curso de Ciências Econômicas, Secretário Geral de Ensino, Diretor Administrativo, Assessor de Planejamento, Pró-Reitor Acadêmico, Pró-Reitor de Administração, Diretor do Campus da Grande Florianópolis e atualmente é Reitor, da Universidade do Sul de Santa Catarina, passando a presidir o Conselho Superior da Cátedra Unisul – Participação e Solidariedade.

A Crítica – O senhor manifesta sempre que a UNISUL não é apenas uma instituição de ensino. Ela é uma universidade eficiente nas três áreas que formam o tripé da sua existência: ensino, pesquisa e extensão. Como é conduzir uma instituição deste nível?
REITOR AILTON – A Unisul é eficiente pelo seu espírito de inovação permanente. Não foi sem motivo que ela alcançou índices expressivos de crescimento com qualidade. O século 21, mergulhado em uma profunda e contínua revolução do conhecimento, não admite mais instituições de ensino apenas pela sua história, mas pelo que ela contribui ao desenvolvimento da sociedade, em nível de formação de profissionais competentes e de participação no processo que busca, sobretudo, a felicidade do homem. A Unisul chega aos 45 anos na vanguarda da modernidade. Ela quebra o formalismo de um academicismo secular para tornar o processo de aprendizagem e de formação profissional dinâmico, sem limites, sem fim, o que se denomina de educação permanente. Um cidadão pode optar por fazer três, quatro, seis disciplinas e obter um diploma, de acordo com as ofertas das grades curriculares. Com isso, foge-se do engessamento incompatível com a dinâmica da sociedade e, principalmente, do mercado profissional. Imagine, por exemplo, um jornalista que vê ótimas perspectivas de trabalhar como assessor de empresas de base tecnológica. Com certeza, ele terá de se capacitar. Poderá, então, cursar disciplinas para compreender a indústria tecnológica e, ao mesmo tempo, capacitar-se em jornalismo empresarial. Certa vez, um pai português procurou a Unisul para conhecer a estrutura, a fim de saber se era uma universidade para a sua filha. Depois de conhecer o centro de desportos e o curso de comunicação, disse que iria sugerir à sua filha cursar jornalismo esportivo. Não tínhamos na época, mas precisamos nos preparar para tudo isso.

A Crítica – Os cursos da Unisul, nas mais distintas áreas do conhecimento, vivem em processo contínuo de atualização, para não correr o risco de defasagem diante das mudanças provocadas pelos avanços constantes da tecnologia da informação. A inquietação de coordenadores e professores, estimulados também pela ansiedade dos alunos, contribui, de forma incisiva, para o crescimento da nossa Universidade. Essa parceria é imprescindível?
REITO AILTON - Sem dúvida, são os gestores dos cursos os principais agentes de mudanças. Não é apenas uma parceria, mas um comprometimento com o crescimento qualitativo da universidade. E nessa roda-viva não se contabilizam apenas a inquietação dos coordenadores e a ansiedade dos alunos, mas as transformações do mundo, os novos paradigmas, o potencial de pessoas que buscam uma ou mais formações. Todos esses componentes é que enriquecem o dia-a-dia de reflexão e planejamento da Unisul.
 
A Crítica – A pesquisa é a mais importante base da qualidade de ensino. O conhecimento aplicado permite que a Unisul invista cada vez mais na investigação científica, que tem ajudado a sociedade a abreviar soluções de problemas em diversas áreas, principalmente na saúde, meio ambiente e tecnologia. A Unisul investe muito do seu orçamento em bolsas de pesquisa, tanto para professores e alunos, na busca de enriquecer o processo de ensino-aprendizagem?
REITOR AILTON _ A pesquisa é o principal pilar de sustentação da qualidade de uma instituição universitária. A pesquisa acadêmica, por exemplo, é a nutrição permanente do ensino. O conhecimento não é mais emitido nas escolas modernas, mas pesquisado, discutido, disseminado. Foi-se o tempo de o aluno ir para a escola de caderno, voltar para a casa com as anotações e decorá-las nos limites do ensinamento do professor. Hoje, o docente é um orientador e o aluno precisa pesquisar. É desta forma que o aluno vai, ao longo da sua vida, enriquecendo-se com novos conhecimentos e subindo degraus em sua vida profissional. A pesquisa acadêmica é uma perfeita e contínua conexão da universidade com o mundo lá fora, buscando informações e desenvolvendo conhecimento. Já a pesquisa aplicada é a forma eficiente e coerente de uma universidade estar na vanguarda das mudanças. Ela aplica na sociedade, em forma de projetos, o seu conhecimento, em todas as áreas do seu domínio. Aqui no Sul do Estado, a Unisul desenvolve vários projetos, principalmente nas áreas de tecnologia voltada à geração de novas empresas; de farmacologia, medicina, especificamente no campo da neurociência; arqueologia, engenharias e outras. E a Unisul tem esse perfil histórico, atuando em várias frentes, principalmente, as que buscam soluções para os problemas regionais.
 
