Entrevista da Semana (19/06/10): Novo Bispo Dom Wilson Tadeu Jönck

Entrevista da Semana (19/06/10): Novo Bispo Dom Wilson Tadeu Jönck

 

Entrevista da Semana: Novo Bispo Dom Wilson Tadeu Jönck visita Tubarão e concede entrevista exclusiva ao Jornal A Crítica


 

 

O novo bispo da diocese de Tubarão, recentemente nomeado pelo Papa Bento XVI, visitou de surpresa Tubarão nesta semana e concedeu entrevista exclusiva ao Jornal A Crítica, falando de seus planos e metas, a partir de sua posse em 18 de julho próximo. Nascido na cidade catarinense de Vidal ramos em 10 de julho de 1951, Wilson Tadeu Jönck, SCJ nomeado para bispo da Diocese de Tubarão. Em 26 de maio de 2010. Fez seus estudos secundários no Seminário Menor São José em Rio Negrinho nos anos de 1963 e 1964 e depois na cidade de Corupá. Cursou Filosofia e Teologia nos conventos Sagrado Coração de Jesus, respectivamente, em Brusque e Taubaté. Foi ordenado sacerdote em 17 de dezembro de 1977 pela Congregação do Sagrado Coração de Jesus. Em Roma, na Pontifícia Universidade Gregoriana, fez os estudos psicologia. Eleito bispo pelo Papa João Paulo II em 11 de junho de 2003, com a sede titular de Gemellae in Byzacena e auxiliar do Rio de Janeiro recebendo a ordenação episcopal no dia 16 de agosto de 2003, das mãos de Dom Eusébio Oscar Scheid, sendo concelebrante Dom Orlando Brandes e Dom Tito Buss. Durante o seu episcopado na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro exerceu as funções de Animador do Vicariato Episcopal Suburbano, dos Institutos de Vida Religiosa e Sociedades de Vida Apostólica, das Missões, da Pastoral Vocacional do Seminário São José e do Seminário Rainha dos Apóstolos. Também era responsável pela Pastoral Presbiteral, das Novas Comunidades, da Associação de Psicólogos Católicos e Coordenador da Pastoral Vocacional no Regional Leste 1 da CNBB. Dom Wilson participou da missa do Seminário Nossa Senhora de Fátima na segunda-feira (14)