A Crítica – Substituir os ex-reitores Silvestre Herdt e Gerson Joner da Silveira está sendo um desafio para o senhor?
REITOR AILTON – Não há dúvida. Os ex-reitores, além de Silvestre e Gerson, também os professores Osvaldo Della Giustina e José Müller, foram grandes dirigentes desta universidade e saberemos seguir os bons e duradouros exemplos.
 
A Crítica – Na extensão, podemos afirmar que a Unisul está entre as poucas instituições de ensino superior que cumpre o seu papel social, investindo 20% do seu orçamento para atender gratuitamente a população.  Como é feito isso?
REITOR AILTON - Os recursos que a Unisul investe na extensão têm um retorno social expressivos. Podemos dizer, com orgulho, que cerca de 30% da população de Tubarão, por exemplo, se utilizam de nossos serviços, principalmente na área da saúde. A extensão, como a própria palavra indica, é o reflexo da competência de uma universidade; ela estende para a sociedade todo um manancial de conhecimento e de técnicas, além de aprender com os resultados. Não temos dúvida de que a Unisul está entre as mais expressivas instituições universitárias do Brasil pelo que faz para a sociedade em nível de programas de extensão.
 
A Crítica – A Unisul desenvolve programas culturais e já conta com uma orquestra de câmara, formada por alunos, professores e servidores. Teatro, cinema, produções literárias, são atividades levadas pela Universidade às comunidades. Uma emissora de televisão, a UnisulTV, ganha dimensão com seis horas de programação local por dia, voltada para as comunidades, enquanto uma rádio FM em breve será implantada. É um verdadeiro entrosamento com a comunidade?
REITOR AILTON – Não deixa de ser o resultado do seu crescimento com qualidade e da sua vocação comunitária. E veja um detalhe, não estamos nos envolvendo com a comunidade apenas em áreas em que já dispomos de cursos. Atuamos com grupos de teatro, dança e música também. Tanto no Sul do Estado quanto na Grande Florianópolis, a Unisul já marca a sua presença em projetos e programas culturais. A Editora, por exemplo, lançou em 2009 livros de autores consagrados de Santa Catarina, enquanto a TV Unisul é, sem dúvida, um case de sucesso, interagindo sete horas de programação local por dia. Este é um dos nossos diferenciais marcantes: a integração e sinergia com a comunidade, até porque a Unisul foi criada por ela, através de lei municipal.

A Crítica – A Unisul é parceira com Poderes Públicos e segmentos organizados pela sociedade civil onde atua e no Sul luta pela prosperidade da região. Como é a participação da instituição?
REITOR AILTON - A prosperidade da região sul é da natureza instituída da Unisul. A partir da implantação do ensino superior, a escolha dos cursos fundamenta a formação de massa crítica capaz de atuar no desenvolvimento da região.
Ao longo de sua história, vários foram os eventos que contaram com a participação direta da Instituição. Assim foi na proposição do Plano de Governo de Colombo Machado Sales, nos Planos de Governo da Administração Municipal e, mais recentemente, com a Unesc, a Unisul construiu o Projeto Prosperidade Sul Catarinense que busca a união dos agentes de desenvolvimento no planejamento integrado com o intuito de promover o equilíbrio sustentável no desenvolvimento sul catarinense. Sua atuação envolve a massa crítica das duas instituições em sintonia com agentes de Governo e sociedade civil, especialmente da iniciativa privada.

A Crítica – O que a comunidade de uma maneira geral pode esperar da sua gestão?
REITOR AILTON – Sobretudo inovação. Os próximos anos não serão marcados por grandes obras físicas, até porque os grandes investimentos já foram feitos, embora isto não signifique que a Unisul não realizará mais obra. Não. Estaremos inaugurando em maio o Centro de Convivência, que abrigará a estrutura de gestão, desocupando, assim, prédio sede, que será restaurado para abrigar projetos culturais, museus, etc. Estamos implementando reformas estruturais e acadêmicas, a partir do novo conceito de educação permanente. Desta forma, a Unisul dinamiza-se com seu espírito de inovação para vencer, sem dificuldades, os desafios das mudanças, como foi explicado anteriormente.

A Crítica – Nos últimos dias tem chegado informações contraditórias sobre o Fundo de Pensão da Universidade. O que o senhor pode nos dizer?
REITOR AILTON - A Universidade possui dois Planos de Previdência Complementar. Um Plano de Benefício Definido – “BD” denominado UNISUL PREV, que passa por adequação no Plano de Saldamento (amplamente esclarecido entre os participantes, ativos e assistidos, e na seqüência, atendimentos individuais, cujo objetivo é posicionar a situação de cada participante e orientar a melhor forma de se enquadrar ao processo. Portanto, amplamente discutido e encaminhado) e um Plano de Contribuição Variável – CV – denominado UniPrev.