A Crítica – Dom Wilson, como o senhor se sente ao assumir como Bispo da diocese de Tubarão?
Dom Wilson– A vida de Bispo é àquela que você não se prepara. De repente acontece na sua vida e tem que se acostumar. Diria que, como Bispo auxiliar nesses quase sete anos que vivi no Rio de Janeiro, que esse foi um grande aprendizado. O Rio de Janeiro é uma diocese grande e cheia de desafios e exatamente pelos desafios que nos ensina bastante. Vejo dessa forma essa minha passagem pelo Rio de Janeiro e venho para Tubarão com muita alegria, com muita disposição e com muita confiança. Tenho a certeza de aqui há uma Igreja que está caminhando, organizada e pretendo conhecê-la o mais rápido possível para embarcar neste trem que já está andando.
A Crítica – Durante a celebração o senhor se referiu ao nosso seminário com certo carinho. O senhor poderia nos resumir essa sua manifestação?
Dom Wilson – No seminário é de fato sempre traz uma preocupação constante na vida do Bispo e porque é uma obra central na vida da diocese. Preparar os novos padres e temos a certeza de que estão surgindo novos e isso é um sinal promissor. O Bispo deve dar o melhor que puder e se empenhar em promover as vocações e também os padres a desenvolver o seu ministério da melhor forma possível. O Bispo não fará melhor do que promover e preparar melhor os seus sacerdotes.
A Crítica – Quais são as metas que o senhor pretende já implementar nesta Diocese a partir do dia 18 de Julho?
Dom Wilson – Não tenho nenhuma meta tão clara, até porque não conheço suficientemente a realidade local. O primeiro passo, de fato, é conhecer a diocese de Tubarão, a sua caminhada e as comunidades. Tenho algumas coisas que sempre serão alvos de preocupação. O documento de Aparecida do Norte coloca alguns acentos e desses colocaria três aspectos que me parecem importantes e que olhei na programação das prioridades já contempladas aqui. A primeira preocupação é a família. Preparar a família é outra dessas obras que nunca faremos o suficiente. Tem que ter famílias boas, fortes, unidas e santas. A segunda é a juventude. O jovem merece sempre uma atenção. Se ele conhecer e amar a Jesus terá uma vida promissora pela frente. Poder fazer isso para o jovem penso que será sempre importante e achar os meios para fazer será um desafio. E outro aspecto que o documento coloca é sobre a iniciação cristã. Por muito tempo na Igreja se achava que bastava os pais serem cristão e educavam os filhos e estaria tudo pronto. Hoje notamos que é necessário que cada um faça uma verdadeira experiência da pessoa de Cristo e que assuma pessoalmente os valores do evangelho. E que cada um se empenhe de uma forma muito séria no sentido de seguir e adotar mesmo o cristianismo como centro de sua vida. Adotar o evangelho como luz da sua vida.
A Crítica – O seu antecessor, Dom Jacinto Bergmann, deixou uma marca que foi a beatificação de Albertina. O que o senhor sabe de tudo o que transcorreu e o que pretende incrementar?
Dom Wilson – Sobre Albertina gostaria de revelar que conheço desde criança. Minha mãe falava muito de Albertina, através de matérias que vinham publicadas no jornal O Apóstolo, que minha mãe assinava. E também tive a felicidade porque na minha terra, Vidal Ramos, moram duas irmãs da Albertina. Então, conheci-a desde a infância e a admirava. Fiquei numa alegria muito grande quando ela foi beatificada e agora, o próximo passo, é canonizá-la. Vamos nos empenhar, vamos arranjar logo esse milagre, sei que existem vários, mas que possamos colocar um, onde possamos provar e comprovar todos os passos que são necessários para que seja canonizada.
A Crítica – Segundo o padre Nilo Buss o senhor chegou de surpresa à cidade, vindo de ônibus. Como foi essa visita surpresa?
Dom Wilson – Não foi tão surpresa assim. Tinha falado que queria vir e aproveitei a oportunidade, já que estava em Jaraguá do Sul e vim para cá. Como tinha um ônibus de Jaraguá para Tubarão então resolvi pegá-lo. E não foi num caminho mais fácil. Ele entrou numa série de cidades e imaginei que não iria passar. Foi um verdadeiro pinga-pinga. Saí meia- tarde de Jaraguá do Sul para chegar quase meia-noite em Tubarão.
A Crítica – Temos na diocese de Tubarão 28 paróquias, abrangendo 18 municípios, com dois seminários diocesanos e outros religiosos. Como o senhor pretende trabalhar e qual a sua idéia sobre toda essa geografia?
Dom Wilson – Pelo que eu conheço da diocese de Tubarão ela está muito bem estruturada fisicamente. Temos um enorme seminário que já serve para duas finalidades. Tem o de Tubarão e ainda tem o pessoal que está no Cedisc, em Brusque. Isso é uma riqueza muito grande. Vemos as igrejas bem construídas, sempre com Centro de Pastoral do lado. Isso a maioria das comunidades, sobretudo a matriz e as capelas já possuem toda essa estrutura. Essa é a parte necessária. Mas a Igreja não é essa. A Igreja é o povo. São as pessoas. E a Igreja Povo de Deus nunca está pronta. Está sempre por construir. E é ali que nós vamos nos fixar. Pregar o evangelho e novamente conhecer Jesus, novamente nos entusiasmar com as coisas que Jesus ensinou, com as coisas da Igreja. Devemos fazer isso sempre. Nunca está pronto. Se tivermos achado que chegamos, certamente estamos voltando para trás.
A Crítica – Como o senhor vê o crescimento das Igrejas Evangélicas. Temos situações próximas a paróquias, praticamente ao lado abriu um templo. Como o senhor define essa questão e qual o conselho que se daria às pessoas das pastorais que, muitas vezes, sentem relativas dificuldades para tratar questões dessa natureza?
Dom Wilson – Esse é um fenômeno da atualidade. Talvez em outros lugares seja mais forte do que aqui na diocese de Tubarão. É um sinal. Não podemos reclamar. Normalmente as pessoas buscam as seitas, buscando alguma coisa mais séria com relação à religiosidade. Devemos ter em mente e estar atento sobre essa questão.
A Crítica – O senhor pretende estimular os padres ou as pastorais para uma atenção especial às crianças?
Dom Wilson – Não sei exatamente o que se faz aqui. Mas gostaria que tivéssemos toda a atenção às crianças, não só no catecismo ou até a primeira eucaristia, sobretudo vê-las na Igreja, comungando regularmente.
A Crítica – Quer dizer que o senhor vai mesmo andar por todas as paróquias?
Dom Wilson – Realmente, enquanto puder pretendo estar. Claro que também os jovens e adultos, já falávamos da família, e em especial os idosos penso que são àqueles que devemos olhar com respeito e admiração. Esses realizaram a obra que nós temos aí. A Igreja e a sociedade que nós temos não fomos nós que fizemos. São essas pessoas aí que não merecem somente o nosso respeito e sim a atenção para que possamos proporcionar a eles a vida mais plena possível e que eles realmente se sintam fazendo parte da comunidade.
A Crítica – Qual o papel que o atual administrador diocesano Padre Nilo Buss terá, junto ao senhor, ou receberá uma missão diferente?
Dom Wilson – Pessoas como o padre Nilo, bem como outros padres, são riquezas que temos na diocese. Claro que vou querer tê-lo muito próximo e que possa desenvolver toda a capacidade que ele possui em prol da diocese. Pretendo de alguma forma, proporcionar essa oportunidade, sem dúvida alguma.
A Crítica – A Igreja Católica tem dois veículos de comunicação importantes, a emissora de rádio Tubá, a mais antiga da região e também, em Orleans, a rádio Luz e Vida. O senhor pretende utilizá-las ao máximo?
Dom Wilson – Sim. Mas além das duas rádios que você mencionou também tem o jornal. Já ouvi falar que tem a TV à disposição. Usar os meios de comunicação em prol do evangelho é a meta. O como fazer, me considero um aprendiz. Mas, convicto, de que devemos usar eles o melhor possível. Quanto a radio Tubá, lembro-me que, quando garoto, entrei com 11 anos no seminário, os meus colegas que eram do Sul do Estado sempre falavam nela e com orgulho. E é com emoção que vejo a rádio Tubá na diocese. Eu não sabia disso. Estive visitando os estúdios, onde dei entrevista e não sabia que, durante todo esse tempo, há quase 50 anos, está prestando esse serviço a todo o Sul do Estado de Santa Catarina. É algo admirável e que um instrumento desses possa ser utilizado para evangelizar mais extraordinário ainda.
A Crítica – Como o jornal A Crítica circula em Orleans, Tubarão, Laguna e praticamente em todas as cidades da região, gostaria que o senhor estendesse uma saudação especial a toda a diocese.
Dom Wilson – O que eu diria a toda a diocese de Tubarão, mesmo fora do município, é que creio que olhando no evangelho, vamos descobrir as coisas que dão sentido para a vida. Se pudesse dar uma mensagem neste momento, é que nós empenhamos o melhor de nós, de nossos dons, para buscarmos o ensinamento do evangelho. Acho que nós seremos melhores e formaremos a sociedade que nós esperamos.